Quando o ano começa, costumo dizer que uma nova primavera se renova, e assim aconteceu em 2024. A primavera se renovou, junto com ela o meu jardim e as flores que nele vivem. Diariamente, regava cada uma com muito amor e dedicação, mas, no dia 10 de setembro, uma ceifa arrancou de forma brutal uma das mais lindas rosas do meu jardim. Essa rosa se chamava Mayane, minha irmã.
Tudo que era colorido ficou cinza, e naquele momento tudo parecia irreal e nada fazia sentido. Mas, Deus, com seu poderoso amor regou, individualmente, cada um dos nossos corações, e, aos poucos, foi possível ver as cores voltarem.
Hoje, Mayane já não está mais aqui, no nosso jardim, mas podemos senti-la em cada movimento e palavra por meio da sua filha, Júlia. Nossa mãezinha, Marluce, segue caminhando, com o coração apertado nesse luto de dor, onde temos a dor de uma mãe perder um filho, a dor de uma filha de cinco anos perder a mãe, a dor de uma irmã perder a única irmã e a dor do marido que perdeu sua companheira de vida.
A deusa Themis tem uma venda nos olhos como símbolo de imparcialidade, e espero que a nossa justiça tenha a mesma imparcialidade neste caso de dor que aconteceu na nossa família.
Muitos dizem que minha irmã errou ao entrar em um terreno que não era dela, mas meu coração sangra quando o ser humano decide penalizar de forma brutal uma atitude que poderia ter se resolvido com uma simples conversa.
Ela teve a vida interrompida e levou junto com ela um pedacinho de nós. Deixou uma filha, uma mãe e uma irmã que, nem nos piores pesadelos, imaginavam que ela teria que partir tão cedo — e o mais doloroso, da forma como foi.
Todo esse texto contém muito amor e muita dor, mas esse é o nosso combustível para lutar por justiça. Pois não existem argumentos aceitáveis que defendam a forma como a minha irmã morreu.
Espero e desejo que, em 2025, todos nós possamos regar nossos jardins e viver muitas primaveras com as rosas que neles habitam, e que a justiça possa exercer seu papel de imparcialidade a favor daqueles que mais precisam dela.