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Testemunho de prefeito e apreensão de quase R$ 600 mil deram início à investigação
Reportagem

Testemunho de prefeito e apreensão de quase R$ 600 mil deram início à investigação

| Setembro de 2024 | Naquele mês, a então prefeita de Canindé procurou o MPE para denúncia
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Tipo Notícia
PF apreende mais de um milhão em espécie a dez dias das eleições (Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Foto: Divulgação/Polícia Federal PF apreende mais de um milhão em espécie a dez dias das eleições

A investigação contra Bebeto teve início em setembro de 2024 a partir de dois fatos: o depoimento de uma rival do empresário e a apreensão de quase R$ 600 mil com um policial militar que trabalharia para ele. No dia 26 daquele mês, a então prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos), procurou o Ministério Público Eleitoral (MPE) para relatar uma série de denúncias contra Bebeto.

Entre as acusações, Ximenes disse que Bebeto estava ameaçando-a, assim como oferecendo dinheiro a vereadores e eleitores para que estes apoiassem Jardel.Ela ainda afirmou que Bebeto teria mais de R$ 58 milhões para "gastar" nas eleições municipais, dinheiro que seria enviado a cerca de 51 de prefeituras — ela só citou o nome de seis municípios e, como ainda não há comprovação de que o valores foram, de fato, encaminhados, O POVO opta por não divulgar quais seriam essas cidades.

Um dia antes dessa denúncia, a PF apreendeu R$ 599.407 em espécie com o policial militar Emanuel Elanyo Lemos Barroso, em Fortaleza. O dinheiro estava em uma caminhonete modelo Hilux que era dirigida pelo militar, sendo que ele havia acabado de realizar um saque em uma agência bancária do bairro Papicu.

Em depoimento, Emanuel Elanyo disse não saber a origem do dinheiro, afirmando apenas que um colega havia pedido para que ele transportasse o montante a uma empresa, a MK Serviços em Construção e Transporte Escolar Eireli, cujo proprietário é Mauricio Gomes Coelho. A PF, porém, encontrou indícios de que Maurício seria apenas um "testa de ferro" e que o empreendimento, na verdade, é de Bebeto.

Documentos da Receita Federal mostram que, até 2020, Maurício tinha vínculo empregatício com uma empresa de segurança privada, na qual ele era cadastrado como segurança e tinha como remuneração média R$ 2.418,77.

Apesar disso, a MK Serviços em Construção e Transporte Escolar Eireli possui R$ 8,5 milhões de capital social, tendo dezembro de 2019 como o início de suas atividades. A empresa realizou contratos com inúmeras prefeituras municipais, em um valor total de R$ 318.927.729,42.

"Não foram localizadas, durante as pesquisas realizadas em bancos de dados, elementos que justifiquem MAURICIO GOMES COELHO, vigilante com remuneração média nominal de R$ 2.418,77, a constituição de empresa com capital social de R$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil reais), sendo possível inferir, com forte grau de segurança, que MAURÍCIO GOMES atua como interposto de terceiros", afirma a PF em relatório.

A PF ainda localizou no celular de Bebeto conversas em que o empresário realiza pagamentos através de contas que estão em nome de Maurício. "Maurício utiliza suas contas para realizar movimentações financeiras sob o comando de BEBETO", descreve relatório da corporação.

Ao lado de Cleidiane, Bebeto e outras pessoas, Maurício foi alvo de busca e apreensão em 4 de outubro solicitada à Justiça pela PF. Bebeto foi localizado em um apartamento da avenida Beira-Mar, em Fortaleza, e, conforme os policiais, quando abordado, ele "furtivamente" arremessou o celular em direção a uma fonte d'água de um edifício vizinho.

O aparelho, porém, foi recuperado pela PF e submetido à extração de dados. No endereço, foram encontrados R$ 14.500 em espécie, dinheiro que Bebeto afirmou ser de seu filho.

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