O Carnaval de 2025 no litoral cearense começou tímido, com o forró, o axé e o funk demorando a ecoar nos carros de som. O motivo do silêncio: a chuva que banhou o Estado no sábado, 1º.
Alguns ainda apontaram que, tradicionalmente, os sábados de Carnaval são mais tranquilos, já que muitos foliões ainda estão a caminho de seus destinos. O certo é que o aguaceiro pode até ter esfriado o movimento nas praias, mas não apagou o espírito da folia.
Nas praias de Cascavel e Beberibe, de início as ruas estavam quase desertas, com moradores e turistas optando por ficar em casa devido ao clima ameno. Em Canoa Quebrada, em Aracati, a festa também foi mais tranquila, limitada às casas alugadas pelos foliões.
No entanto, assim que o tempo abriu durante o dia, não demorou para que as cidades praianas fossem tomadas pela festa que seguiu nos dias seguintes, faça chuva ou sol. Afinal, dos quatro dias de Carnaval, três foram marcados por chuvas.
Na praia de Majorlândia, os tradicionais "paredões" embalaram os dias da família Bezerra, que há três gerações curte o Carnaval de Aracati. Erivanildo Pereira, membro da família, conta que todos os anos eles se hospedam na mesma rua, justamente pela proximidade com o mar. "É muito sossegado, tem muita segurança, uma praia muito boa. Melhor carnaval do Ceará", disse.
O mela-mela, quase um patrimônio cearense, mais uma vez tomou conta das cidades. Realizada durante a tarde e o início da noite na maioria dos municípios, a brincadeira com goma transformou o chão em um tapete branco, cobrindo as ruas como um registro da animação.
Em Paracuru, a dinâmica uniu familiares, amigos e até desconhecidos, que aproveitavam as brechas para "batizar" passava desavisado. O policial militar Mateus Gomes conta que acompanha o mela-mela "desde a barriga da mãe", sendo este seu 30º na cidade. Neste ano, ele decidiu passar adiante essa tradição ao seu filho: "Estar aqui, em paz, com segurança, sem confusão alguma, é muito bom. Tudo controlado nesses três dias de Carnaval. O desejo é que tudo continue em paz".
Já no decorrer da noite, se a chuva se fizesse presente mais uma vez, a goma branca se dissolvia na água, escorrendo junto com o cansaço daqueles que ainda iam aproveitar as festanças organizadas pelas gestões municipais.
Em Aracati, a chuva até ameaçou atrapalhar a passagem dos trios elétricos. Porém, assim que o tempo deu trégua, o público voltou às ruas com energia. Segundo a Secretaria de Turismo, o Carnaval de Aracati registrou, em média, de 300 a 400 mil foliões por dia.
Mas o Litoral também é para quem busca relaxar e momentos de tranquilidade. Na Taíba, em São Gonçalo do Amarante, grupos compartilharam barracas e cadeiras neste domingo, 4, último dia de Carnaval.
O morador Carlos Henrique, 28, destaca a alegria dos foliões no distrito nos últimos dias: "Todo mundo acaba se divertindo um pouco. Quem gosta de tranquilidade também curte". Sobre o que deseja levar desta edição do Carnaval no Ceará, ele diz: 'Alegria'.
E, assim, seja na agitação das festas ou na calmaria do mar, cada um leva consigo um pedacinho do que viveu já antecipando o próximo ano. Porque o Carnaval pode ter fim no calendário, mas nunca no coração do folião. (Colaboraram Kleber Carvalho, Eduarda Porfírio e Miguel Araújo)
FOI MAL
Em Paracuru, relatos apontaram brigas pontuais de foliões. Em Beberibe, o público não aprovou algumas bandas que se apresentaram
FOI BEM
Com shows nas cidades ou não, os festejos de mela-mela provam que não é necessária uma programação oficial para que o cearense aproveite o Carnaval