Com mais de 4,3 milhões de inscritos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 teve taxa de participação de 73,5%. Adesão ao exame e proficiência média dos participantes aumentou, mas apenas duas áreas de conhecimento tiveram melhoria na nota.
O Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgaram os resultados do exame nessa segunda-feira, 13. O site apresentou instabilidade após divulgação das notas, pelo alto volume de acesso.
A taxa de ausentes caiu de 28,1% na edição de 2023 para 26,5% em 2024. A proficiência média foi de 546 pontos. O número representa um aumento de 3 pontos em relação à edição de 2023, que registrou uma proficiência média de 543.
Em relação aos resultados por área do conhecimento, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias registrou um aumento no resultado médio, com 528 pontos em 2024, comparado aos 516 pontos de 2023.
Os resultados na prova de Redação também superaram a edição anterior, registrando uma proficiência média de 660 pontos contra 645 na edição de 2023.
Ao todo, 12 participantes obtiveram a nota máxima na redação, a única cujo estudante pode obter 1.000 pontos.
Minas Gerais e Rio de Janeiro tiveram dois participantes com nota máxima, cada. Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo também tiveram uma nota mil, cada.
Matemática e suas Tecnologias registrou a maior queda na média geral, com 529 pontos em relação aos 535 da edição anterior; seguida por Ciências Humanas e suas Tecnologias, com 517 pontos contra 522 em 2023.
Ciências da Natureza apresentou um resultado semelhante no comparativo das duas últimas edições, com 495 pontos médias em 2024 e 497 em 2023.
Conforme Ocimar Munhoz Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave), não é possível comparar as notas de um ano para outro "rigorosamente falando" pois não se controla o público que participa do exame.
Segundo ele, o Enem, apesar do nome, "não examina o ensino médio brasileiro". Isso porque o exame não controla os participantes como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), por exemplo.
Alguns candidatos estão terminando o ensino médio, outros já terminaram há bastante tempo, estão fazendo cursinho, querem fazer um segundo curso. "Não são populações exatamente comparáveis de um ano para outro", avalia.
"É importante que o Inep divulgue os relatórios pedagógicos e psicométricos para que seja possível fazer uma análise melhor. A curva característica do item, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) para dar transparência", cobra.
Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), o aumento no número de inscrições e a redução da taxa de ausentes é resultado do incentivo do programa Pé-de-Meia.
Lançado em 2023, o programa concedeu uma parcela extra no valor de R$200 para estudantes que participaram dos dois dias da edição do Enem 2024.
“Isso a gente considera que foi fruto muito da política do Pé-de-Meia, que paga uma parcela extra para quem realizar as provas do Enem. E também todo o esforço das redes estaduais”, destacou.
Manuel Palacios, presidente do Inep, também destacou a ampliação da participação no Enem 2024, a qual categorizou como sendo “uma participação inédita nos últimos anos”.
Ele destacou a realização de um estudo sobre a conclusão da educação básica no país, utilizando os resultados do Enem. “Estamos iniciando os estudos sobre o uso dos resultados do Enem para fins de avaliação da conclusão da educação básica. Os dados estão sendo esmiuçados, de modo que se tenha a possibilidade de ver o desempenho e como se desenvolveram os estudantes”.
Colaborou Gabriele Félix/Especial para O POVO