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Grupo de samba defende potencial do Bom Jardim como polo musical
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Grupo de samba defende potencial do Bom Jardim como polo musical

Ocupando com arte o território do Grande Bom Jardim, banda SamBomja promove e defende o acesso à musicalidade na periferia de Fortaleza
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Banda SamBomja (Foto: Mar Pereira/Divulgação)
Foto: Mar Pereira/Divulgação Banda SamBomja

O território do Grande Bom Jardim é local de florescimento cultural e fortalecimento de coletivos artísticos desde a consolidação do equipamento Centro Cultural Bom Jardim na região. O grupo SamBomja é a materialização disso. Os membros são Diego Furtado, Elias Oliveira, Lis Pereira e Victor Queiroz, todos "filhos" do bairro, cuja intenção é levar seu bom para os moradores do espaço.

O grupo começou em 2023 e o ponto de partida para que todos se conhecessem e passassem a se engajar musicalmente foi o mesmo: "O Centro Cultural Bom Jardim, dentro da trajetória da galera que está no grupo hoje, é um espaço muito importante dentro da nossa vida artística, porque atravessa a história de todos do grupo", destaca Diego.

Confira vídeo com o grupo Sambomja no Instagram do Vida&Arte neste link

Por meio de aulas, trabalhos e bolsas, os jovens se conheceram e reconheceram entre si o desejo comum de ter um grupo de samba e fazer música dentro de seu próprio território, para movimentar culturalmente a região. Elias conta que percebeu seu bairro, artisticamente parado em relação ao que era antes da Covid-19: "Eu estava olhando aqui e percebi que o bairro estava um tanto diferente depois da pandemia. Eu sentia que precisava fazer alguma coisa para mudar isso".

A história do nome "SamBomja", para além do significado simples de samba no Bom Jardim, carrega signos que representam os pilares que uniu Diego, Elias, Lis e Victor: a valorização do território.

"O Bom Jardim é sempre levado como um território ruim nas mídias e a gente que vive neste território entende as problemáticas, mas sabe que não existe só isso. Aqui também se faz arte, se faz cultura e se tem educação. Inclusive, é um bairro de muita luta", aponta Lis.

A intérprete complementa: "Para além das problemáticas, existem pessoas que criam e que fazem arte. Por isso, é importante levar o nome do Bom Jardim para onde a gente for. A gente quer muito demarcar esse espaço de arte e cultura do território, que é muito forte".

O SamBomja, para além da importância artística que tem ao Bom Jardim, também representa uma virada de chave na vida dos integrantes do grupo, que dividem suas trajetórias artísticas em antes e depois do projeto ser consolidado. Victor enfatiza: "Tem sido um projeto muito importante porque abriu espaços individuais e coletivos para a gente, tanto para se apresentar em locais quanto para projetos específicos de cada um. Eu acho que tem trazido essa maturidade de como pensar um projeto e de se organizar para um edital também".

Lis e Diego mencionam o SamBomja como um potencializador de autoestima artística. Antes do grupo, a intérprete não possuía confiança no próprio trabalho musical, mas viu essa realidade mudar dentro do Centro Cultural Bom Jardim e com a banda.

Ela conta: "A gente que é de periferia tem uma certa dificuldade em se reconhecer enquanto artista, porque existe uma galera que tem mais acesso que a gente, eles conseguem adentrar em alguns espaços que a gente não consegue tão facilmente". A artista explica que estar dentro de coletivos como o SamBomja representa a construção da autoestima da sua arte.

Já Diego, apaixonado desde criança pela musicalidade do samba, explica que o grupo funciona como um encontro dele com ele mesmo. "Era um sonho meu de pivete e é muito bonito ver isso acontecer dentro do nosso território, tem muito significado e muito sentido também. É muito bonito ver as pessoas começarem a escutar sambas por conta da gente", destaca.

Elias, por sua vez, menciona que o projeto lhe aproxima de sua ancestralidade: "Eu senti algo muito ancestral, eu percebi que é muito intuitivo da gente o tocar tambor". Ele continua: "Para mim, o SamBomja foi o olhar para trás para poder andar para frente, foi o movimento de entender origens e o passado da nossa cultura recente".

Diego Furtado, da banda SamBomja
Diego Furtado, da banda SamBomja

Diego Furtado

Responsável pelo pandeiro e pela percussão do SamBomja, Diego Furtado é apontado pelos demais integrantes do projeto como o que mais tem "a cara do samba". Ele conta que, desde criança, sempre foi apaixonado por samba e pagode e teve o cavaquinho como seu primeiro instrumento, ainda que não tenha conseguido desenvolver a priori. Entre idas e vindas na música, aprendeu a tocar violão e, em 2020, dominou o cavaquinho. Foi no CCBJ que ele desenvolveu sua pesquisa em música e conheceu Lis Pereira, a quem convidou primeiro para formar parceria.

Victhor, da banda SamBomja
Victhor, da banda SamBomja

Victor Queiroz

No violão 7 cordas do SamBomja está Victor, que é estudante de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Ceará (UFC). O jovem é autodidata no instrumento e amadureceu seu trabalho por meio do contato com outros artistas e com a pesquisa na graduação. Foi no Centro Cultural do Bom Jardim que ele teve a oportunidade de se apresentar em um palco pela primeira vez. Também foi lá que ele, em 2022, conheceu Diego e Lis, o trio passou a fazer apresentações musicais informais no próprio equipamento e no Centro Cultural Banco do Nordeste.

Lis Pereira, da banda SamBomja
Lis Pereira, da banda SamBomja

Lis Pereira

Lis Pereira é a voz do SamBomja e também toca instrumentos como tamborim e chocalho. Segundo a cantora destaca, sua luta "fortalecer o protagonismo" das mulheres no samba.

A artista cresceu na igreja, onde pode desenvolver suas habilidades vocais e aprender a tocar violão. No entanto, sua confiança artística veio por meio do projeto Jovens Agentes de Paz (JAP) e posteriormente com o Centro Cultural do Bom Jardim e o SamBomja. Foi no equipamento de seu bairro que ela conheceu Diego, Victor e, posteriormente, Elias.

Elias Oliveira, da banda SamBomja
Elias Oliveira, da banda SamBomja

Elias Oliveira

Na marcação do surdo e compondo o vocal está Elias Oliveira. O jovem começou sua trajetória na música aos 10 anos com aulas de violão na escola e, na vida adulta, chegou a fazer parte de outros projetos musicais do gênero rock e indie. Sua passagem pelo Centro Cultural Bom Jardim aconteceu nos anos de 2018 e 2022, por meio de laboratórios de pesquisa em música. A partir da ideia de Elias de formar uma banda, Victor chamou também Diego e Lis para o grupo. Depois de algumas reuniões, SamBomja já era uma realidade.

SamBomja

Acompanhe nas redes sociais: @sambomja

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