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Ceará Está na Moda: Evento ganha a primeira edição em Fortaleza
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Ceará Está na Moda: Evento ganha a primeira edição em Fortaleza

Iniciando nesta terça-feira, 23, o evento "Ceará Está na Moda" reúne novas coleções e mais de 100 expositores, movimentando o mercado da moda no Estado
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Ensaio de desfile dirigido por Cláudo de Santana para a estilista Marina Bitu, na São Paulo Fashion Week                                  (Foto: Regis Bittes/Divulgação)
Foto: Regis Bittes/Divulgação Ensaio de desfile dirigido por Cláudo de Santana para a estilista Marina Bitu, na São Paulo Fashion Week

"O objetivo desse evento é uma retomada, à nível nacional, do que a moda cearense pode propor", afirma Ivanildo Nunes, estilista que apresentará coleção durante o CEM.

Estreia, nesta terça-feira, 23, a primeira edição do "Ceará Está na Moda" (CEM), evento que tem como objetivo voltar os olhos da moda nacional para a produção nordestina.

Ocupando o Centro de Eventos do Ceará, o CEM se estenderá até a próxima quinta-feira, 26, trazendo 18 desfiles de moda, cada um com propostas estilísticas e apresentações únicas. Além disso, receberá mais de 100 expositores para o local, instigando o cenário e o mercado da moda cearense.

Com os olhos voltados para essa iniciativa, o Vida & Arte procurou conversar com Cláudio de Santana, diretor especializado em desfiles de moda, responsável por desfiles de grandes eventos como a própria São Paulo Fashion Week.

Para a ocasião, Cláudio está dirigindo todos os 18 desfiles do CEM, que acontecerão no decorrer dos três dias de evento. Trabalhando de perto com os profissionais do Estado, o diretor afirma estar trazendo "uma nova visão da direção de moda, mais alinhada com São Paulo e Rio de Janeiro."

Cláudio garante que possui o objetivo de singularizar cada desfile. "Cada desfile vai ser diferente, com cada apresentação da coleção diferente da outra. Uma luz diferente, um som diferente, uma projeção diferente e um 'catwalk' diferente do outro. Isso deixa tudo mais rico, deixa cada apresentação única", afirma.

O diretor explica que tem desafiado os profissionais do Estado a se prepararem para um "novo nível" do desfile de moda, pensando a nível internacional. Como cada um dos desfiles terá uma apresentação única, exigirá mais da preparação dos profissionais envolvidos no evento.

Para ele, esse tipo de preparação traz desafios tanto para as modelos, quanto para os profissionais que atuam na parte técnica do evento (técnicos de luz, som, LED, etc). "Isso também dá uma complexidade maior para o evento. Deixa tudo muito com uma complexidade grande, tanto para parte técnica, quanto para os próprios modelos"

Apesar do alto critério no preparo dos desfiles, Cláudio explica que as modelos cearenses estão se destacando e superando expectativas. Para o diretor, a maior diferença entre o Ceará Está na Moda e eventos de magnitude nacional como a São Paulo Fashion Week são, segundo ele, "as pessoas" e "como as pessoas respondem aos níveis de dificuldade".

Em comparação a outros estados e eventos que trabalhou, o diretor afirma: "Aqui, elas (as modelos) respondem bem melhor, porque aqui elas são mais abertas ao nível de dificuldade que eu venho apresentando. Elas estão mais interessadas em crescer. Aqui tem uma sede pelo crescimento e pela inovação, que eu não vejo em outros lugares".

Inovação e Sustentabilidade

Além da singularidade de cada desfile, as coleções apresentadas também prezam pela sustentabilidade de seus produtos. O designer e estilista Ivanildo Nunes, em uma produção collab com alunos do SENAC, apresentará uma coleção de 20 peças feitas com o reaproveitamento de tecidos descartados pela indústria têxtil.

"Nosso grande desafio era fazer uma coleção em que fosse usado o lixo têxtil, que iria ser descartado pela indústria, e não ficasse caricato. Não ficasse aquela coisa de emendar os pedaços de jeans e trazer aquela mesma estética”, conta.

"Na coleção todo mundo trabalhou em conjunto nesse propósito: de trazer para o nosso planeta um pouco mais de respiro", reforça.
Cada peça da coleção foi feita de maneira manual, em um processo de produção lento, mas que utiliza do reaproveitamento de roupas descartadas para criar novas peças.

"É uma produção que não teria essa agilidade da Indústria Têxtil. Realmente é uma coleção muito manual, deu muito trabalho, mas que mostra a possibilidade de reaproveitamento", explica o estilista.

Sobre a importância de um trabalho que reflete sobre questões ambientais, Ivanildo se manifesta: "O estilista, o criador, o designer precisa ter essa responsabilidade, ele tem que saber que ele faz parte de uma cadeia produtiva que polui muito. Alguns elementos do design podem ser colocados dentro de um processo produtivo diferente, para minimizar a poluição, buscando sempre por algo mais sustentável".

Vitor Cássio, um dos alunos do SENAC que colaboraram na criação da Coleção de Ivanildo Nunes, explica que "todas as etapas e processos criativos da coleção foram feitas de maneira coletiva e com vários intercruzamentos de ideias".

Segundo o aluno, a maior dificuldade do grupo foi a de "conciliar todas as ideias em prol de algo coeso, algo que pudesse se conectar com diversos grupos de pessoas, mas que também tivesse um foco".

"Minha maior gratificação foi poder me conectar com outros criadores, que estão para além do território de onde eu venho, e estar também me conectando com Fortaleza", completa Cássio.

Ceará está na Moda

  • Quando: 23 a 25 de abril, sempre a partir das 10 horas
  • Onde: Centro de Eventos do Ceará (avenida Washington Soares, 999 - Edson Queiroz)
  • Programação gratuita
  • Instagram: @cearaestanamoda
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