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Festival For Rainbow celebra 18 anos e celebra internacionalização
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Festival For Rainbow celebra 18 anos e celebra internacionalização

Comemorando a 18ª edição, o Festival For Rainbow se prepara para iniciar mais um ano com produções nacionais e internacionais que abraçam a diversidade
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Foto: Lucas Marçal/Divulgação "De noite, na cama", curta acompanha um casal e os momentos antes delas adormecerem

Com mostras de filmes, apresentações musicais e oficinas que abraçam a cultura e diversidade, a programação do Festival For Rainbow inicia nesta sexta-feira, 21, com abertura oficial marcada para acontecer no Complexo Cultural Estação das Artes, a partir das 19 horas. Na ocasião, estão previstas uma homenagem ao humorista Paulo Diógenes e show de Potyguara Bardo.

O cartaz oficial do evento este ano é estampado pela frase simples, mas de grande peso: “18 anos de orgulho” — que espelha o sentimento da diretora-executiva do festival, Veronica Guedes, pelos anos de caminhada dele. “Nós temos muito orgulho da nossa trajetória e história. Temos muito orgulho de conseguir nos manter esse tempo todo”, sustenta.

Não para menos, ao longo das edições o For Rainbow vem sendo um importante palco no Ceará para contemplar e fortalecer a presença da comunidade LGBTQIAP+ em diversas áreas artísticas. Veronica ressalta:

“Fizemos por 18 anos com muita luta, sem deixar de fazer nenhuma edição. Acredito que o festival tem sido muito importante como um espaço de visibilidade da cultura LGBT e como um espaço de luta contra a LGBTobia, o machismo e o racismo”.

Esta luta e engajamento com pautas sociais e políticas atrai atenção e ajuda a expandir o alcance do festival, que ultrapassa não apenas as fronteiras cearenses, mas também as brasileiras, alcançando outros países mundo afora.

Em 2024, por exemplo, foram inscritos filmes de 98 países diferentes e, após a curadoria, serão exibidos na mostra de curtas e longas-metragens obras de 12 nações. “É uma mudança gigantesca de trajetória, construída dia a dia, luta a luta”, pontua a diretora executiva.

"Sombra" é o filme de estreia de João Pedro Rabelo(Foto: Divulgação/Nathaniel Maia)
Foto: Divulgação/Nathaniel Maia "Sombra" é o filme de estreia de João Pedro Rabelo

“Somos uma janela muito importante do cinema LGBTQIAP+ no Brasil e creio que estamos começando a ser no mundo, né? 98 países são mais da metade do planeta. (É) uma mudança muito grande para um festival que começou como um festival de curta-metragem nacional e hoje é internacional”, continua.

Ela também acredita que o For Rainbow ajudou a incentivar a produção de “filmes com temática LGBTQIAP+ no Ceará e deu visibilidade a profissionais dessas comunidades”. “Obviamente não foi apenas nós, mas creio que temos um pedaço na construção dessa história no cinema”, afirma.

Ainda assim, Veronica aponta que muitos diretores têm uma visão estereotipada em relação a pessoas da comunidade. “Com nossas oficinas tentamos mudar um pouco ou contribuir para mudar essas visões que o cinema brasileiro ainda tem das pessoas LGBTQIAP+”.

João Pedro Rabelo está fazendo sua estreia como diretor de um trabalho audiovisual, com o curta-metragem “Sombra” — filme que acompanha um casal gay. Um deles testa positivo para HIV e “passa a viver um terror interno, que acaba refletindo na relação externa dele com o companheiro”.

Para ele, ter seu primeiro trabalho exibido no For Rainbow é “começar com o pé direito”. “O festival, através de suas mostras, incentiva e impulsiona trabalhos feitos por pessoas LGBTQIAP+. Para mim, é o reconhecimento de todo um esforço coletivo”, elabora.

Ele conta que antes da inscrição e seleção, não tinha “dimensão” do quão grande e importante era o evento. “Comecei a minha jornada de trabalho aos 14 anos em um mercantil e essa perspectiva de se tornar artista, de pensar e elaborar trabalhos artísticos, não era uma expectativa para mim”.

“E hoje está com essa perspectiva de que vai ser apresentado agora no dia 23, lá no Cinema do Dragão do Mar, um trabalho que foi dirigido e apresentado por mim, ainda que seja meu primeiro trabalho, é muito gratificante. Fiquei muito feliz e me incentivou a querer buscar mais arte e meu desenvolvimento”, arremata.

A realização do curta “Sombra”, dirigido por João Pedro, foi possível pelo edital Aldir Blanc, assim como tantos outros que seguem no cenário cearense. Mas Verônica destaca que ainda falta um investimento mais efetivo por meio de políticas públicas na área, por meio de editais constantes, investindo em todas as áreas do cinema do Estado.

"Pedagogias Da Navalha: Se a palavra é um feitiço, minha língua é uma encruzilhada": curta brasileiro tem linguagem híbrida (Foto: Colle Christine Avelar/Divulgação )
Foto: Colle Christine Avelar/Divulgação "Pedagogias Da Navalha: Se a palavra é um feitiço, minha língua é uma encruzilhada": curta brasileiro tem linguagem híbrida

“Tivemos ano passado muitos filmes cearenses premiados. Na verdade, nos últimos três anos, estamos brigando no cenário internacional, mas falta apoio para que, de fato, sejamos uma indústria”, defende a diretora.

Voltando ao For Rainbow, Verônica espera que o evento continue sendo um espaço para obras afirmativas da comunidade.

“Não colocamos no festival filmes apenas de violências contra LGBT por violência, isso já passamos o dia vivendo. Colocamos questões afirmativas que precisam ser colocadas. Filmes que tragam possibilidades para discutir saídas sobre essas questões”, conclui.

Festival For Rainbow - programação abertura

Quando: sexta-feira, 21

14 às 17 horas - “Oficina de Maquiagem de Efeitos para Cinema”, com Bel Reis 

Onde: Hub Cultural Porto Dragão (rua Bóris, 90 - Centro)

17 horas - Abertura oficial

- Homenagem ao humorista Paulo Diógenes

- Show com DJ Angel History

- Show de Abertura do 18º For Rainbow com Potyguara Bardo

Onde: Complexo Cultura Estação das Artes (rua  Dr. João Moreira, 540 - Centro)

Gratuito

Instagram: @festivalforrainbow

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