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Reservatórios do Ceará registram novembro com maior volume acumulado desde 2012
Reportagem

Reservatórios do Ceará registram novembro com maior volume acumulado desde 2012

|abastecimento|Ao todo, sete bacias estão com mais água acumulada do que na mesma data do ano passado; Castanhão registra maior índice desde 2013
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Açude Castanhão é responsável por 36% do abastecimento do Estado (Foto: Reprodução/Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos)
Foto: Reprodução/Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos Açude Castanhão é responsável por 36% do abastecimento do Estado

A duas semanas do início da pré-estação de chuvas, os reservatórios hídricos do Ceará estão com o maior volume de água acumulado dos últimos 12 anos. De acordo com dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Estado armazenava 46,65% do volume total na última terça-feira, 12, marca que não era atingida na data desde 2012, quando 50.86% da reserva estavam disponíveis.

Em números absolutos, os níveis de água no Estado alcançaram os 8.608,8 hectômetros cúbicos (hm3), quase 1000 hm3 a mais do que os 7.656 hm3 registrados em 2023. A capacidade máxima do sistema hídrico cearense é de 18.517,2 hm3.

O recorde na quantidade de água presente nos reservatórios é fruto do incremento em diversas regiões do Ceará. Das 12 bacias hidrográficas espalhadas pelo Estado, sete estão com mais volume acumulado este ano do que em novembro de 2023.

"Esse é possivelmente o melhor cenário da última década. Estamos em uma situação muito mais confortável do que a gente teve nesse último período. De fato, os aportes do ano passado aumentaram significativamente o armazenamento do Ceará, possibilitando uma maior garantia no abastecimento para a população", comenta o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco De Assis.

Passados mais de cinco meses da alta estação chuvosa, que ocorre entre os meses de fevereiro e maio, apenas o açude Caldeirões, que comporta pouco mais de 1 hectômetro cúbico (hm3), está sangrando.

A "exclusividade" do reservatório do município de Saboeiro exemplifica o contraste entre os períodos de alta e baixa estação de chuvas no Estado, já que em abril deste ano, durante o ápice da quadra chuvosa, o Ceará teve 72 açudes transbordando simultaneamente.

Dados coletados junto à Cogerh na quinta-feira, 14, indicam que quatro reservatórios estão com volume acima dos 90%, sendo o maior deles o açude Pacajus, em Chorozinho, que possui capacidade máxima de 254 hm3, dos quais 90,59% estão comprometidos. Outros 33 estão abaixo dos 30% da capacidade máxima.

À mesma época do ano passado, nenhum estava transbordando no Ceará. O número de açudes acima de 90% também era menor (3) e 11 reservatórios a mais (44, ao todo) estavam com índices inferiores a 30%.

Dos 33 açudes em nível abaixo do desejado no Ceará este ano, cinco estão nos Sertões de Crateús, bacia com a menor porcentagem de armazenamento em todo o Ceará. Com a 8° maior capacidade de reserva de água do Estado, o local apresenta 15% do aporte, o que tem mobilizado estudiosos e profissionais do ramo para a mitigação dos efeitos da seca.

Entre essas medidas está a elaboração de um plano de seca, feito pelo Governo do Estado em parceria com a UFC, que pré-estabelece medidas a serem adotadas mediante períodos de pouca água disponível. Segundo Assis, o objetivo dessa e de outras ações é antecipar uma resposta aos problemas que já se demonstram iminentes no Estado e acelerar o controle de seus efeitos.

"Esse plano definiu vários níveis dos reservatórios. Quando estiver muito alto é normal, depois entra em alerta em uma certa faixa de volume, depois seca e seca severa. Para cada nível de seca deste foram estabelecidas medidas que devem ser adotadas pelos usuários de água, pelos agentes públicos e os vários setores envolvidos na gestão dos reservatórios", acrescenta o professor.

Destaques do Cenário

Bacia do Salgado aponta mais de 50%

do aporte pelo

3° ano consecutivo

Acaraú chega ao

3° ano seguido

acima de 70%; Coreaú caminha para 6° ano consecutivo no

mesmo índice

Bacia do Curu, a sexta maior do Estado, mais que dobrou o volume armazenado;

Bacia do Banabuiú se manteve acima

dos 35% pelo segundo ano seguido

Os dados foram coletados em 14/11/2024

Quem subiu e quem caiu

Bacia do Acaraú:

aporte de 3,29%

Bacia do Alto Jaguaribe: aporte de 4,15%

Bacia do Baixo Jaguaribe: queda de 0,24%

Bacia do Banabuiú:

aporte de 2,04%

Bacia do Coreaú:

queda de 0,6%

Bacia do Curu:

aporte de 30,58%

Bacia do Litoral:

queda de 0,67%

Bacia Metropolitana: aporte de 4,91%

Bacia do Médio Jaguaribe: aporte de 5,12%

Bacia do Salgado:

queda de 2,24%

Bacia da Serra da Ibiapaba: aporte de 6,29%

Bacia dos Sertões de Crateús: queda de 6,58%

Os dados foram

coletados em

14/11/2024

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