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Com Zendaya, 'Rivais' usa o sexo, desejo e amor como instrumento de poder
Vida & Arte

Com Zendaya, 'Rivais' usa o sexo, desejo e amor como instrumento de poder

Novo filme de Luca Guadagnino, estrelado por Zendaya, explora o desejo e o humor como modos de estabelecer relações de poder
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Cartaz
Foto: fotos Warner Bros/Reprodução Cartaz "Rivais" (2024)

O título é dos um dos versos do refrão da música "São Amores", sucesso na voz de Simone Mendes e Simaria e que recentemente ganhou repaginada em versão no novo álbum de Pabllo Vittar. A canção poderia figurar na trilha sonora de "Rivais" (2024), novo longa-metragem dirigido por Luca Guadagnino, que chega aos cinemas dia 25 de abril.

Centrado em um triângulo amoroso formado por Art (Mike Faist), um tênista famoso e com carreira consolidada, Patrick (Josh O'Connor), que já teve potencial no esporte durante a juventude, e Tashi (Zendaya), que se lesionou quando disputava campeonatos pela universidade, se tornando treinadora, a trama explora como o sexo, desejo e até mesmo o amor podem ser usados como ferramentas de poder.

Essa relação de coerção é mostrada por meio de roteiro de forma tanto explícita quanto implícita. Seja no modo como Tashi enfatiza que deixará Art caso ele decida se aposentar ainda no auge da carreira ou nos olhares que ela lança a ele dentro e fora de cada partida. Como a personagem usa o desejo e o amor que Donaldson e Patrick sentem por ela para fazê-los seguirem os planos dela. O que eventualmente faz com que um deles saia magoado.

É interessante que a disputa pela atenção de Tashi vai tomando outros contornos durante o enredo, conforme ela entra na vida dos dois. A competição pela jovem tenista faz com que surja uma tensão sexual entre Art e Zwaig, dando ao triângulo amoroso contornos de um trisal. O desejo que os três sentem um pelo outro é permeado também pelo amor, dando mais sensibilidade à história. O trisal vira então um quadrisal formado por Tashi, Art, Patrick e o tênis.

Já conhecido por metaforizar o sexo e o desejo por meio de gestos em obras como "Me chame pelo seu nome" (2017) e "Suspiria" (2018), o diretor não poupa simbolismos para ilustrar a excitação palpável entre os três personagens. Guadagnino usa movimentos simples como o momento em que o pé de Patrick puxa o banco de Art durante uma cena, para diminuir o espaço entre os dois.

Tudo isso em um ritmo intenso, que envolve o espectador trazendo cenas, a princípio, com ações triviais, mas que são fervorosas. Luca usa sabiamente a técnica a seu favor para tal, brincando com ângulos diferentes e trazendo a audiência para o ponto de vista dos personagens ou até mesmo da bola de tênis ao longo de uma partida. Quem assiste se transforma na bola disputada por Zweig e Donaldson, conferindo mais energia à narrativa e fazendo com que o desejo entre os personagens atravesse a tela. O espectador vira um tipo de voyer enquanto assiste ao filme.

A trilha sonora também é responsável por construir essa atmosfera de anseios pungentes. Com batidas impactantes nas cenas em que os personagens gritam um com o outro ou estão prestes a se agarrar. Além de diminuir nos momentos de pausa e breve contemplação, que aparecem no enredo como modo de auxiliar a audiência a processar e compreender as intenções postas ali por Justin Kuritzkes, roteiristas, e pelo próprio Guadagnino.

O elenco acompanha o ritmo proposto pela narrativa. A boa performance de Zendaya como Tashi já é algo esperado dada a qualidade da atriz, já Mike Faist e Josh O'Connor, Art e Mike, respectivamente, mostram mais de suas habilidades a quem ainda não pode vê-los nas produções "West Side Story" (2022), no caso de Mike, e "The Crown", onde Josh foi a versão mais jovem do Rei Charles.

Tashi é quem mais se destaca entre os três. Ao ser interpretada por uma mulher negra, que historicamente é objetificada e sexualizada pela sociedade, ela quebra o estereótipo ao usar esses recursos ao seu favor, não só para alcançar sucesso, mas para ser amada e desejada como merece. Trazer isso para um longa-metragem de um diretor de renome e que está no mainstream é algo poderoso e potente.

Rivais

  • Quando: estreia em 25 de abril
  • Sessões disponíveis em Ingresso.com
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