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Coletivo explora empoderamento feminino por meio do pole dance
Vida & Arte

Coletivo explora empoderamento feminino por meio do pole dance

Desmistificando o Pole Dance, Porto Iracema promove performance sobre empoderamento feminino
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FORTALEZA, CEARÁ, 04-03-2024: Dançarinas e pesquisadoras se unem em projeto que busca investigar a arte da modalidade pole dance, que tem também como base exercícios acrobáticos. Tal arte é  uma forma de resistência, de empoderamento feminino, que ajuda as pessoas a conhecerem  seus corpos, ao fazerem acrobacias, como sinônimo de força e contra tabus sociais. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)




 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, 04-03-2024: Dançarinas e pesquisadoras se unem em projeto que busca investigar a arte da modalidade pole dance, que tem também como base exercícios acrobáticos. Tal arte é uma forma de resistência, de empoderamento feminino, que ajuda as pessoas a conhecerem seus corpos, ao fazerem acrobacias, como sinônimo de força e contra tabus sociais. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

Entre fascínios e preconceitos que, convenhamos, sempre existiram, o pole dance vem conquistando um lugar cada vez mais importante no mundo artístico. Além disso, a arte abraça todos os públicos em uma mistura de dança e ginástica que se expressa através de movimentos corporais em volta de uma barra vertical de metal.

As mulheres, por sua vez, são as que mais aderem a prática, que ajuda a promover o empoderamento feminino, auxiliando na desconstrução de padrões de beleza, subvertendo as expectativas estéticas e reforçando a autoconfiança.

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira, 8, a escola Porto Iracema das Artes promove a performance "Pole Dance: Mulher Negra e Empoderamento", apresentada pelo coletivo Abayomi. O número faz parte da 11ª Mostra de Artes (Mopi) e vai reunir 116 artistas em 36 apresentações que variam entre dança, música, teatro e artes visuais.

Tayana Tavares, idealizadora e coordenadora do coletivo Abayomi, conta que o intuito da perfomance é problematizar em cena, a partir de uma prática corporal, a questão da hipererotização do corpo feminino negro em seus movimentos no mundo.

"Para nós do coletivo Abayomi, que somos mulheres negras conscientes de todo o percurso histórico intrínseco ao Dia da Mulher, é uma oportunidade crucial para destacar as interseccionalidades em nossas experiências enquanto mulheres na sociedade. Reconhecendo as múltiplas formas de discriminação que enfrentamos com base em gênero, raça e outras formas de opressão, como classe social, orientação sexual, identidade de gênero, racismo, sexismo, misoginia, e levar isso para o palco", revela.

A hipersexualização é um dos estigmas sociais que o pole dance carrega fortemente devido aos preconceitos e estereótipos associados. A prática contemporânea, entretanto, vai além da sexualidade e do erotismo. Requer habilidades de força, equilíbrio, flexibilidade, resistência e coordenação daqueles que o desempenham.

"Para mim, o pole dance é uma técnica de construção do corpo que tem uma particularidade muito fascinante, que é o embaralhamento dos limites entre a arte, o esporte, o entretenimento e o atletismo, que transforma uma atividade de alta exigência física em algo divertido e prazeroso", conta.

A idealização do coletivo Abayomi surgiu da necessidade de aquilombamento e de investigação de Tayana Tavares em sua pesquisa de mestrado em Artes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) no início de 2022. Ela viu como urgente a criação de um espaço coletivo de pertencimento, afetividade e acolhimento, onde mulheres negras pudessem estar juntas, trabalhando de modo colaborativo em seus processos investigativos. Também fazem parte do projeto Thamira Reis, Mara Nívea e Loriz Severino .

Para a coordenadora de Dança da Escola Porto Iracema das Artes, Bilica Léo, muitas pessoas ainda possuem uma visão ultrapassada sobre o pole dance, atrelando as performances ao strip-tease. A profissional acrescenta que o estereótipo de ser uma prática essencialmente feita por mulheres com o objetivo de sedução pode limitar a diversidade de pessoas que poderiam ter acesso a ela.

"Na minha concepção, e sem moralismos, o pole dance é uma prática corporal que envolve diversas habilidades motoras e artísticas que pode e deve ser explorada a partir de diversas vertentes, incluindo a da sedução. Se pararmos para observar a dinâmica de movimento das figuras do pole dance, podemos pensar que é quase a mesma dinâmica de um ginasta executando uma sequência acrobática em um aparelho específico", pontua.

Para ela, não há problema algum nos corpos femininos que se movem de forma sedutora, pois "somos frutos de uma cultura que rebola". O equívoco é a limitação do entendimento desta prática neste único sentido.

"O que propomos aqui é ampliação do olhar, o desapego dos estereótipos e moralismos, trazer um viés de uma prática que condiciona, que faz superar seus limites, adquirir confiança, e claro, se quiser seduzir, seduz. Mas não apenas isso", expõe a coordenadora.

Locais para praticar pole dance em Fortaleza

Escola de dança Fly Power Pole Sport

  • Inscrições: (85) 99734-6456
  • Instagram: @flypoerpolesport
  • Onde: rua Martins de Jesus, 471- Parque Manibura
  • Modalidades disponíveis: Pole Sport, Pole Coreô, Flexibilidade, Dança do Ventre, Acroyoga
  • Quando: segunda a sexta, das 8h às 21h30min; sábado, das 09h às 14h

Escola de dança Elos Pole Sport

  • Inscrições: (85) 99110-8149 
  • Instagram: @elospolesportt
  • Onde: Salinas Shopping (av. Washington Soares, 909, Loja 70 - Edson Queiroz)
  • Quando: segunda a quinta-feira, das 18h às 21h; sábado das 09h30min às 12h30min

Ares Pole Dance

  • Inscrições: @arespoledance no Instagram
  • Onde: rua Meton de Alencar,114 - Centro

Performance Pole Dance: Mulher Negra e Empoderamento

  • Quando: sexta, 8, às 19 horas
  • Onde: Teatro Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
  • Classificação indicativa: 12 anos
  • Gratuito
  • Acompanhe também: @abayomicoletivopd no Instagram

 

11ª edição da Mostra Porto Iracema das Artes (MOPI)

  • Quando: durante todo o mês de março
  • Onde: Escola Porto Iracema das Artes, Hub Cultural Porto Dragão, Theatro José de Alencar, Cineteatro São Luiz, Cinema do Dragão, Teatro Dragão do Mar, Poço da Draga, Praça Verde do Centro Dragão do Mar, Aldeia Anacé Japuara (Caucaia) e Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC)
  • Mais infos: @portoiracemadasartes no Instagram

Diferentes modalidades do pole dance

O Pole Dance é muito mais rico em estilos e variações do que imaginamos, a professora de dança há sete anos, Cíntia Freitas, conta que já existem muitas possibilidades para praticá-lo com federações e confederações nacionais e internacionais para campeonatos anualmente.

“O pole nasceu sim da dança e tem origem nas danças mais sensuais, mas ganhou status de esporte, inclusive com campeonatos, confederações, códigos de regras e com muitas outras possibilidades. Ele é um treino de atividade de um exercício físico para crianças, adolescentes, adultos, terceira idade, deficientes físicos ,abrigando a todos os públicos”, revela.

Além da categoria mais conhecida por conta dos movimentos e atitudes sensuais, existem também as modalidades Pole Fitness Acrobático, Dancing Exótico, Dancing Contemporâneo, Dancing Art, Dancing Funk .

Desde 2015, o pole dance foi reconhecido como uma dança por direito próprio pelo Conselho Internacional de Dança da UNESCO (Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura). E em 2017 ela é reconhecida como esporte pela Associação Mundial de Federações Esportivas Internacionais.

Para Cíntia, as mulheres que praticam a modalidade tendem a ser muito “tolhidas” de demonstrar a feminilidade e sensualidade, mas no universo do pole, o acolhimento ao próximo acontece naturalmente e sem julgamentos com o corpo.

“Dentro do polo você consegue fazer isso, de uma forma muito tranquila, onde você é muito bem acolhida, sem julgamentos da sua forma física, do seu corpo, e acho que isso atrai muito. É inegável que o público feminino dentro do pole é muito maior, mas nós temos praticantes de todos os gêneros, de todas as idades, ele é para todo mundo”, destaca a professora.

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