Logo O POVO+
Alceu Valença é celebrado em disco da banda Mombojó que une hits e lado B
Vida & Arte

Alceu Valença é celebrado em disco da banda Mombojó que une hits e lado B

Conheça as inspirações do grupo recifense Mombojó e seu novo disco "Carne de Caju", que homenageia o ícone nordestino Alceu Valença
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
 Grupo recifense Mombojó lança novo disco
Foto: Laura Proto/ Divulgação Grupo recifense Mombojó lança novo disco "Carne de Caju"

O ano era 2001 quando um grupo de amigos pernambucanos, ainda estudantes, deixou o amor pela música falar mais alto e usou os festivais escolares como o pontapé inicial para uma carreira artística. Assim, a banda que só se apresentava na escola onde estudava gravou demos, participou de festivais e espalhou música por aí.

"A gente conseguiu aprovar um projeto de Lei de Incentivo à Cultura e fizemos o primeiro disco, inicialmente todo independente", explica Felipe S., vocalista e guitarrista do grupo.

Além dele, a Mombojó hoje é formada por Marcelo Machado (guitarra e voz), Missionário José (baixo e sintetizador), Chiquinho Moreira (teclados e sintetizado) e Vicente Machado (bateria e percussão).    Durante a carreira, a banda já passou por duas gravadoras - Trama e Som Livre - e lançou sete discos, sendo também alguns deles independentes, como "Amigo do Tempo" (2011).

Desde o início, a principal influência da banda foi o Manguebeat - movimento pernambucano de contracultura que teve como idealizadores os artistas Fred 04 e Chico Science e uniu ritmos regionais, rock, hip hop e eletrônica -, já que ainda estavam na adolescência quando Chico faleceu em 1997. "Teve muito incentivo à produção musical nesta época, aumentou a quantidade de shows na rua, shows de graça, e a gente se beneficiou muito com isso", comenta o artista.

Ainda no fim dos anos 90, o grupo esteve em dezenas de shows de bandas como Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, o que serviu muito para sua formação musical.

Ao longo da trajetória, grandes parcerias nacionais e internacionais marcaram o grupo. "Nós já dividimos palco com muita gente legal, artistas de fora do Brasil que eu ouvia e nunca imaginava que ia tocar junto, como a banda Pixies, que foi logo no comecinho da nossa carreira em um festival em Curitiba que nem existe mais", conta o vocalista.

"Nós também tivemos grandes ídolos nacionais que a gente acompanhava, como o Tom Zé, que participou do nosso disco "Homem-Espuma" (2006) de uma forma bem despretensiosa. Éramos da mesma gravadora na época, a Trama, e a gente estava gravando uma música que citava uma música dele, chamada "Tô", e no dia da gravação ele estava na cozinha da gravadora, e eu cheguei, me apresentei e contei da coincidência da música que estávamos gravando e ele se propôs a gravar com a gente", lembra Felipe.

Além disso, a banda já teve uma música gravada pela Nação Zumbi em uma coletânea lançada em homenagem aos 11 anos de Mombojó e, no álbum "Deságua" (2020), contou com a participação de Lenine e colaboração de Guilherme Arantes.

 

"Carne de Caju"

O mais recente lançamento da banda recifense é o disco "Carne de Caju", uma releitura de 8 músicas do conterrâneo Alceu Valença. Com mais de 20 anos de carreira, esse é o primeiro álbum não autoral do grupo.

"Me bateu uma sensação angustiante sobre esse tempo que se vive hoje em dia de lançar muita coisa o tempo todo, como se fosse descartável, sabe? Então eu pensei que queria fazer nosso próximo disco autoral com mais tempo, mas já tinha uma pressão pra gente fazer algo novo. E tentando solucionar isso para não fazer músicas novas tão corridas", lembra Felipe S.

Sobre o contato com o homenageado, o vocalista da Mombojó conta que não foi algo presente no álbum, mas que a equipe do artista deu a assistência necessária. "Antes da produção do disco eu cheguei a conhecer ele em uma audição na casa de Lula Queiroga, mas depois nós não tivemos contato, até por conta da gente ter lançado o álbum perto do Carnaval, quando ele está muito requisitado", explica.

Na escolha das canções que estariam no álbum, o grupo buscou o equilíbrio. "A gente tinha muita predileção pelas músicas menos conhecidas, mas depois fomos nos esforçando um pouco para balancear e também ter algumas mais famosas", afirma.

A identidade visual de "Carne de Caju" foi de responsabilidade do também recifense Rafael Olinto, escolhido pela banda por terem visto a importância da arte partir de um artista conterrâneo. Já a produção ficou nas mãos de Léo D, que também foi responsável pelo primeiro álbum do grupo.

"O disco tem repercutido muito bem, então nós temos recebido muitos contatos para fazer show. Tudo começa a se concretizar mais agora depois do carnaval", explica Felipe sobre a agenda da banda. "Um dos lugares que a gente quer muito ir é Fortaleza, um lugar onde adoramos tocar, mas estamos tentando fazer algo mais agrupado com o Nordeste".

O que você achou desse conteúdo?