Nesta quinta-feira, 27, a Escola Livre de Gestão, Produção e Políticas Culturais (Ecult) conclui seu primeiro Ciclo Anual com o seminário “Atravessamentos no Campo Cultural”. O evento, que acontece no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, reúne gestoras e produtoras culturais brasileiras.
A mesa de oradoras será composta por Helena Barbosa, superintendente do Centro Dragão do Mar; Kelly Brown, produtora cultural; e Cynthia Margareth, gestora cultural e fundadora da Aflorar Cultura de São Paulo. O encontro é voltado para discutir as interseções entre o poder público e o setor criativo.
“A conversa é um pouco de cada participante, de acordo com suas experiências e desse jeito acaba conseguindo abordar seguindo uma perspectiva influência nas pontes das conexões públicas e privadas no viés das ações públicas”, comenta Cynthia.
Ela ainda destaca que os processos criativos são fatores que podem limitar ou impulsionar o tema abordado no seminário. Sem perder o foco artístico, o debate busca alcançar a pauta política.
“É muito sobre as questões do atravessamento nesse campo cultural, mas também como se relacionam às políticas culturais públicas com os processos criativos da área artística”, completa a palestrante.
O seminário marca o encerramento de um ciclo voltado à qualificação de profissionais culturais no Ceará. Para fortalecer o campo cultural, o evento ofereceu por atividades híbridas e parcerias entre professoras cearenses e de demais estados.
O encerramento do Ciclo Anual é gratuito e contará com tradução em Libras, assim como transmissão ao vivo pelo canal do youtube ECult Escola Gestão Cultural, ampliando o alcance do debate para além do espaço físico do auditório.
Iniciado em janeiro de 2023, o primeiro Ciclo Anual da Ecult teve ampla programação, incluiu palestras e aulas ministradas por um corpo docente composto por professoras cearenses e de outros estados brasileiros.
Focado na troca de conhecimentos e experiências entre os participantes, o evento faz parte do projeto aprovado no II Edital das Escolas Livres da Cultura, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult CE).
No seminário “Atravessamentos no Campo Cultural” a Bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina, reafirma que o espaço é uma experiência enriquecedora aos participantes devido às diversas possibilidades disponíveis.
“Esse é um lugar de aprendizado, e de falar também, a partir da formação e da experiência pessoal que os participantes já têm. Acho muito importante a contribuição das trocas de saberes e das trajetórias de cada profissional da área para fortalecer o meio cultural e desenvolver uma formação com um intercâmbio de experiências” comenta Cynthia.
Ela acredita que momentos de conversa assim como os que vão acontecer na próxima quinta-feira, 27, são capazes de reforçar a projeção cultural do país. A também atriz explica que por meio do diálogo os impactos desafios poderão ser amenizados.
“ Trazer para o público a reflexão com o debate sobre o fazer das ações culturais é importante, pois isso fortalecem esse nosso meio que já é repleto de desafios. Esse seminário é uma escuta, junto a troca que fortalecer a cultura para que a gente possa atravessar obstáculos que existem e continuarão existindo”, frisa a curadora do Feverfestival.
Dados da Fundação Itaú com Datafolha, referentes a 2023, confirmam a fala de Cynthia sobre os avanços na cultura. Cerca de 10 milhões de brasileiros, especialmente jovens de 16 a 24 anos, retomaram o hábito de realizar atividades culturais no país, seja no mundo virtual, seja em programas presenciais.
Para Cynthia Margareth, o decorrer dos anos foi fundamental para o amadurecimento da gestão cultural. Nos mais de 20 anos que ela atua na área, a profissional afirma que a prática era aplicada sem uma teoria prévia e ressalta o espaço do seminário como fundamental.
“ A produção era feita num cenário cultural em que se debatia pouco e só saia fazendo. Hoje em dia, a gente consegue unir mais teoria e prática. Só entendi depois de muito tempo que a teoria está correndo atrás da prática porque é a base”, relembra.
O seminário segue a premissa de que a escola tem demonstrado que é possível construir um espaço de aprendizado contínuo e de alta qualidade, essencial para o desenvolvimento de políticas culturais de maneiras inclusivas e eficientes.
“ Assim como o processo da produção entrou na minha vida através da prática e do desejo de continuidade e fortalecimento das ações artísticas, espero que isso aconteça com aqueles que estão iniciando os trabalhos”, comenta.
A ex-coordenadora de produção do LUME Teatro, em São Paulo, destaca como o compartilhamento de informações mantém o meio cultural firme. “Eu vejo a produção como estruturante para poder me manter no meio cultural e se tornou uma paixão porque a produção é uma ação artística criativa colaborativa”, conclui.
A continuidade desse trabalho é vital para garantir que profissionais da cultura estejam cada vez mais capacitados para enfrentar os desafios do setor e contribuir para a sua dinamização e sustentabilidade.
Cynthia espera que nesta edição do projeto possa perpetuar os aprendizados em sua carreira e colaborar no repertório dos gestores culturais do Ceará.
“Estou na expectativa de também conhecer mais das realidades dos fazeres artísticos e de poder semear ideias e um espaço de mais confiança. Quero que a conversa possa fortalecer a cadeia produtiva e cultural”, encerra.
Seminário Atravessamentos no Campo Cultural