Outra acusação existente na investigação da PF diz respeito a uma suposta ligação do grupo de Bebeto com integrantes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). Relatório Circunstanciado da PM aponta que, na localidade de Targinos, em Canindé, circularam áudios em que uma pessoa proferia ameaças a um morador daquela região que apoiava um candidato rival a Jardel.
A PM apurou que a linha telefônica de onde teriam partido as ameaças pertenceria a uma mulher apontada como "uma das principais traficantes de drogas da região dos Targinos e (que) está ligada diretamente à ORCRIM (organização criminosa) GDE". O relatório ainda afirma que a suspeita "está participando ativamente da campanha do professor Jardel, inclusive como dirigente de um 'comitê' que funciona naquela localidade".
"Foi levantado ainda que (a suspeita) também tem aproximação com Bebeto Queiroz, do qual recebeu um veículo modelo GOL, de cor vermelha, que foi cedido para seu pai cancelar o apoio ao candidato Kledeon e apoiar o candidato Professor Jardel (não foi possível coletar identificação de placa de tais veículos)", consta também no relatório.
A PF também apontou elo de Bebeto com policiais. Conversas no Whatsapp de Bebeto com um tenente do Batalhão de Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE) indicam que o PM visava influenciar o policiamento na região de forma a favorecer a campanha do então candidato a prefeito de Canindé.
"Obrigado Amigo, por todo apoio, viu!... muito obrigado... muita gratidão... que Deus abençõe nós... até o dia 6... a eleição é nossa…", diz Bebeto em uma ocasião ao oficial. "Chego na coordenação do sertão central na terça 24 até dia 07. Já afastei a PM dos plantões na região", diz o tenente em outra mensagem, enviada em 22 de setembro.
Bebeto também foi flagrado em conversas com um policial rodoviário federal em que este envia o contato do chefe da corporação na região. "(O PRF) orienta Bebeto a se apresentar como 'fulano de tal, BEBETO, fazendeiro, empresário, candidato a vereador e prefeito', destacando a importância de o chefe da PRF estar ciente 'da situação', já que, caso contrário, ele não conseguiria resolver o problema e poderia ser multado, até por fotografias", narra o MPE.
A PF pediu o compartilhamento dos dados com a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) a fim de apurar a atuação dos policiais citados, assim como com a Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública, do MPCE.