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De volta a Fortaleza, Duda Beat apresenta disco que vai do rock ao funk
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De volta a Fortaleza, Duda Beat apresenta disco que vai do rock ao funk

Pernambucana Duda Beat lança "Tara e Tal", disco no qual celebra raízes do manguebeat, canta com Liniker e foge das "regras" da indústria
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Duda Beat apresenta seu terceiro álbum,
Foto: Gabriela Schmidt/Divulgação Duda Beat apresenta seu terceiro álbum, "Tara e Tal", em show em Fortaleza

Na contramão da cartilha da música pop, Duda Beat não cria álbuns com muitas parcerias com outros artistas e nem sempre tem som que acompanha a tendência da indústria musical. Agora, com “Tara e tal”, terceiro disco da carreira, a pernambucana dá um novo passo na direção do underground – por outro lado, seu rosto é cada vez mais conhecido Brasil afora.

“Eu fico entediada muito fácil. Eu sempre quero trazer uma novidade. Sempre vou tentar surpreender o público”, elabora a artista em entrevista ao Vida&Arte. Neste sábado, 18, Duda retorna a Fortaleza para show no Náutico Atlético Cearense, no Meireles. No repertório, sucessos como “Bixinho” e “Meu Pisêro”, mas também as canções de “Tara e tal” – que passeiam pelo funk 2000, rock, lo-fi, drum and bass e outros sons da pista de dança.

Se no começo da carreira, em 2018, o público da cantora independente era ainda restrito. Hoje, Duda canta para as multidões e tem números robustos no streaming. O disco recém-lançado já bateu 10 milhões de execuções só no Spotify.

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“Não me deu insegurança (inovar), porque o ponto de partida é a gente gostar do que a gente está fazendo. Eu tinha muita certeza das misturas de gêneros sonoros que eu queria”, narra, apontando que objetiva ampliar os limites do pop e ter som mais dançante no terceiro álbum. A produção musical segue orquestrada por Lux Ferreira e Tomás Tróia.

Por meio das suas composições, Duda narra as muitas faces de uma relação amorosa. “No primeiro disco (“Sinto Muito”, de 2018), teve o tema da ilusão total. No segundo (“Te amo lá fora”, de 2021), tem a desilusão. Já no terceiro, é muito esse desespero de tentar ficar bem logo depois daquela fase do término”, elabora sobre o eu-lírico de cada trabalho.

Além das letras “sofridas” e das batidas experimentais, outra marca da artista é ter obras com conceitos visuais bem amarrados. Em “Tara e tal”, o surrealismo foi o norte. “Visualmente, eu queria uma coisa meio Alejandro Jodorowsky, diretor de cinema que tem um lado surreal, muito imaginativo e elaborado”, detalha.

Aos 36 anos, Duda ressalta estar vivendo um momento de amadurecimento. “A gente não é 100% seguro o tempo inteiro, mas eu sou muito segura com a minha música. Já fui muito insegura com outros aspectos, como idade ou corpo, e hoje estou cada vez mais desmistificando isso. Tudo se converte para você se encontrar”, pontua.

“Ter lançado um trabalho a partir dos 30 anos me deu uma noção de realidade muito curiosa, muito pé no chão, não sou um artista que me deslumbro muito fácil. A maturidade vem para a gente respeitar o tempo das coisas e não ter aquela afobação que tem quando é mais jovem. Aquilo de achar que está perdendo mil chances e mil oportunidades. O amadurecimento vem nesse sentido de não se atropelar tanto”, completa.

No álbum, a artista divide os vocais com a paulista Liniker na faixa “Quem me dera”. Ao Vida&Arte, Duda explica como pensa as parcerias. “É Primeiramente a canção e o que ela pede. Por exemplo, eu sentia que a música pedia a Liniker junto. Claro, além de eu ser muito fã do trabalho dela e de achar ela maravilhosa”. Ela completa: “É muito além do comercial, é o que realmente vai 'bater' de certa forma”.

O guitarrista pernambucano Lúcio Maia, fundador do Nação Zumbi, também está presente. A cantora ressalta que ter o Lúcio na obra é um “presente” e uma homenagem às raízes musicais que a influenciaram. “O Manguebeat para mim é muito importante, pois eu cresci ouvindo isso em Recife.

 A gente tem em Recife uma cultura de valorizar muito o que é da gente. Eu tenho muitas lembranças maravilhosas da minha infância ouvindo Chico Science e sabendo o quanto aquele cara era revolucionário”, conta, sobre o movimento cultural que, inclusive, inspira o nome artístico de Eduarda Bittencourt.

Apesar da projeção nacional, Duda corre por fora quando a pauta é exposição da vida pessoal. “Eu sou uma pessoa muito discreta, mas eu também sou uma pessoa muito real e muito honesta. Se alguma coisa acontecer, as pessoas vão acabar sabendo. É que realmente a minha vida é calma, tranquila”, conta. “Óbvio que eu sei que a polêmica engaja. Se um dia algo acontecer, algo vir a público, será uma coisa natural, não será uma coisa que cavei para ter mais visibilidade”, pondera, ressaltando ser a música seu maior foco.

A escolha pela Capital para receber show na primeira semana da turnê não foi à toa. Desde a apresentação de estreia da cantora por aqui, na Praia de Iracema, em 2019, a conexão foi “imediata”.

“Eu brinco que eu me sinto a Xuxa de Fortaleza (risos). Eu nunca vou esquecer. Estava no início da carreira, eu tentando sair da van para ir para o hotel e todo mundo gritando meu nome, muita gente querendo falar comigo. Eu fiquei muito feliz de ter meu trabalho reconhecido”, recorda, aos risos. “Se um dia eu fizer um DVD, eu quero muito que ele seja gravado em Fortaleza”, confidencia.

Tara e tal tour

Quando: sábado, 18 de maio, a partir das 19 horas

Onde: Náutico Atlético Cearense (Avenida da Abolição, 2727 - Meireles)

Quanto: a partir de R$ 90; ingressos à venda no site da Bilheteria Digital

Instagram: @caixadeevento

 

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