A avaliação de que o início da operação da ferrovia Transnordestina deve promover um salto de desenvolvimento econômico para o Nordeste é constante entre os diversos entes envolvidos. Um comentário em especial chama a atenção, de quem vê o transcorrer do projeto no dia a dia, o diretor da Marquise Infraestrutura, Renan Carvalho. O executivo destaca os detalhes da obra e seus impactos desde as pequenas cadeias econômicas. No projeto da Transnordestina, no interior do Ceará, a escala da obra gera uma verdadeira revolução no panorama local.
Renan enfatiza que o cálculo feito é de que a cada emprego direto gerado no projeto haja a abertura de outros seis empregos indiretos. "Obras de infraestrutura são diferentes de obras urbanas. No Interior, as cidades não estão preparadas para receber projetos dessa magnitude e acabam se desenvolvendo junto com a obra."
"Por exemplo, em cidades como Senador Pompeu, alugamos casas para alojar equipes, instalamos canteiros de apoio e movimentamos o comércio local. Isso gera empregos diretos e indiretos: borracharias, farmácias, espetinhos, entre outros", afirma.
Dividida em 11 trechos que cortam o Ceará, a obra da Transnordestina tem sob a responsabilidade da Marquise sete trechos em andamento, faltando licitar outros quatro. Segundo a empresa, já foram aportados mais de R$ 1,5 bilhão em recursos na obra. Em novembro passado, o Governo Federal assinou aditivo para que o Banco do Nordeste aplique os R$ 3,6 bilhões restantes para conclusão das obras.
"Essa é a maior obra em execução sob a responsabilidade da Marquise, sendo também uma das maiores do Brasil e é bom destacar isso. A obra está voando, avançando com muita força, muita gente trabalhando", continua Renan. O diretor da Marquise lembra que esse ritmo foi possível a partir de 2023. Detalha ainda que a obra passou a década anterior caminhando lentamente por falta de repasse de recursos. Mas, nos últimos dois anos, o recurso foi garantido e os trabalhos intensificados, com entregas dos lotes 1, 2 e 3 (entre os municípios de Missão Velha e Iguatu).
A ferrovia agora avança sobre os lotes 4, 5 e 6 (cortando os municípios de Acopiara, Icó e Quixeramobim), que devem ser entregues até o início de 2026, atingindo mais de 50% da obra. Em novembro foi assinado a ordem para início da obra do trecho 7 (liga Quixadá a Itapiúna). "Já iniciamos as obras neste último, com explosões e terraplenagem. Ao todo, temos mais de 200 km em curso, o que representa um volume impressionante. São mais de 2 mil trabalhadores e uma frota gigantesca de equipamentos", destaca.
Dentro do contexto de reunião de aparato e destreza técnica para condução de uma obra dessa magnitude, Renan lembra que esse é um marco importante: ter uma empresa cearense conduzindo o trabalho. Ele lembra que obras de grande porte a nível Brasil que também foram realizadas no Estado, como a construção do Açude Castanhão e o Aeroporto de Fortaleza, foram feitas por construtoras de outros estados.
Agora, na Transnordestina, a demanda por todo um aparato tecnológico e atenção aos aspectos de gestão ambiental, social e de governança fazem parte do dia a dia. Exemplo disso é o mapeamento da fauna local, conduzindo os animais que estão no caminho dos trilhos para locais seguros até que as explosões e intervenções de engenharia sejam concluídas. Para isso são realizadas parcerias com instituições especializadas no manejo de animais.
Outro diferencial é o uso de equipamentos tecnológicos, como o monitoramento dos trabalhos via 500 equipamentos em campo com sistemas de digitais, drones e sensores. Isso permite o acompanhamento em tempo real do progresso da obra. "A Transnordestina é um projeto transformador para o Nordeste e para o Brasil. Estamos mostrando que empresas locais têm competência para liderar projetos dessa magnitude. Continuaremos trabalhando para entregar resultados de qualidade e reforçar o papel das empresas cearenses no cenário nacional", pontua.
Reportagem parceria O POVO e Fiec
Esta série de reportagens é a primeira de um projeto de conteúdo editorial jornalístico e de dados, resultado de parceria do Grupo de Comunicação
O POVO (GCOP) e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). O conteúdo será publicado ao longo de 2025.
O protocolo de parceria foi assinado em novembro de 2024 e prevê cooperação técnica que visa à produção de reportagens jornalísticas, a partir de levantamento de dados e análises exclusivas produzidas pelo Observatório da Indústria, referentes a diversos segmentos econômicos, nas esferas estadual, nacional e mundial.
A reportagem desta segunda-feira, 13 de janeiro, constitui o segundo episódio do especial sobre a influência da Transnordestina para
o desenvolvimento
do Nordeste.