Assim como tudo está em constante transformação, com a literatura não seria diferente em 2024. Felizmente hoje podemos contar com uma diversidade de vozes e mensagens que ecoam pelas prateleiras das livrarias e bibliotecas do Brasil. Podemos celebrar os saberes populares, as narrativas dissidentes, a pluralidade de existências, bem como suas lutas e superações.
Com os versos libertários de Adelaide Ivánova em Asma e com as Nostalgias Canibais de Odorico Leal, continuamos tecendo um futuro literário que tem como essência vingar o passado e reescrever o futuro, diariamente.
É reconfortante perceber que Cida e Joana, de Socorro Alcioli, e Bibiana e Belonísia, de Itamar Vieira Junior, podem contar com a perpetuação deste legado de personagens e histórias fortes, feitas por escritores nordestinos, que usam a sabedoria dos mais velhos para criar mundos que são futuristas e ancestrais ao mesmo tempo.
De certo, nem só de belezas se fazem grandes histórias; afinal, os livros que citei até aqui são brutais, feitos de honestidade, da determinação em refletir sobre nossa condição de humanos e todas as tramas que percorrem nossas vidas.
São os traumas compartilhados, os amores não correspondidos, as relações familiares complicadas, os preconceitos, os crimes, as violências, a morte e a vida — acima de tudo, a vida.
São os "olhos d'água" de Conceição Evaristo, que até hoje escorrem, mas que podem contar com o afago de saber que não são os únicos a derramarem.
Então, que em 2025 sigamos nos reinventando na ficção e na realidade, sabendo que só chegamos aqui porque outros trilharam os caminhos deles, que também são os nossos. E, tendo consciência de que podemos mudar o que vem pela frente, sabendo que está em nossas mãos a missão assustadora e bonita de tecer nosso futuro, dia a dia, por nós e por todos os outros.
Que sejamos Júlias, Belonisias, Macabéas, Iracemas e Joanas, tentando transformar nossos destinos e, enquanto isso, percebendo a beleza no caminho.