Logo O POVO+
Com "Rebel Moon - Parte 2", Zack Snyder continua legado popular e controverso
Vida & Arte

Com "Rebel Moon - Parte 2", Zack Snyder continua legado popular e controverso

Diretor de grandes sucessos sempre chama a atenção do público com os seus filmes, que possuem marcas registradas, mas dividem opiniões
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Diretor de cinema Zack Snyder: entre fãs fiéis e haters convictos (Foto: Gage Skidmore/Divulgação)
Foto: Gage Skidmore/Divulgação Diretor de cinema Zack Snyder: entre fãs fiéis e haters convictos

Zack Snyder, 58, chama atenção em tudo o que faz. E não foi diferente com o seu mais recente lançamento "Rebel Moon - Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes", longa original da Netflix, que dá sequência a uma produção de alta audiência.

Mas se cada projeto do diretor americano ganha bastante repercussão, outro ponto parece ser inevitável na carreira de Snyder: as críticas. A verdade é que, goste ou não, ele tem uma capacidade de gerar discussões bastante acaloradas entre os fãs, que são muitos, e os chamados haters, que talvez sejam maiores.

Zack atraiu bastante olhares com "Madrugada dos Mortos" (2004), longa de estreia que foi um marco para os filmes de zumbis, trazendo mais do que o horror em si e colocando até críticas espertas sobre consumismo desenfreado. Este filme foi escrito por George A. Romero, mestre do cinema de zumbi e o talentoso James Gunn ("Guardiões da Galáxia" e "O Esquadrão Suicida"), nova mente criativa da DC nos cinemas, posto que antes deveria ser de Snyder.

O roteiro ser assinado por dois nomes com visões excelentes para o cinema talvez seja o que tenha dado bastante suporte para Zack ter feito um bom trabalho. No primeiro filme, é comum de que vá tendo controle de suas histórias a partir de mais estofo, o que Snyder foi conseguindo cada vez mais.

Ele engatou diversos sucessos como "300" (2006), "Watchmen" (2009), filmes adaptados de HQs já consolidadas e com visões estabelecidas, mas que davam a oportunidade do diretor mostrar o seu talento para criar cenários empolgantes, cenas épicas e uma estética bastante autoral, porém, trazendo quase tudo idêntico ao material original. A única mudança do filme "Watchmen" para a obra de Alan Moore foi o ponto mais criticado do longa, referente ao final.

Em "O Homem de Aço" (2013), Snyder teria a oportunidade de ter um projeto que alcançasse o público, trazendo uma versão jamais vista do Superman nos cinemas. Algo mais cru, tirando a imagem somente do héroi como salvador e "messias", mas também o colocando como o "alien" que é, um estranho entre os humanos.

Confesso que a premissa me interessa e gostei do filme. Realmente tenho dificuldade de imaginar um extraterrestre, poderoso como o Superman, sendo tão adorado e sem trazer prejuízos para a humanidade. Entretanto, o saldo final não foi tão satisfatório de bilheteria e crítica. Viria, então, um desafio ainda maior, juntar pela primeira vez nas telonas o super-héroi com o Batman.

"Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016)" já começou polêmico por ser um filme sobre embate entre os dois. Quando lançada, a produção, mais uma vez, dividiu o público pela forma como Snyder enxerga o alien e o vigilante mascarado, embora tenha feito bastante estrondo nas marcas publicitárias e nos cinemas.

O seu maior desafio viria com "A Liga da Justiça" (2017), mas o trágico falecimento de sua filha, Autumm, o fez sair da produção. A DC, já insatisfeita com os resultados de Snyder, decidiu chamar Joss Whedon para repetir o sucesso de "Os Vingadores" (2012), o resultado não poderia ser pior em todos os sentidos.

A versão de Zack Snyder da Liga da Justiça só veio a ser lançada quatro anos depois, quando o nome do diretor esteve mais popular do que nunca. Ao longo de quatro horas, ele usou e abusou de todas as suas marcas, que segue em amarras nas suas produções cada vez mais autorais.

Longos efeitos de câmera lenta, músicas, trilha sonora épica, saturação alta, personagens musculosos. Tudo isso e mais é do feitio de Snyder. Mas, embora ele se saia bem na estética, falha na contagem de histórias.

Gostando ou não de "O Homem de Aço", "Batman Vs Superman" e "Liga da Justiça (SnyderCut)", há uma história querendo ser contada ali e há visões do diretor, por isso não se pode tirar o título de visionário. Porém, na direção, ele deve em muitos aspectos.

A falta de tato para cenas que requerem mais drama e menos ação épica, como o fátidico "salve Martha" - trecho de cena de "Batman vs Superman" -, tem colocado em cheque os filmes de Snyder. E o retrato disso são longas cada vez mais vazios e ausentes de tramas empolgantes.

Em "Rebel Moon", tanto a parte 1 quanto a 2, você tem belas imagens, mas muitas vezes se pergunta o que está acontecendo em tela e o porquê. Tudo isso, vale ressaltar, com a câmera lenta sendo usada exaustivamente.

No saldo final, diria que Zack Snyder tem sim visões para o que quer contar e entende de mundo. Mas talvez seja o caso de deixar para que roteiristas mais talentosos fiquem com o papel de contar histórias, deixando para ele o trabalho de fazer frames bonitos, que ele consegue executar bem. Assim, dizendo isto como admirador de seus trabalhos mais antigos, que Snyder consiga se redimir com os mais críticos e conquistar novos admiradores, porque ultimamente está difícil.

O que você achou desse conteúdo?