Logo O POVO+
"Encantado": Silva se assume como cantor romântico em sexto disco
Vida & Arte

"Encantado": Silva se assume como cantor romântico em sexto disco

Silva retoma atividades e se assume como cantor romântico em "Encantado", sexto disco e trabalho mais difícil da carreira
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Cantor capixaba Silva lança sexto disco
 (Foto: Jorge Bispo/Divulgação)
Foto: Jorge Bispo/Divulgação Cantor capixaba Silva lança sexto disco

Silva chega ao seu sexto álbum de estúdio, "Encantado", como quem se apresenta pela primeira vez. "Encantado, Silva", brinca.

O álbum recém-lançado vem quatro anos depois do último disco, "Cinco". Não é exagero dizer que tudo mudou desde 2020. Quatro anos e muitas emoções depois, o músico teve que recalcular rota.

O novo trabalho serve como um rito de passagem: o projeto marca o retorno do artista ao seu trabalho e aos shows autorais - sua reabertura para o mundo. E como todo rito de passagem, foi dolorido. "Talvez tenha sido o álbum mais difícil que eu fiz", revela.

O primeiro passo foi se entender como um cantor romântico. "Encantado" visita amores e desamores ao longo de 16 músicas, entre samba, MPB, indie rock e até um pouco de funk. Não é somente um álbum romântico, como uma declaração às paixões musicais de Silva: tem Arthur Verocai, Leci Brandão e Marcos Valle entre os colaboradores.

E ele reforça que as participações foram de coração. "Quis usar a intuição. Quis pensar criativamente, para o feat fazer parte da criação".

Formado em violino pela Fames (Faculdade de Música do Espírito Santo), Silva é sobretudo um eterno estudante, apaixonado por música. Ele cita músicos clássicos e contemporâneos - de Verocai a Ravel. Para ele, é necessário abraçar os ídolos enquanto houver tempo.

"Esse disco [Encantado] é dedicado a João Donato", revela. Os dois colaboraram na faixa "Quem Disse", do álbum anterior, e tinham mais planos: "Cheguei a olhar um apartamento na Urca, onde ele morava no Rio, para fazer pelo menos um EP, criar músicas juntos. Mas não deu tempo", lamenta.

"Quero aprender muito enquanto (meus ídolos) estão aqui. Tem gente que perdi: Gal Costa, gravei com ela, fiz show com ela. As pessoas que você mais admira, às vezes a gente não dá valor em vida. E depois que morre, todo mundo quer fazer tributo".

Entre colaborar com seus ídolos e ter tempo para criar em casa, o músico vê sua posição hoje como um imenso privilégio. "Peguei o mercadão [da música]. Meu primeiro álbum foi gravado dentro do meu quarto. Com a pior acústica do mundo. Eu entrava literalmente dentro do armário e gravava", lembra. Para ele, imaginar ter tantos instrumentos, recursos e conexões era inimaginável.

"Então eu sou muito grato por muita coisa que aconteceu", diz. Com respiro, o músico ainda reside ("escondidinho", diz) em Vitória, no Espírito Santo, onde criou "Encantado". O disco é solar, mas é agridoce: encerra na frase "a vida é triste, mas não precisa ser", repetida algumas vezes.

Silva (e seu novo álbum) tentam sorrir frente à dureza da vida - um sentimento pós-pandemia. "A vida é triste, mas não precisa ser", reforça. "Acho que a gente tem que querer viver. É bom querer viver".

Encantado

Disponível nas plataformas digitais de música

Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

O que você achou desse conteúdo?