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Ateliês reúnem artistas e público em torno da criação artística
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Ateliês reúnem artistas e público em torno da criação artística

Espaços de criação se espalham por Fortaleza compartilhando o processo criativo entre o publico e os artistas
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FORTALEZA, CEARÁ, 17-06-2024: Cuadro Ateliê, espaço dos artistas Sombra, Sofia e Esmeraldo. (Foto: Fernanda Barros / O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, 17-06-2024: Cuadro Ateliê, espaço dos artistas Sombra, Sofia e Esmeraldo. (Foto: Fernanda Barros / O Povo)

Caracterizados como ambientes de criação coletiva, os ateliês em Fortaleza vêm movimentando o cenário artístico e cultural da Cidade. Para além de um espaço onde artistas realizam suas produções, os ateliês se mostram como locais de acolhimento e fomento artístico.

Entre atividades como cursos, exposições, eventos e oficinas, estes ambientes se recriam, tornando a profissão artística mais rentável, além de apresentar para a população as produções de artistas locais. Assim, também inspiram mais pessoas ao fazer artístico.

O Vida&Arte selecionou três ateliês e apresenta possibilidades que eles proporcionam. São eles o Cuadro, dividido por três artistas; os Ateliês do Pocinho, localizado no edifício Palácio Progresso; o Ateliê de Impressos, também um espaço de resistência ideológica; e Cinco Sete, espaço criativo e formativo.

Artistas que compõem o Ateliê Cinco Sete, Saulo Ellery, Gabriel Gripp, Camila Albuquerque e Letícia Façanha
Artistas que compõem o Ateliê Cinco Sete, Saulo Ellery, Gabriel Gripp, Camila Albuquerque e Letícia Façanha

Cinco Sete

Composto atualmente pelos artistas Gabriel Gripp, Letícia Façanha, Saulo Ellery e Camila Albuquerque, o Cinco Sete vem realizando atividades artísticas em Fortaleza desde 2022.

A casa se veste com o toque de cada artista que compõe o grupo, abrigando galerias individuais e se tornando um espaço de convivência coletiva. O Cinco Sete também divulga cursos de pintura e cerâmica com um máximo de até cinco alunos para que haja uma maior imersão nas atividades.

Gabriel Gripp, um dos idealizadores da casa, compartilha que uma das vantagens de se trabalhar em ateliê é a criação de um ambiente de troca entre artistas. "Ter pessoas para compartilhar o processo, falar sobre os caminhos que o trabalho está tomando. O trabalho é sempre muito solitário, mas é legal ter esse momento de compartilhar, de conversar, sabe? Momentos de troca", explica.

O espaço, separado em dois andares se divide entre o superior, para ateliês individuais, e o inferior, para a realização de cursos e oficinas.

Gripp tem focado seu trabalho em explorar diferentes relações estéticas, como "um teatro de objetos". Ele acrescenta que uma das gratificações em fazer parte de um ateliê é "perceber como o espaço que a gente tem aqui consegue juntar pessoas".

Sobre os cursos de pintura e cerâmica oferecidos pelo Ateliê, Gripp diz que é gratificante "perceber que as pessoas estão desenvolvendo ali uma linguagem delas durante as aulas. Que elas estão tendo um espaço para colocar em prática esse interesse que outrora elas não tinham".

  • Quando: visitações de segunda à sexta, das 10 às 16 horas
  • Onde: Rua Adolfo Siqueira, 57 - Joaquim Távora
  • Instagram: @ateliecincosete

Conheça os artistas:

  • Letícia Façanha - @afacanhadeleticia
  • Gabriel Gripp - @gabrielgripp_
  • Camila Albuquerque - @camilapinheiroalbu
  • Saulo Ellery - @sauloellerys

 

Cuadro

Recentemente inaugurado, o Cuadro Ateliê se mostra como um espaço de novas possibilidades artísticas em Fortaleza. Idealizado pelos artistas visuais Camila Sombra, Sofia Hernandez e Lucas Esmeraldo, o ateliê nasce da vontade inicial de se ter um espaço coletivo de produção.

Sofia Hernández explica que tudo "surgiu da necessidade, da gente, de ter um espaço de criação e de estudo". A artista, que tem focado em suas obras estéticas envolvendo cartões postais, envelopes e elementos litorâneos, compartilha algumas das intenções do grupo.

"Idealizar um espaço cultural em que a gente possa produzir. Um espaço que possa ser a nossa casinha, mas também ser um lugar acolhedor para a produção das outras pessoas", expressa.

Entre as propostas do espaço, estão sessões de desenho com modelo vivo, oficinas envolvendo pintura e desenho (com participações especiais) e cursos fixos. Além da realização de eventos, de modo geral, se mostrando como um ambiente convidativo para receber exposições de artistas da Cidade.

Camila Sombra, que em suas obras vem retratando temáticas associadas ao cansaço humano, expandindo do físico ao psicológico, quando questionada sobre o sentimento de estrear um ateliê artístico, afirma: "é um sentimento muito bom de uma teimosia que deu certo".

"Todo mundo que é artista em algum momento da vida já tentou fugir do rolê de fazer arte, de ser artista. Eu acho que (o ateliê) acaba trazendo um sentimento muito positivo de tipo: 'poxa, eu não consigo fugir disso, então vamos aceitar, vamos abraçar isso e vamos mergulhar de cabeça também'", finaliza a artista visual.

  • Onde: José Barcelos, 62 - Parque Araxá
  • Instagram: @cuadroatelie

Conheça os artistas:

  • Sofia Hernández - @soyfria
  • Lucas Esmeraldo - @esmeraaaldo
  • Camila Sombra - @sombracamila

 

Ateliê do artista plástico Sérgio Gurgel, no Palácio Progresso
Ateliê do artista plástico Sérgio Gurgel, no Palácio Progresso

Ateliês do Pocinho

"Gostamos de pensar os Ateliês do Pocinho como um organismo formado por artistas visuais, tatuadores e músicos que aos poucos foram ocupando salas comerciais do Edifício Palácio Progresso, no Centro da Cidade, para desenvolver seus trabalhos", explica Diego de Santos, artista visual residente dos Ateliês do Pocinho.

Os ateliês ficam no Palácio Progresso, prédio histórico de Fortaleza. Diego explica que cada um tem seu espaço e autonomia. Entretanto, a vizinhança cria um ambiente de diálogo e coletividade.

"Isso vem se construindo há bastante tempo, desde que o Sérgio Gurgel inaugurou seu ateliê no prédio, em 2017. Já eu cheguei em 2021, seguido de Gustavo Diógenes e Igor Gonçalves. Depois vieram Azuhli (1995-2024), Ramon Alexandre, Paula Siebra, Oliver Benício e Pedro Dasarte, Dely Ribeiro e Geovana Lima, M. Dias Preto, Ramon Sales, Eric Barbosa, Marina Pinto, Thales Aurélio e Vicente de Castro", relembra o artista.

"Desde sempre pensamos em oferecer mais cursos e promover residência artística com o objetivo de potencializar ainda mais o fluxo dos ateliês, nos conectando com outros espaços e agentes além do Ceará e compartilhando isso com a Cidade. No entanto, projetos assim dependem de estrutura e muita organização. Mas estamos no caminho e as possibilidades vão se expandindo na medida em que mais artistas vão chegando", reforça.

Diego acrescenta que semestralmente os ateliês do Palácio Progresso se juntam para o "Ateliê Aberto", quando os artistas abrem seus estúdios para visitas gratuitas do público durante uma tarde. Este ano, o evento está previsto para julho.

  • Onde: Ed. Palácio Progresso (R. do Pocinho, 33 - Centro)
  • Instagram: @ateliesdopocinho
  • Conheça o artista: Diego de Santos - @_diegodesantos
Ateliê de Impressos utilizam de maquinas de impressão offset para experimentações gráficas
Ateliê de Impressos utilizam de maquinas de impressão offset para experimentações gráficas

Ateliê de Impressos

"Durante a pandemia, decidimos repensar nossas relações com fornecedores e clientes. Queríamos evitar financiar a política de ódio vigente no País. Assim, criamos o ateliê como um espaço coletivo de resistência", explica Érico Praça, um dos envolvidos no Ateliê de Impressos.

O ateliê, que trabalha em fomento às artes visuais e gráficas, possui diversos equipamentos de impressão offset (em que a tinta não é impressa diretamente no material final), oferecendo serviços de serigrafia, tipografia e hotstamping.

Sobre o Ateliê, Érico explica que "é um hub criativo" que inclui ainda estúdio de foto e vídeo, células de trabalho e uma galeria. Entre as atividades oferecidas pela casa, exposições, debates, clubes e oficinas. O espaço também recebe visitas técnicas de instituições de ensino.

Para além dos serviços oferecidos, o Ateliê de Impressos é marcado por seu forte posicionamento ideológico acerca de questões sociais. Entre as dificuldades enfrentadas pelo espaço de produção, Érico explica que "fazer com que as pessoas entendam nosso caráter social" é uma delas.

A importância de se firmar como espaço de resistência artística e ideológica faz parte dos princípios do lugar. O designer complementa afirmando que um dos grandes pontos positivos em proporcionar este espaço é justamente o de "fomentar a cultura e as artes gráficas/visuais".

  • Quando: Visitações de segunda à sábado
  • Onde: R. Pereira Filgueiras, 288 - Centro
  • Instagram: @ateliedeimpressos
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