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Filomena celebra carreira com espetáculo de humor em Fortaleza
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Filomena celebra carreira com espetáculo de humor em Fortaleza

Atriz e humorista Gorete Milagres celebra 30 anos de carreira da personagem Filomena com apresentação nesta sábado, 6, no Theatro Via Sul
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Filomena, do bordão
Foto: Leandro Furia/Divulgação Filomena, do bordão "ó, coitado", comemora 30 anos de carreira com espetáculo de humor no Via Sul

Neste sábado, 6, a atriz mineira Gorete Milagres se apresenta pela primeira vez em Fortaleza com o show de humor que comemora seus 30 anos de carreira. Intérprete da empregada doméstica Filomena, a comediante relembra sua trajetória na televisão, continuidade da personagem, apoio dos fãs e relação afetiva com o município de Jericoacoara.

O POVO – São 30 anos de uma personagem que nasceu do teatro e conquistou um grande espaço na televisão. Como é manter viva a trajetória dessa personagem durante todos esses anos?
Gorete – Após minha saída do SBT em 2003, recebi um convite para estrelar o filme "Tapete Vermelho" ao lado de Matheus Nachtergaele. Essa experiência marcou um ponto de virada em minha carreira. Ao conquistar prêmios e adentrar o cenário das novelas da Record, segui em frente participando de diversos filmes e séries. Era crucial para mim mostrar que eu não era apenas um personagem, mas uma atriz capaz de interpretar uma variedade de papéis. Mesmo enquanto me dedicava a outros projetos, nunca abandonei o papel icônico da Filó. Entre uma novela e outra, durante intervalos, encontrei espaço para me envolver em teatro, publicidade e apresentações corporativas. Humanizar uma personagem e mantê-la vibrante exigia constantes mudanças, tanto visuais quanto sociais. A evolução de Filó, com seus altos e baixos, refletia-se em cada performance, trazendo uma nova camada a cada vez que pisava nos palcos. Em 2009, dei um passo adiante ao abrir um canal no YouTube, onde compartilhei todos os meus programas. Dessa forma, fui construindo uma nova base de fãs, alcançando não apenas os espectadores originais, mas também seus filhos, netos e sobrinhos. A cada apresentação, sentia que meu público continuava diversificado, abrangendo todas as idades e classes sociais. Esse feedback era extremamente motivador, impulsionando-me a tornar Filó cada vez mais autêntica e cativante.

O POVO – Quais foram os desafios enfrentados para poder dar continuidade a um trabalho construído lá atrás e que passou gerações?
Gorete – Durante sete anos, minha personagem foi líder de audiência, cativando milhões de espectadores. No entanto, mesmo com esse sucesso estrondoso, fui surpreendentemente descartada pela emissora, ficando afastada da TV por longos 17 anos junto com a personagem que tanto amei interpretar. Enfrentar esse período de ausência foi um desafio imenso, mas mantive viva a chama da personagem com resiliência e determinação. A resiliência, sem dúvida, se mostrou como um desafio constante nesse trajeto.

O POVO – Em algum momento ao longo dessas três décadas com a Filó você chegou a pensar em aposentar a personagem?
Gorete – Inicialmente, confesso que considerei seriamente a ideia de me aposentar e desfrutar da vida em Jeri! (risos) No entanto, essa vontade surgiu há pouco tempo e foi passageira. Após minha saída do SBT, dei um passo atrás em relação à personagem quando fui contratada pela Record para atuar em novelas. No entanto, mesmo com esse distanciamento, nunca deixei de apresentar a personagem, ainda que com menos frequência, durante os intervalos entre as gravações das novelas. Cada vez que subo ao palco e recebo risadas calorosas e aplausos do público, sinto uma profunda gratificação. É como se essas reações alimentam minha alma, reforçando a convicção de que enquanto eu estiver aqui, a personagem estará viva. Ela não é apenas uma fonte de humor, mas também representa uma classe trabalhadora de mulheres domésticas brasileiras. A identificação que ela criou com esse público é imensa, o que me impõe um compromisso social além de simplesmente me divertir. Para mim, fazer rir vai além do mero entretenimento. É uma forma de conexão, de compartilhar experiências e de transmitir mensagens importantes para a sociedade.

O POVO – Você chegou a ter seu próprio programa de TV. Naquele momento, o que passou na sua cabeça enquanto artista e ver que um trabalho idealizado de forma tímida conquistou um lugar de relevância na mídia nacional?
Gorete – Desde a minha adolescência, comecei a moldar essa personagem inspirada nas empregadas domésticas que faziam parte do meu convívio. Eu a apresentava para minhas amigas, que sempre gargalhavam com suas peripécias. Minha estreia profissional como Filomena aconteceu em 30 de maio de 1994, em um pocket show realizado em um bar de Belo Horizonte, como parte da programação do Festival Internacional de Teatro de Rua (FIT-BH). Antes mesmo de ganhar espaço na televisão, Filomena já era uma figura popular na cidade. Ouvia constantemente as pessoas me incentivarem a buscar oportunidades na Escolinha do Professor Raimundo, do Chico Anísio, ouvir pedidos para me ver na TV. Experimentei todos os tipos de público: nos ônibus, metrôs, ruas e até mesmo em campanhas políticas e em hospitais, onde levava um pouco de humor para os pacientes. Montei meu primeiro espetáculo solo e conquistei um público incrível no teatro. Quando finalmente cheguei à TV em 1997, já tinha uma personagem pronta. O sucesso que veio depois foi resultado de muito trabalho, improvisação, determinação e dedicação. Modéstia à parte, sempre soube que poderia ter sucesso na televisão, mas a dimensão que a personagem alcançou, o alcance, a audiência, tudo foi mágico e profundamente gratificante. Muitos se viram representados na simplicidade, leveza e desejo de vencer da personagem, uma identificação que transcende o riso, tornando-se quase uma experiência antropológica. O POVO – Você tem uma ligação com o Ceará, mais especificamente com Jericoacoara. Me conta um pouco dessa relação com a cidade, quando foi a primeira vez que você a visitou? E o que te atraiu em Jeri?
Gorete – Fui para o Ceará para filmar "Cine Holliúdy 2" (2018) e, durante uma folga de 10 dias, recebi um convite especial de uma amiga artista mineira, casada com um italiano e proprietários de uma companhia de circo na Itália, para encontrá-los em Jericoacoara. Eles frequentavam a região há anos, e foi amor à primeira vista para mim. Jeri é uma vila deslumbrante, com nativos cearenses calorosos, uma gastronomia deliciosa e uma variedade de hotéis e pousadas para todos os gostos. Além disso, a cena musical é incrível, com músicos de alta qualidade tocando forró, samba, reggae e jazz. O mar, com suas águas azuis e verdes, é calmo e quente, e me transportou para as memórias dos interiores da minha infância, apesar de Minas Gerais não ter litoral. Sentia que Jeri era uma vila democrática, onde turistas de todas as partes do mundo se misturavam com os moradores locais, criando uma atmosfera única. Me senti segura e, como amante da dança, encontrei ali o meu parque de diversões perfeito. Essa primeira visita foi em 2017, e desde então, retornei diversas vezes. Em 2021, durante a pandemia, dei início à construção das casas e me mudei para lá em novembro daquele ano, permanecendo até janeiro de 2024. Apesar do intenso trabalho para acompanhar as obras, ainda conseguia me dedicar à minha carreira artística. Depois de três casamentos, aprendi a valorizar a solidão, namorei bastante, dancei muito e me diverti ao máximo. Contudo, percebi que o êxtase de viver em Jeri não era suficiente para satisfazer uma comediante como eu. Decidi então implantar meu próprio negócio, Casa das Milagres Jeri, que inclui as Casas Alice, Maria e Go. Porém, minha alma ansiava pelo palco, então resolvi retornar a Belo Horizonte para escrever, montar e estrear o espetáculo "Filomena 30 anos de Peleja". Em Jeri, os cearenses e visitantes de outros estados sempre me abordavam, pedindo fotos e vídeos para enviar às suas tias e avós. Percebi um grande saudosismo desse público, o que me levou a escolher Fortaleza como a segunda cidade para a minha turnê comemorativa dos 30 anos da minha personagem.

O POVO – E o que podemos esperar na apresentação da próxima semana no Theatro Via Sul Fortaleza?
Gorete – Filó está prestes a subir ao palco para compartilhar os últimos 30 anos de sua jornada desde que deixou a roça, lá no interior de Minas. De forma franca, ela reconhece que ali está para um stand-up, revelando que, após tantas batalhas sem se aposentar, percebeu que essa é uma maneira de ganhar uma renda extra. Ao longo do espetáculo, ela vai narrar os altos e baixos de sua carreira como doméstica, tudo com o seu característico humor. O que o público pode esperar? Rir, matar a saudade da personagem que antes só conheciam através da televisão e, no final, ter a oportunidade de abraçá-la e tirar uma selfie juntos.

Filomena 30 anos de peleja

  • Quando: sábado, 6, às 20 horas
  • Onde: Theatro Via Sul Shopping (avenida Washington Soares, 4335 - Seis Bocas)
  • Quanto: R$ 40 (meia-entrada) e R$ 80 (inteira)
  • Vendas: site Uhuu e bilheteria Theatro Via Sul

 

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