Logo O POVO+
Rede Cuca 10 anos: os entornos e a vida entre a esperança e a insegurança
Vida & Arte

Rede Cuca 10 anos: os entornos e a vida entre a esperança e a insegurança

Rede Cuca celebra 10 anos e enfrenta desafios nos entornos dos equipamentos com frequentadores que lidam com o medo dos conflitos entre facções criminosas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Programa Cuca na Comunidade realiza ações no entorno (Foto: Prefeitura de Fortaleza/Divulgação)
Foto: Prefeitura de Fortaleza/Divulgação Programa Cuca na Comunidade realiza ações no entorno

Há quase 15 anos, em 10 de setembro de 2009, a Barra do Ceará foi palco da inauguração do primeiro Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca) de Fortaleza. Construído no antigo Clube de Regatas da Barra do Ceará, o Cuca primogênito era o pontapé da consolidação de um projeto idealizado para a juventude da capital cearense e firmado em 2014 com a criação da Rede Cuca.

O estabelecimento da Rede foi um passo importante para a consolidação dos objetivos iniciais previstos para os equipamentos. Era preciso dar oportunidades aos jovens e servir como ponto de esperança para aqueles que enfrentavam dificuldades em regiões de vulnerabilidade socioeconômica. O que foi iniciado na Barra se manifestou nas outras unidades:Jangurussu, Mondubim, José Walter e Planalto Pici.

Para além do público-alvo (a juventude), é possível dizer que os Cucas também atingiram demais moradores dos bairros onde se instalaram e até pessoas de outras regiões. Ao longo dos 10 anos da Rede Cuca, os equipamentos enfrentaram desconfianças, mas se firmaram como estruturas capazes de fortalecer a autoestima.

Como exemplo, matéria publicada no O POVO em 2015 já mostrava como o Cuca estava fazendo diferença na vida dos jovens da comunidade e do seu entorno. O centro urbano fazia parte do cenário de um local que "até pouco tempo só era lembrado pelo extinto aterro sanitário ou pela violência".

De uso da pista externa para caminhadas diárias a "sala de dança a céu aberto", de "passarela para desfilar tendências da moda" a "polo de lazer para uma caminhada de fim de tarde", os Cucas foram sendo reconhecidos ao longo desses anos como espaços que podem — e devem — ser ocupados de diferentes maneiras.

A partir de programas com serviços de saúde, orientação de empregabilidade, apresentações culturais e ações realizadas "fora dos muros" das unidades, os cinco Cucas visam reforçar vínculos e atender a moradores do entorno. Ainda assim, alguns desafios continuam, como lidar com a insegurança e a violência devido às disputas entre grupos criminosos que atuam em locais próximos.

Desde a criação da Rede Cuca em 2014, foram realizados mais de 4,5 milhões de atendimentos nas cinco unidades. Os dados são da Secretaria da Juventude de Fortaleza e demonstram uma importante demanda pelos serviços dos equipamentos.

Para além da oferta de vagas em esportes e cursos em áreas como teatro, música, dança, tecnologia e educomunicação (nos quais as vagas têm como prioridade jovens de 15 a 29 anos), os Cucas realizam programas para ampliar o contato com os frequentadores das unidades.

Um desses programas é o Cuca na Comunidade. A iniciativa é executada fora dos muros dos equipamentos da Rede Cuca e leva serviços de saúde à comunidade como testagem rápida de HIV, Sífilis e Hepatite B e C, vacinação e aferição de pressão. Em abril, o bairro Vila Velha recebeu a visita do projeto.

Outras atividades do programa incluem serviços de orientação de empregabilidade e elaboração de currículos e inscrição no CadÚnico, contação de histórias, feira do livro, jogos e oficinas, aulão de dança, aula de artes marciais e apresentações culturais.

No projeto Comunidade em Pauta, são realizadas reuniões mensais para ceder espaços dos Cucas para grupos da comunidade. Eles podem utilizá-los para ensaios, jogos, treinos, reuniões e exibições.

Há também a iniciativa Cuca Ambiental, que visa desenvolver atividades disseminando o conhecimento sobre o meio ambiente e a importância do cuidado e defesa da natureza para a sociedade. Em 2023, por exemplo, voluntários plantaram árvores, doaram mudas e visitaram casas do entorno da Lagoa do Mondubim para conscientizar sobre o descarte indevido de lixo no local.

 

O que você achou desse conteúdo?