Nesta quarta-feira, 27 de março, será lançado o livro "Guia dos Bens Tombados do Estado do Ceará", fruto da pesquisa e estudo dos professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará, Romeu Duarte e Beatriz Diógenes. A cerimônia será aberta ao público e acontecerá na Fundação Waldemar Alcântara, a partir das 19 horas.
A obra passeia por edifícios históricos do Estado tombados ou protegidos, seja no âmbito federal e/ou estadual, nos últimos 30 anos. Além dos textos dos docentes com informações sobre os bens arquitetônicos e sua importância histórico-cultural, a publicação traz fotos ilustrativas dos imóveis.
"É muita coisa. Não é necessário dizer da importância da publicação para os estudiosos e pesquisadores do assunto, bem como para quem se preocupa com a proteção do patrimônio cultural edificado do Ceará", aponta Romeu, um dos professores que organiza o livro.
Fortaleza, por exemplo, tem alguns bens imóveis que são tombados pelo Governo do Estado — Casa Thomaz Pompeu, Cineteatro São Luiz — e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Theatro José de Alencar. Quando isso acontece, significa que aquele bem, "seja ele de elite e ou da herança popular, alcança a condição de monumento histórico-cultural".
Este bem protegido não pode ser alterado em sua forma física, podendo ocorrer uma intervenção apenas em caso de conservação ou restauração — desde que continue respeitando a edificação. Ele também pode ser adaptado para um novo uso pela sociedade, ainda respeitando sua estrutura.
O arquiteto chama a atenção que muitos bens imóveis "se perderam ultimamente em nossa cidade por não compreender isso". Em alguns casos, alguns edifícios históricos não recebem a conservação necessária ou são destombados e, geralmente, desfeito para dar espaço a uma nova construção.
Na orla da capital cearense, recentemente um caso envolvendo uma edificação ganhou atenção e dividiu opiniões. O Edifício São Pedro, antes famoso hotel da Cidade, está sendo demolido devido ao risco que sua estrutura apresenta às áreas que estão ao seu redor.
Antes de chegar nesta situação, entretanto, o imóvel esteve em um ping pong de decisões, indo de um tombamento provisório de nove anos pelo governo municipal para um quase definitivo, que depois foi rejeitado. Além de uma promessa distante do governo estadual de torná-lo um possível equipamento cultural.
"A demolição do Edifício São Pedro é o resultado de vários pecados públicos e privados, entre eles o desleixo, a repulsa ao projeto, o negacionismo relativo à inovação, e a burrice e falta de sensibilidade, que são fatais em arquitetura e urbanismo", avalia Romeu.
Com informações sobre os bens já tombados e a estreita ligação que apresentam com a história — que muitas vezes não é de conhecimento amplo da sociedade —, o livro chama a atenção para a importância da preservação desses edifícios históricos, para os "pecados" não serem repetidos.
"Não é uma publicação que trata apenas dos edifícios e dos sítios históricos, mas também das personalidades e dos acontecimentos que, de alguma forma, estiveram ligados a esse patrimônio. Destaca os valores histórico-culturais das edificações e conjuntos, lançando luz sobre a importância da sua preservação", sustenta.
Lançamento "Guia dos Bens Tombados do Estado do Ceará"