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Catálogo apresenta mais de 50 artistas do grafite no Ceará
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Catálogo apresenta mais de 50 artistas do grafite no Ceará

|Biografia| Com o intuito de situar quem são os artistas urbanos e grafiteiros do Ceará, Nick Pereira lança o catálogo com mais de 50 artistas
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Cristiano Pereira (Nick), idealizador do catálogo de arte urbana cearense
Foto: Ana Cristina Mendes/Divulgação Cristiano Pereira (Nick), idealizador do catálogo de arte urbana cearense "Poéticas e presentificação do graffiti na periferia de Fortaleza"

Na última semana, o Museu do Ceará realizou o evento de lançamento do catálogo artístico "Poéticas e presentificação do grafite na periferia de Fortaleza". O projeto, idealizado pelo artista Cristiano Pereira, conhecido como Nick, fez parte do processo de conclusão do seu curso de mestrado em artes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), e conta com o registo de 57 artistas urbanos do Estado do Ceará, que trabalham com o grafite.

A ideia do catálogo nasce a partir de um questionamento inicial: "Quem são os artistas grafiteiros de Fortaleza?". Em entrevista ao Vida&Arte, Nick compartilha: "Fiz várias pesquisas sobre a cidade de Fortaleza, sobre a história do grafite, sobre como ele é visto no ambiente acadêmico, principalmente, e não encontrei dados sobre o grafite como eu o conheci. No movimento hip-hop da década de 1990".

Essa lacuna da falta de representatividade desses artistas que existem e habitam a Capital levou o grafiteiro ao lançamento do catálogo, deixando um registro para as próximas gerações daqueles artistas que estão atuando com o grafite em Fortaleza, na década atual.

"Um documento histórico para a cidade de Fortaleza. Importante para a manutenção do grafite aqui no Estado do Ceará, para contar história. Porque ele traz um pouco da biografia de cada grafiteiro que está lá", reforça o artista.

O catálogo contempla a história de artistas que trabalham há mais de 20 anos com arte urbana no Estado, mas também de artistas que ingressaram no meio há cerca de dois anos. Dessa forma, dando espaço tanto para os novos, quanto para os antigos nomes da cena.

Nick Pereira também explica que o grafite é uma arte que adentra, principalmente, a realidade de jovens negros e periféricos, e mostra que essa vertente artística os leva a criar uma maior criticidade acerca do sistema que os rodeia.

"O grafite é uma arte periférica produzida, principalmente por jovens negros, né? Eu resolvi conversar com diversos grafiteiros na cidade, entender como é o processo deles e saber onde eles estão e o que eles estão produzindo por aí. Eles toparam conversar para o catálogo e tivemos um total de 57 grafiteiros, entre homens e mulheres", explica.

Para o artista uma das principais dificuldades que o grafite enfrenta atualmente está na sua visibilidade e na dificuldade em alcançar espaços institucionais. Além disso, o preconceito conceitual sobre a técnica quando utilizada de forma crítica ainda é muito comum, sendo mais populares estilos de grafites que são mais "visuais".

"Muita gente ainda desconhece o que é o grafite em si, né? Conhecem outra estética, um grafite mais com representação de pessoas de lugares, mas o grafite com letras é desconhecido. O desafio é fazer com que esses espaços institucionais eles possam acolher o grafite da forma como ele é conceitualmente e possa incluir reconhecer esse grafite como uma cultura visual periférica", critica.

Para além do projeto do catálogo, Nick Pereira participa da iniciativa "Percurso do Grafite", que leva e ensina a arte do grafite nas escolas públicas do Estado. Sobre o papel da arte de rua no processo educacional, o artista e educador explica a importância do grafite como uma atividade que te faz entrar em contato com o ambiente em que se vive.

"O grafite é uma arte relacional que abre muitas possibilidades para o artista perceber o local onde ele está inserido. É uma arte que comunica, que promove o envolvimento a partir da estética dele. Então, dialogar sobre o grafite com estudantes, com o pessoal que está em formação, ajuda a construir uma criticidade, a fazer com que essas pessoas se vejam e tenham um pensamento crítico sobre elas e o ambiente, sua cidade", finaliza.

Os exemplares do catálogo podem ser adquiridos no laboratório de fotografia e coordenação do programa de pós-graduação em artes, do IFCE.

Catálogo "Poéticas e presentificação do graffiti na periferia de Fortaleza"

Onde adquirir:

  • Labfoto e na secretaria do PPGArtes, do IFCE - avenida Treze de Maio, 2081, Benfica
  • No Prossica - Rua Dr Predo Sampaio, 378, Passaré
  • Instagram: @jclp_nick

Gratuito

Quando: de segunda a sexta no IFCE (8 às 12h); no Prossica (8 às 17h)

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