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Márcio Muamba lança financiamento coletivo para primeiro disco autoral
Vida & Arte

Márcio Muamba lança financiamento coletivo para primeiro disco autoral

Márcio Muamba lança financiamento coletivo para seu primeiro álbum autoral "Histórias de outros carnavais" e convida público a preservar a memória da capital cearense
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Márcio Muamba lança financiamento coletivo para primeiro álbum (Foto: Lis Smith/divulgação)
Foto: Lis Smith/divulgação Márcio Muamba lança financiamento coletivo para primeiro álbum

Márcio Rodrigues, o Márcio Muamba, tem orgulho de contar que nasceu e criou-se no bairro José Walter, em Fortaleza. Segundo ele, o lugar é um verdadeiro celeiro de artistas. E foi lá que deu seus primeiros passos na arte. "O meu irmão mais velho era MC, cantor de rap, de funk, e eu sempre ajudava ele nas composições, então meu primeiro contato na música foi escrevendo, no auge da minha adolescência", conta.

O chamado para subir aos palcos logo chegou, quando assistiu a uma banda em um festival de rock no próprio bairro. "Foi a primeira vez que eu tive o sentimento de querer cantar, formar uma banda, pegar todas aquelas composições que eu já fazia e transformar em música mesmo", lembra.

Hoje, Muamba está imerso no lançamento do seu primeiro álbum "Histórias de outros carnavais", que surgiu durante a pandemia, com a saudade das ruas de Fortaleza ocupadas durante o pré-carnaval. Ele criou um financiamento coletivo para custear a produção.

"As músicas trazem esse sentimento de pertencimento, levando o ouvinte para dentro da própria cidade como protagonista. Eu quero trazer um som que seja a nossa cara, que a gente cante e se identifique, que se orgulhe, que tenha estampado - de forma simples e objetiva - a cultura cearense", compartilha. O disco traz composições que misturam frevo, marchinha, maracatu e rock.

Enquanto isso, Márcio também se apresenta com o projeto "Márcio Muamba e o Cancioneiro Nordestino", que este mês faz parte da programação do Centro Cultural Banco do Nordeste. O show ocorre neste domingo, 9, a partir do meio-dia, na Praça Waldemar Falcão. A entrada é gratuita e permitida para todas as idades.

Muamba tem ainda o sonho de desengavetar um projeto de pesquisa pessoal chamado "Meu Bairro, Minhas Raízes". O trabalho faz um resgate cultural de artistas do bairro José Walter que fizeram história nos anos 70, 80 e 90. "O meu maior desejo seria gravar um show, interpretando e cantando junto com esses artistas, e realizar também um documentário de entrevistas com eles", comenta.

Para Márcio, a entrada na cena musical fortalezense começou em meados dos anos 2000, com a banda de rock Muamba Zen, que circulou por diversos eventos e festivais importantes da época, como a Feira da Música e o Festival Vida & Arte. Em 2007, com o fim do grupo, ele decidiu seguir uma carreira mais intimista, apenas voz e violão, escolhendo ritmos da cultura popular, como embolada, repente e maracatu.

Porém, essa jornada musical passou por um hiato de seis anos: "Eu sou formado em tecnologia ambiental e também sou técnico em segurança do trabalho. Passei um bom tempo trabalhando com isso: construção civil; trabalhei na transposição do Rio São Francisco; em Mauriti, interior do Ceará; São José de Piranhas também, no interior da Paraíba". Em 2016, ao receber um convite para se apresentar no bairro natal, a saudade dos palcos bateu forte. "Depois dessa apresentação, eu realmente decidi voltar para a música e estou até hoje", comemora.

Muamba foi destaque em competições como o Festival Benfica e o Cusco Hawards, onde conquistou prêmios nas categorias de melhor videoclipe e melhor música para rádio. Mesmo não sendo fã de disputas, ele concorda que esses episódios contribuíram em sua carreira. "Eu acho que foi uma resposta para dizer que a gente estava no caminho certo, fazendo um som legal, tendo um reconhecimento bacana", avalia.

Márcio também é apaixonado por teatro e palhaçaria, o que o fez mergulhar em formações nas artes cênicas para adentrar esses outros universos: "É algo que já faz parte da minha vida, caminha lado a lado com a música", explica. Ele já participou de espetáculos e projetos audiovisuais e, em dezembro, deve estrear o espetáculo "Volare", em parceria com o Coletivo Paralelo, grupo de Maracanaú.

Segundo Muamba, o maior desafio de ser artista independente é tornar o trabalho sustentável e relevante dentro da indústria musical. Para ele, entender como funciona o mercado é importante para que os projetos sejam vistos, além dos incentivos culturais, que funcionam como um respiro para a classe artística se manter viva e produtiva.

"Falta uma valorização, um compromisso com o artista local", observa. "O artista só quer ter a condição de fazer a sua própria arte com dignidade, poder se sustentar através dela e fazer chegar, ao máximo de pessoas possíveis, a nossa poética, aquilo que a gente acredita, defende e está sentindo verdadeiramente", finaliza.

 

Márcio Muamba e O Cancioneiro Nordestino

  • Quando: domingo, 9, às 12 horas
  • Onde: Centro Cultural BNB (Rua Conde d'Eu, 560 - Centro)
  • Entrada gratuita
  • Mais informações: @ccbnb_fortaleza

 

Onde escutar

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