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O entorno às voltas com a violência
Vida & Arte

O entorno às voltas com a violência

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Tipo Notícia

O desafio da violência urbana acompanha o projeto da Rede Cuca desde o início. Em 2014, O POVO reportou que o Cuca Barra teria um Núcleo de Mediação de Conflitos diante do "descontrole da violência no bairro". A ideia era estendê-lo aos próximos Cucas para a Prefeitura atuar "nos conflitos de natureza interpessoal".

Em maio do mesmo ano, o jornal também destacou como os entornos dos três Cucas existentes à época apresentavam "sucessivos casos de violência", incluindo assassinatos de dois jovens.

Mesmo com gargalos, os Cucas têm influência importante na redução de crimes em seus entornos. A avaliação é de um coronel da Polícia Militar do Ceará (PMCE) que foi responsável pelo comando de operações de policiamento nos Cucas durante anos. Ele prefere não ser identificado.

O profissional elenca um trabalho conjunto entre a Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) e a PMCE. Antes, sentia que havia maior integração entre essas forças. Cita o caso do Cuca Jangurussu, com uma torre da GMF ao lado do equipamento.

"Era muito usada para policiamento. As forças agiam com viatura e moto. Em um raio de dois quilômetros do Cuca, diminuíam muito os roubos e os homicídios, então o Cuca acabou absorvendo essa juventude. Com o acirramento da rivalidade entre as facções a partir de 2012, o que aconteceu? O Estado e o Município foram relapsos", introduz.

Ele prossegue: "Hoje, se o jovem é do Morro Santiago, controlado por uma facção, ele não pode cruzar a rua para ir ao Cuca Barra, porque se ele for ele pode morrer (pois o território seria controlado por outro grupo rival)".

"Você via que era feito um policiamento comunitário. Quando a população via o Ronda do Quarteirão (que era o que tinha na época), ela criava esse elo com a polícia, então era uma coisa muito boa. Onde existiam as torres da GMF havia uma diminuição de roubos. Na época, fizemos uma estatística com a Prefeitura que os homicídios foram reduzidos em 50%", compartilha.

Apesar dos problemas enfretados, o coronel destaca a importância dos Cucas: "Vi jovens que estavam vulneráveis para servir ao crime virarem jogadores de futebol. Vi um rapaz que tinha irmão traficante e o outro havia sido assassinado, mas virou músico de uma banda".

Ele também enfatiza: "Tinha uma frase que eu adotava com meus policiais: 'Não existe segurança pública sem polícia, mas também não existe só com a polícia'. Tem que ter esses projetos. Tira muita gente da criminalidade. É uma pena você ver a situação se deteriorando a cada ano que passa".

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