Logo O POVO+
A força da tecnologia "que ergue e destrói coisas belas"
Reportagem

A força da tecnologia "que ergue e destrói coisas belas"

Edição Impressa
Tipo Notícia Por

Em 1978, enquanto os primeiros modelos de computadores pessoais, celulares e videogames eram lançados em países como os Estados Unidos ou o Japão, Caetano Veloso gravava, paralelamente, a música "Sampa". Nos últimos 25 anos, não seria incorreto parodiar o "famoso compositor baiano" e dizer que a tecnologia, junto ou não com a grana, passou a "erguer e destruir coisas belas".

Mesclando-se com a complexidade humana, a tecnologia foi marcada na virada de 1999 para 2000 com o temor de que viria, não um apocalipse judaico-cristão, mas um digital, apelidado de bug do milênio. Temia-se que os computadores não conseguiriam fazer a transição do "1900 e bolinha" para os anos 2000.

O catastrofismo de alguns não se confirmou e todo mundo continuou podendo acessar a internet discada, preferencialmente de madrugada, navegar no Explorer, fazer buscas no Yahoo e conversar pelo ICQ. Lembra deles? Não? Então, você provavelmente faz parte da chamada Geração Z e já nasceu imerso no mundo digital.

Pois bem, de lá para cá, as duas primeiras revoluções foram a ascensão das redes sociais, que gradativamente ganharam força em relação à internet convencional, e o surgimento dos smartphones, os celulares inteligentes que praticamente colocaram um (ou mais de um) computador na mão de cada brasileiro. Vale uma menção mais que honrosa ao surgimento e expansão do Google que quase se tornou sinônimo de buscador de internet.

Esses primeiros processos talvez tenham sido os de maior impacto social, afinal a "rede" foi muito mais uma pescadora de gente, remetendo ao conceito cristão de influenciar pessoas, do que uma de balanço, bem cearense e acolhedora. E ela fisgou ainda mais gente com o telefone que ficou cada vez menos um aparelho de ouvir pessoas à distância.

De repente, estávamos criando comunidades inusitadas no Orkut, tuitando, dando likes no Facebook ou no Instagram, dando match no Tinder (onde conheci minha esposa) ou dançando no TikTok. Sem dúvidas, "coisas belas" ocorreram nesse processo, mas também nos isolamos em "bolhas" e passamos a achar "feio, o que não é espelho".

Mais recentemente, outra revolução foi a popularização da inteligência artificial (IA) generativa, simbolizada pelo ChatGPT, trouxe novos temores de um apocalipse à la "Terminator" ou "Matrix". Empregos serão destruídos? As máquinas vão nos tornar pets delas? Bem, não tenho essa resposta!

Enquanto me divirto vendo a IA colocar o Chaves cantando Red Hot Chili Peppers e compro um pãozinho pagando pelo Pix, fico pensando como teriam sido esses "25 anos de sonho e de sangue" sem a revolução da Tecnologia da Informação e lembro do que ouvi de um analista do setor.

A IA nem é tão inteligente e nem tão artificial. Ela traz em sua essência a complexidade humana, assim como a "grana". Ambas são abstrações que nos ajudam a construir e destruir "coisas belas".

O que você achou desse conteúdo?