Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini estreiam nesta quinta,5, nos cinemas nacionais o suspense “Uma Família Feliz”. O longa acompanha uma família aparentemente sem problemas, até que um dia, tudo começa a mudar, quando a mãe é acusada de machucar seus filhos. Nesse momento, o véu da felicidade que os encobria começa a ser desvendado. O roteiro é assinado por Raphael Montes, da série "Bom dia, Verônica" e dirigido por José Eduardo Belmonte ("Alemão" e "Carcereiros - o filme")
A história do filme também foi contada no livro homônimo lançado em março pela Companhia das Letras. Um enredo que fala sobre, maternidade, depressão pós-parto, aparências, cultura do cancelamento e faz uma investigação humana de como uma família supostamente “feliz” chega ao extremo oposto em pouco tempo, misturando suspense e terror.
Em entrevista ao Vida&Arte, o elenco e a direção do longa contam como foi os desafios de produzir uma trama com assuntos tão delicados e tudo em 22 dias.
Para Reynaldo Gianecchini esse trabalho chegou em sua vida em um momento que estava precisando interpretar personagens diferentes do qual estava acostumado a fazer e revela que todo processo de filmagens foi gosto de vivenciar.
“Eu já venho numa pegada de querer fazer coisas diferentes de tudo que eu fiz, de novela. Então, esse filme tem uma linguagem já bem diferente do melodrama e o próprio processo de fazer no set foi bem diferente. Um filme que a gente não expunha tanto as nossas emoções como geralmente a gente expõe na novela. E no filme é o contrário, é o que você esconde, então, foi um processo interessantíssimo no set, com parceiros ótimos”, comenta Gianecchini, que interpreta Vicente no longa.
Para Raphael Montes, que também estreia como diretor assistente, a ideia de criar essa história surgiu de uma cena que imaginou de uma mulher com um vestido vermelho, abrindo uma cova no fundo de uma casa velha e enterrando um corpo. Para ele, após essa imaginação, vários questionamentos surgiram em sua cabeça de como aquela situação terminou e o que fez aquela mulher chegar naquele ponto.
“Depois disso eu fui bolando toda a história de criar uma família perfeita, idealizada, condomínio perfeito, com segurança, câmera de segurança, tudo dentro do condomínio, escola, mercado, quadra de esporte, piscina, tudo dentro, ou seja, uma vida protegida do mundo perigoso lá fora e mostrar essa família perfeita ruindo pouco a pouco”, detalha.
E continua: “Além disso, um dos temas também muito fortes desde o início era a questão do julgamento sumário da cultura do cancelamento, de como a gente hoje em dia, principalmente por causa das redes sociais, aponta o dedo e julga sem ter a informação antes. E aí eu queria convidar o público também a fazer essa espécie de julgamento”, conta Raphael Montes.
José Eduardo Belmonte, diretor do filme, revela que o mais difícil em trabalhar no filme foi transformar o set de filmagens em um ambiente diferente do que estava acontecendo em cena e mais lúdico para as crianças envolvidas.
“Porque quando você tem um set com uma história tão cheia de coisas assim impactantes, eu acho que ele não pode ter a mesma lógica e foi um processo muito prazeroso”, declara o diretor do longa.
Responsável pela direção de vários filmes e séries como “Subterrâneos” “A Concepção”, “Entre Idas e Vindas” e “Alemão - Os Dois Lados do Complexo" entre muitos outros, Belmonte revela que muitas características de seus projetos estão presentes em “Uma Família Feliz”.
“Eu acho que tem uma coisa que eu sempre uso um pouco que é as pessoas tentando sair do seu isolamento e se conectar com a realidade. A realidade geralmente está em colapso por causa do isolamento e você tenta sair desse isolamento para entender o que é real ou não. Desde os meus curtas é assim e acho que isso tem nesse filme também. Os personagens estão isolados, encastelados, ilhados naquele condomínio, de repente o mal-estar se instaura e você precisa entender o que é real e o que não é real daquilo. É um tema que está muito em meus filmes”, explica o diretor.
Que revela também que demorou a entender o tema do filme e que ele não retrata apenas a maternidade e depressão pós- parto e sim o mundo das aparências.
“Essa questão da cultura autoritária que tem que criar um mundo falso que é imposto a você, viver esse mundo das aparências e ter uma visão romântica das coisas que não são reais. Acho que esse é o grande tema do filme”, pontua José Eduardo Belmonte.
Uma Família feliz