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Conheça Samuel Macedo, fotógrafo cearense finalista do Prêmio Pipa
Vida & Arte

Conheça Samuel Macedo, fotógrafo cearense finalista do Prêmio Pipa

Reconhecido pelo Prêmio Pipa como destaque na arte contemporânea brasileira, o fotógrafo cearense Samuel Macedo registra infâncias e rotinas no Nordeste
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Fotógrafo cearenses, Samuel Macedo concorre ao Prêmio PIPA de arte contemporânea brasileira  (Foto: Samuel Macedo/ Divulgação)
Foto: Samuel Macedo/ Divulgação Fotógrafo cearenses, Samuel Macedo concorre ao Prêmio PIPA de arte contemporânea brasileira

Uma caixa escura feita de maneira artesanal é a responsável por fazer o cearense Samuel Macedo se apaixonar pela fotografia e tornar a arte da imagem sua missão da vida. Foi na oficina de seu avô Assis, um inventor nato, que o jovem morador do Cariri, sem perceber, se viu fascinado por esse universo a partir de uma câmera pinhole - e, ali, descobriu seu dom.

Hoje, com apuro técnico da luz e facilidade para se aproximar do retratado, produz arte e fotojornalismo com objetivo de provocar reflexões e processos interativos que as democratizam. E agora, aos 39 anos e com um currículo composto por diversos trabalhos e experiências vividas por quase todo território nacional, o artista é um dos selecionados para compor a seleta lista de artistas concorrentes ao Prêmio Pipa, um dos mais importantes da arte contemporânea brasileira.

O reconhecimento nacional remonta à longa história. Aos 12 anos, Samuel descobriu a Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri, uma Organização Não Governamental (ONG) presente em Nova Olinda desde 1992 e que visa promover formação social e cultural para crianças, jovens e familiares. Naquele lugar, Samuel e outras crianças puderam desenvolver talentos que vão desde a música à produção audiovisual.

"A fotografia é o jeito que eu achei para me comunicar com mais verdade, é o jeito que eu consigo contar histórias. Eu acho que a fotografia vem para esse lugar de fazer com que eu consiga de alguma forma mostrar esse meu ponto de vista para outras pessoas e produzir imagens que não sejam só imagens estéticas, bonitas ou que documentem uma época, mas imagens que digam algo mais e façam com que as pessoas se interessem por saber daquelas histórias", revela o cearense sobre sua paixão pela profissão.

A natureza da profissão pede que Samuel aprenda a dialogar com a pressa. A foto ideal requer calma para que, no momento exato, a magia aconteça. "A fotografia me tranquiliza, eu costumo dizer para as pessoas que, quando eu sinto que eu estou por completo em mim, é quando estou fotografando", conta.

Ele complementa: "Por ser uma pessoa muito ansiosa, eu sempre estou dez quilômetros à frente. Eu nunca estou parado, mas, quando eu estou fotografando, eu sinto que eu estou por completo, ali por completo, pelo interesse de fazer boas imagens", relata.

Um de seus primeiros trabalhos com projeção nacional foi o Projeto Infâncias, que segue atuando até hoje, e fez em parceria com as jornalistas Gabriela Romeu e Marlene Peret. A ação possibilitou intercâmbios entre crianças de distintas realidades, urbanas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas.

Além de mostrar uma reflexão sobre a diversidade da infância brasileira e levantar questões como: "O que é ser criança?" e "Como vivem e o que pensam as crianças?.

"O projeto Infâncias é o primeiro grande projeto que eu consegui entrar como fotógrafo, produzir as imagens e, para mim, é o meu grande trabalho. Elas me chamaram (Gabriela Romeu e Marlene Peret) pela minha história, já com a fotografia desde criança e queriam saber como seria o meu olhar para a infância. E estou seguindo até hoje, produzindo os materiais e as pesquisas. Para mim, é uma alegria", expõe o artista que, a partir dos desdobramentos do trabalho, produziu o livro "Terra de Cabinha". A publicação é uma das vencedoras do Jabuti 2017.

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Além disso, o projeto rendeu o curta "Meninos e Reis", premiado como melhor documentário pela Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, em 2016.

Registrando as expressões musicais da cultura popular pelo Brasil, Samuel também integra o projeto Mestres Navegantes desde 2011. A iniciativa gera um amplo acervo de imagens e registros audiovisuais sobre ancestralidade, religiosidade, tradições orais e as raízes culturais do País.

"Eu me defino como um buscador, eu tento sempre ir e acho isso fundamental na vida de um fotógrafo, buscar novas experiências, novos encontros e possibilidades de produzir imagens. Eu tive muitas oportunidades de fato na minha vida, de viajar, de conhecer, de andar por terra indígena e conhecer várias regiões do Brasil. Eu continuo com a mesma vontade de quando eu fiz a minha primeira viagem para fotografar, sempre quero ir e ter esses contatos e desses contatos gerar imagens e histórias, é o que eu busco", define o cearense.

Seus temas preferidos a serem fotografados são a diversidade de riquezas culturais que existem no Nordeste e infâncias. Samuel divide que seu interesse, no momento, é poder criar uma exposição ou livro sobre festas populares do Brasil e Cariri.

"Eu gosto de fotografar pessoas, tem gente que gosta de fotografar paisagem. Já eu busco histórias, isso é o que me fascina", pontua.

Prêmio Pipa 2024

O Prêmio Pipa é uma iniciativa do Instituto Pipa, criado em 2010 e que, desde então, se tornou um dos mais relevantes prêmios brasileiros de artes visuais.

Os artistas indicados terão uma página no site, inclusão no catálogo bilíngue, vídeo-entrevista e participarão de uma exposição coletiva no Paço Imperial do Rio de Janeiro. Ambas as mostras são de caráter coletivo e não competitivo. Cada artista receberá uma doação de R$ 25 mil.

Junto aos também cearenses do Acidum Project (Robezio Marques e Terezadequinta), Samuel Macedo está participando da 10ª edição da premiação ao lado de Keila Sankofa e Amora Moreira.

"Participar dessa edição do Prêmio Pipa, para mim, foi uma grata surpresa. É uma alegria saber que, com a fotografia, eu estou concorrendo ao lado de outros artistas também de arte contemporânea do País. Eu vejo isso como uma oportunidade grande de estar mostrando o meu trabalho para outras pessoas", declara o fotógrafo Samuel Macedo.

O fotógrafo reflete que a profissão lhe apresentou um novo olhar para o mundo que precisa ser algo praticado todos os dias.

"A dica que eu dou para quem estuda e vivencia a fotografia é de que não desista. Um fotógrafo não desiste nunca da imagem que ele busca e já criou na cabeça. Mas também não se apegar por não conseguir fazer a imagem exatamente do jeito que estava imaginando, você pode explorar outras possibilidades", aconselha Samuel.

Como votar no Prêmio Pipa

Acesse o site premiopipa.com para saber mais e participar da votação

Acompanhe o fotógrafo pelo instagram @samuelmacedo_fotografo

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