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Tecendo o futuro
Reportagem

Tecendo o futuro

Thamyres de Souza, escritora e uma das vencedoras do primeiro Prêmio Literário Demócrito Rocha
Edição Impressa
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FORTALEZA, CEARÁ,  BRASIL- 12.11.2024: Premio de Literatura, palco Vida e Arte. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL- 12.11.2024: Premio de Literatura, palco Vida e Arte. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO)

Assim como tudo está em constante transformação, com a literatura não seria diferente em 2024. Felizmente hoje podemos contar com uma diversidade de vozes e mensagens que ecoam pelas prateleiras das livrarias e bibliotecas do Brasil. Podemos celebrar os saberes populares, as narrativas dissidentes, a pluralidade de existências, bem como suas lutas e superações.

Com os versos libertários de Adelaide Ivánova em Asma e com as Nostalgias Canibais de Odorico Leal, continuamos tecendo um futuro literário que tem como essência vingar o passado e reescrever o futuro, diariamente.

É reconfortante perceber que Cida e Joana, de Socorro Alcioli, e Bibiana e Belonísia, de Itamar Vieira Junior, podem contar com a perpetuação deste legado de personagens e histórias fortes, feitas por escritores nordestinos, que usam a sabedoria dos mais velhos para criar mundos que são futuristas e ancestrais ao mesmo tempo.

De certo, nem só de belezas se fazem grandes histórias; afinal, os livros que citei até aqui são brutais, feitos de honestidade, da determinação em refletir sobre nossa condição de humanos e todas as tramas que percorrem nossas vidas.

São os traumas compartilhados, os amores não correspondidos, as relações familiares complicadas, os preconceitos, os crimes, as violências, a morte e a vida — acima de tudo, a vida.

São os "olhos d'água" de Conceição Evaristo, que até hoje escorrem, mas que podem contar com o afago de saber que não são os únicos a derramarem.

Então, que em 2025 sigamos nos reinventando na ficção e na realidade, sabendo que só chegamos aqui porque outros trilharam os caminhos deles, que também são os nossos. E, tendo consciência de que podemos mudar o que vem pela frente, sabendo que está em nossas mãos a missão assustadora e bonita de tecer nosso futuro, dia a dia, por nós e por todos os outros.

Que sejamos Júlias, Belonisias, Macabéas, Iracemas e Joanas, tentando transformar nossos destinos e, enquanto isso, percebendo a beleza no caminho.

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