Nem carrinho e nem boneca, o brinquedo favorito de Bruno Carvalho, artista do Conjunto Ceará que faz sucesso cantando canções de Joelma, sempre foi um microfone. Por meio de vídeos virais nas redes sociais, sobretudo com a música "Voando pro Pará", o cearense de 33 anos pôde ampliar sua atuação profissionalmente em bares e eventos da Cidade nos últimos anos, fazendo cover vocal da cantora paraense.
Mas o sucesso e a ideia de cover não eram o plano inicial. Tudo começou a partir das influências musicais que, na sua adolescência, eram bem complexas. De Evanescence a Calypso, Bruno conta que gostava de artistas que possuíam um “quê de diferente”. Foi nesse sentido que Joelma ganhou sua maior atenção: “Era diferente do que a gente costuma ver no timbre, na forma de cantar, de se expressar, dançar. O figurino sempre me chamou muito a atenção”.
Por ouvir bastante a cantora Joelma, Bruno passou a cantar músicas de Calypso entre amigos também, em especial karaokê, que era o “rolê” favorito da turma. “Na época, eu colocava a minha voz tentando imitar ela e o pessoal falava que meu timbre era parecido com o dela. Aí eu comecei a observar isso, a trabalhar no que eu via também, ouvia muito ela, comecei a pegar os trejeitos de voz, de timbre, de técnica que ela usa e deu o que deu”, explica.
Apesar da paixão pela música e da vontade de seguir carreira, Bruno fez graduação em outra área que não era o seu sonho inicial. A decisão envolveu medo, pressão social e insegurança.“Então eu quis primeiro buscar uma formação, uma área de profissão ali e levar a música como paralelo. Se for para viver da música, vai ser uma coisa que vai acontecer naturalmente”, conta.
Foi então que, em 2018, Bruno saiu com seus amigos para uma hamburgueria no Lago Jacarey, a Cordel Burger, onde estava tendo um show. Após a apresentação, ele pediu para a dona do estabelecimento liberar os microfones para a turma brincar de karaokê e, com a permissão, ele começou a cantar músicas da Joelma no lugar.
“Na época, a primeira pessoa que me viu e que fez eu viralizar foi a humorista Dinah Moraes, que estava na hamburgueria e fez uma live no Facebook dela. Essa live teve mais de 300 mil visualizações no Facebook e mais de 2 mil compartilhamentos em números atuais. Foi a primeira vez que viralizei na internet”, diz o artista.
Desde então, a voz de Bruno e a sua semelhança com a de Joelma vem chamando a atenção no Brasil todo, inclusive para a própria cantora paraense, com quem Bruno se encontrou diversas vezes desde o primeiro viral em 2018. Sobre a primeira vez que cantaram juntos, em um show dela em Fortaleza no ano de 2018, ele destaca: “Foi incrível. Foi como a criatura do lado do criador, uma sensação única”.
Em novembro de 2023, o artista esteve em um dos vídeos mais vistos do País, novamente, cantando a música “Voando pro Pará”, de Joelma, remixada posteriormente pelo funkeiro Pedro Sampaio na mesma época e ficou até o começo de 2024 no topo das paradas musicais. Com o sucesso, Bruno representou o Conjunto Ceará em programas de auditório de grande alcance na TV, como o "Caldeirão com Mion" e "Domingo Legal".
Além disso, a repercussão impactou em suas apresentações: “Lá na pizzaria onde foi gravado o vídeo, você não tem noção da loucura que foi. A dona tinha que alugar 40 conjuntos de mesa, porque tinha muita reserva de muita gente de fora do Estado. Como tinha muita gente na época de férias em Fortaleza, por exemplo, quando eu fazia karaokê lá, que eu terminava de cantar, que o pessoal ia bater foto comigo, era gente de Manaus, de Belém, de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, era gente do Brasil inteiro naquela pizzaria. Caramba! Foi uma loucura”.
A pizzaria a qual Bruno se refere é a Master Pizzas, do bairro Damas, onde Bruno se apresenta semanalmente. Segundo ele, ainda não houve oportunidades para que ele se apresentasse no próprio bairro devido à falta de empreendimentos ou eventos na região com abertura para um show seu. A intenção, todavia, é ocupar esse espaço cresceu e fazer dele também um lugar para seu palco.
Ainda que Bruno Carvalho esteja vivendo um momento de muito sucesso na música como cover vocal de Joelma, realizando shows em restaurantes e eventos particulares, o artista não tem a arte como sua fonte principal de renda e sente insegurança em relação a viver da música no futuro.
Ao Vida&Arte, ele se comparou no contexto de nomes como Nattan, Mari Fernandes e João Gomes, artistas de “vinte e poucos anos” que conseguiram se estabelecer na música. “Eu já tenho 33, vou fazer 34 anos. Eu fico pensando: ‘Será que vale a pena arriscar?' Eu já tenho meu emprego, meu apartamento, minhas coisas".
“Viver de música aqui em Fortaleza é muito complicado, o pessoal é muito explorador. Eu não faço show em bar praticamente, porque a galera quer pagar R$ 600 para você cantar por 3 horas, mas o meu show hoje é com dançarino, eu levo todo o meu equipamento de som, que eu compro. Eu faço mais eventos corporativos e aniversário privado do que mesmo um barzinho. Porque a galera não valoriza, não paga não”, declara.
Onde assistir Bruno Carvalho