Criar, ocupar, transgredir, existir. Esse é o tema da primeira Mostra Proibida, ação realizada pela Banida Plataforma, coletivo de fomento e apoio à arte LGBTQIA+, que inicia hoje, 5, em quatro cidades do Ceará. Com o título “Infestação”, a mostra surge a partir da desobediência de gênero, propondo uma ocupação da cidade por meio de experimentações estéticas, atos performativos e exposições fotográficas.
Ao todo, são 27 ações programadas para 10 semanas de duração. Dentre os espaços visitados, estão as ruas do Crato, Juazeiro e Barbalha, e, em Fortaleza, na praia de Iracema, no Hub Cultural Porto Dragão, na Feira da Messejana, na Quebrada Cultural, no Teatro Universitário e na Praça do Ferreira.
Com experimentos em diversas linguagens, a mostra é um encontro de corpos em ebulição, tendo como alguns de seus pilares a contranormatividade, a ocupação disruptiva, a experiência estética e a acessibilidade. Protagonizada por artistas, curadores e produtores dissidentes, a mostra tem mais de 90% da ficha técnica de pessoas LGBTQIA+, tendo a curadoria das ações de Barbara Banida, pessoa trans, diretora e artista da Banida Plataforma.
“A Mostra Proibida é uma mostra de ações da Banida Plataforma, que é uma associação de criação, curadoria e produção em artes dissidentes no Ceará. A gente tem atuado desde 2020 e sempre quis fazer essa mostra. Ela é a concretização de um sonho sonhado por muitos”, explica Bárbara Banida.
A Banida Plataforma atua como facilitadora no acesso a editais culturais para pessoas LGBTQIA+. Para Bárbara, é importante dar visibilidade e protagonismo aos corpos excluídos da sociedade, nas palavras de Bárbara, corpos dissidentes.
“A Banida tem protagonismo de corpos dissidentes e desde 2020 a gente tem criado projetos relacionados à cultura e à arte, especialmente ligados às artes visuais, à performance e às artes híbridas. A maioria são pessoas LGBTQIA+, assim como pessoas com deficiência, pessoas do interior do Estado, pessoas negras e da periferia. Então a noção de mostra proibida é também contestando o que nos foi proibido. É uma mostra de acesso”, complementa.
Para a primeira edição, a Mostra Proibida se propõe a explorar as diversas formas de manifestação artística, contemplando o visual, o sonoro e o sensorial, tendo os corpos dissidentes como instrumentos pelos quais a arte é expressa.
“A gente tem explorado os limites e as fronteiras e sempre indo mais e mais a fundo na investigação artística e estética também. Então é importante pensar não apenas a Mostra enquanto um ato de ativismo, mas também um ato de celebração e experimentação estética de corpos desobedientes”, destaca Bárbara.
Questionada sobre o por quê do nome Banida, Bárbara relembrou a sua trajetória como drag queen, quando pertencia à casa Covil das Banidas, e o significado de ser uma pessoa “banida” da sociedade, enquanto corpo LGBTQIA+.
“O nome Banida veio na época do meu mestrado. Eu criei um texto chamado 'As Banidas' que falava de uma ficção de que quando o mundo acabar, os corpos que já foram excluídos socialmente serão os que menos irão se desesperar. Eu penso muito que Banida é uma afirmação de uma potência que nasce da exclusão de determinados espaços mas também da intrusão. E era meu nome drag e atualmente é o meu nome de registro, inclusive, eu fiz a ratificação do meu nome em dezembro”, afirma.
A abertura se dará de maneira on-line, às 19 horas, e todos os detalhes e demais ações serão divulgados no instagram @banidaplataforma.
Abertura 1ª Mostra Proibida