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O compromisso de Leão XIV para uma Igreja Sinodal
Reportagem

O compromisso de Leão XIV para uma Igreja Sinodal

| RELIGIÃO | Papa propõe Igreja próxima e missionária, mas deve manter limites à atuação das mulheres
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Assim como as raízes agostinianas sustentam a ideia de unidade, a ênfase em uma Igreja Sinodal moldou a fala de Leão XIV na quinta-feira, 8. "A todos vocês, irmãos e irmãs de Roma, da Itália e do mundo inteiro: queremos ser uma Igreja Sinodal, uma igreja que caminha, que sempre busca a paz, a caridade, e busca sempre estar próxima, especialmente daqueles que sofrem".

O conceito remete a sínodo, do grego sýnodos, que significa "reunião". De modo geral, é uma assembleia de bispos para decidir sobre temas que envolvem a Igreja. De forma mais ampla, a ideia de Igreja Sinodal remete a decisões tomadas coletivamente, envolvendo as paróquias e comunidades, com cada pessoa tendo papel a exercer, incluindo clérigos e leigos.

À rádio O POVO CBN, a presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Sônia Gomes, destacou com otimismo a menção ao conceito. "Quando ele traz essa referência de uma igreja sinodal, já dá para entender que ele vai dar continuidade ao trabalho que o papa Francisco começou, principalmente na abertura para as mulheres", explicou Sônia.

Segundo ela, é possível considerar essa relação entre os dois pontífices "quando traz essa dimensão do modelo de igreja sinodal, uma igreja que é acolhida, acolhedora, que não passa na mão somente de algum, mas de todos, que tem a participação de todos".

A presidente foi uma das escolhidas para representar a América Latina na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, entre 2023 e 2024, e conviveu com o pontífice argentino diversas vezes. Ela também esteve em mesas de debate com o então cardeal Robert Francis Prevost durante o Sínodo, em 2023, e considera que, agora como Leão XIV, ele deve dar continuidade às ideias do antecessor.

Segundo o Anuário da Santa Sé, em 2022 havia cerca de 600 mil mulheres trabalhando para a Igreja Católica no mundo, enquanto os homens somavam menos de 50 mil.

Mesmo acreditando em uma abertura maior para as mulheres nos espaços de decisão da Igreja, Sônia acredita que mudanças não virão rapidamente. "Talvez, para nós mulheres não vai ser algo tão rápido como a gente anseia, porque nós estamos lidando com a Igreja Católica, que tem toda uma tradição. Então eu penso que, para essas aventuras, já avançamos muito e precisamos avançar muito mais ainda, porém nós não podemos cair naquele querer de que seja algo tão rápido, mas vai acontecer sim", afirma.

O papa Francisco dizia que era preciso "desmasculinizar" a Igreja. Por outro lado, Leão XIV já manifestou ser contrário à ordenação de mulheres na Igreja Católica. Em sínodo realizado em 2023, ele afirmou que "clericalizar as mulheres" não seria a solução dos problemas religiosos da instituição e poderia criar novos. (Mariana Lopes)

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