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Depois de 102 anos, Nosferatu volta ao cinema dirigido por Robert Eggers
Vida & Arte

Depois de 102 anos, Nosferatu volta ao cinema dirigido por Robert Eggers

Em 1922 um filme mudo sobre um vampiro amendrotava. Mais de um século depois, Robert Eggers reconta um dos maiores personagens do cinema
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Com direção de Robert Eggers, remake de
Foto: Focus Feature/Divulgação Com direção de Robert Eggers, remake de "Nosferatu" estreia em dezembro deste ano

O primeiro trailer de "Nosferatu" foi lançado e já deu o tom sombrio e gótico da mais nova produção do diretor norte-americano Robert Eggers. Previsto para chegar aos cinemas em 25 dezembro no exterior, e podendo estrear no Brasil no início de 2025, o remake retoma um clássico do cinema 102 anos após a sua obra original.

Embora tão marcante, o personagem esteve ausente do cinema durante mais de um século. O novo terror da mesma mente de "A Bruxa" (2015), "O Farol" (2019) e "O Homem do Norte" (2022) promete dar um novo marco para a figura.

"Nosferatu" foi lançado em 1922 pelo diretor alemão F.W. Murnau e é uma "adaptação" do livro "Drácula", de Bram Stoker. Como a viúva do escritor não havia liberado os direitos da obra original, um filme sobre vampiro foi feito com muita base no conto, mas com algumas mudanças, o que  causou até processos por violação de direitos autorais, tamanha semelhança.

Max Schrek como "Nosferatu" em filme de 1922(Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Max Schrek como "Nosferatu" em filme de 1922

Neste caso, o cenário principal sai da Transilvânia e vai para a Alemanha, Jonathan Harker vira Thomas Hutter, Mina Harker vira Ellen Hutter e o conde Drácula vira o conde Orlok, o Nosferatu. A principal diferença está no visual dos protagonistas.

Se Bram Stoker descrever Drácula como um home elegante, com um bigode chamativo, aparência de um verdadeiro nobre, o filme alemão transformou o Nosferatu em uma figura esguia, sombrancelhas grandes, dedos com unhas afiadas, um verdadeiro monstro horripilante. Mesmo quem nunca assistiu o filme já viu a imagem do longa de 1922.

O filme se passa no século XIX na Alemanha e acompanha o agente imobiliário Thomas indo fechar contrato com o conde Orlok, então passando por tramas sinistras que levam a um final surpreendente, que por motivos de spoiler não irei me aprofundar, mas que se diferencia bem de Drácula.

A produção é de mais de um século atrás, portanto, sem cores e também mudo. O fato da coloração ser preto e branco em si funciona bem e ajuda a transmitir mais medo e um clima sombrio, às vezes atrapalhado pela quebra de ritmo que um filme sem diálogo e bem diferente trás.

"Nosferatu" é inspirado, por isso é um marco. Cenas como a figura grotesca de Orlok em meio a corredores escuros, sombras que mostram a silhueta do vampiro e mais ajudaram a ser o clássico que foi.

Com direção de Robert Eggers, remake de "Nosferatu" estreia em dezembro deste ano(Foto: Focus Feature/Divulgação)
Foto: Focus Feature/Divulgação Com direção de Robert Eggers, remake de "Nosferatu" estreia em dezembro deste ano

Robert Eggers talvez seja o melhor cineasta atualmente para trazer novamente para as telonas um personagem que só de aparecer e não dizer nada já da arrepios na espinha de quem assiste. O trailer mostra uma ambientação perfeita para o tom que se pede, algo que o diretor trouxe brilhantemente em "A Bruxa" e "O Farol" por exemplo.

Estas obras da curta cinematrografia de Eggers mostram um perfil de diretor que aprecia cenários naturais escuros e um terror não convencional, indo mais no caminho do psicológico e ambiental, mas principalmente de muita tensão. Algo que bem aplicado no horror de conde Orlok, fortalece ainda mais o personagem em sua essência.

Bill Skarsgård de "It-A Coisa" (2017) é quem encarna Nosferatu, cujo visual ainda não foi revelado. Apenas traços puderam ser vistos em imagens de divulgação e quando o vampiro milenar aparece de costas no trailer.

O ator sueco definiu a sua caracterização do personagem como "nojento" e "sexualizado". Isso mesmo. A figura mais sensual de um vampiro pôde ser vista em várias adaptações de Drácula. Agora, com o horror típico de Eggers e atuações de Bill mais caricatas e grotescas, o nível de sombrio e aterrorizante pode ter novos patamares.

"Ele é nojento. Mas é muito sexualizado. É brincar com um fetiche sexual sobre o poder do monstro e o que esse apelo tem para você. Espero que você fique um pouco atraído por isso e enojado com sua atração ao mesmo tempo", disse o ator em entrevista.

O elenco da nova sinfonia do horror de Robert Egger ainda conta com Lily-Rose Depp, Nicholas Hoult, Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin, Ralph Ineson, Simon McBurney e Willem Dafoe.

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