No dia 6 de outubro de 2024, o ex-PM Alan Deybson Paulino Bezerra trafegava em seu carro pelo bairro Palestina, em Canindé, quando, nas proximidades de um posto de gasolina, foi surpreendido por uma série de disparos. Cinco dos tiros atingiram-no e ele colidiu o veículo contra um poste. Socorrido a uma unidade hospitalar, Alan Deybson sobreviveu.
Em 8 de novembro, por ocasião das investigações dessa tentativa de homicídio, policiais civis cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão em um apartamento de Maurício Gomes Coelho, localizado no bairro Benfica, em Fortaleza. Naquela ocasião, ele também foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, já que, no endereço, foi encontrada uma pistola calibre 9mm.
Para a Polícia Civil, conforme documentos aos quais O POVO teve acesso, Maurício é o "principal" suspeito do crime. Ele tem "histórico de desavenças com a vítima e envolvimento em licitações fraudulentas", descreveram os investigadores. Conforme a vítima, Maurício solicitou a José Mário Pires Magalhães, o "ZM", autorização para a execução. José Mário é apontado como uma das principais lideranças da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no Estado.
Na investigação da PF, é mencionado que Alan Deybson "aparenta ser um colaborador de confiança, atuando na logística de distribuição de recursos financeiros e demonstrando lealdade ao núcleo de Bebeto". Em outro trecho da investigação, é dito que Allan realiza viagens transportando dinheiro do empresário, assim como "também é utilizado por este para solucionar suas demandas".
Entretanto, o grupo de Bebeto teria passado a desconfiar que Alan Deybson seria um possível delator. "A tentativa de homicídio, da qual MAURÍCIO é suspeito de participação direta, ventila a estratégia do grupo em eliminar potenciais ameaças internas", descreveu a PF.
Além disso, a vítima relatou que, no dia 10 de outubro, enquanto estava internado em leito hospitalar, percebeu "uma mulher desconhecida" filmando-o, "o que aumenta a suspeita de que sua execução possivelmente ainda está em curso".
O inquérito que apura a tentativa de homicídio segue em andamento, em segredo de Justiça, e outras pessoas são investigadas.
Por meio de nota, a defesa de Maurício, realizada pelo advogado Kaio Castro, afirmou que ele já prestou depoimento e que "tudo foi devidamente explicado". Castro também afirmou que o inquérito já passou de 90 dias e Maurício sequer foi indiciado. "O processo se encontra em sigilo e a defesa não pode pormenorizar neste momento mais detalhes sobre os fatos".