O primeiro trailer de "Nosferatu" foi lançado e já deu o tom sombrio e gótico da mais nova produção do diretor norte-americano Robert Eggers. Previsto para chegar aos cinemas em 25 dezembro no exterior, e podendo estrear no Brasil no início de 2025, o remake retoma um clássico do cinema 102 anos após a sua obra original.
Embora tão marcante, o personagem esteve ausente do cinema durante mais de um século. O novo terror da mesma mente de "A Bruxa" (2015), "O Farol" (2019) e "O Homem do Norte" (2022) promete dar um novo marco para a figura.
"Nosferatu" foi lançado em 1922 pelo diretor alemão F.W. Murnau e é uma "adaptação" do livro "Drácula", de Bram Stoker. Como a viúva do escritor não havia liberado os direitos da obra original, um filme sobre vampiro foi feito com muita base no conto, mas com algumas mudanças, o que causou até processos por violação de direitos autorais, tamanha semelhança.
Neste caso, o cenário principal sai da Transilvânia e vai para a Alemanha, Jonathan Harker vira Thomas Hutter, Mina Harker vira Ellen Hutter e o conde Drácula vira o conde Orlok, o Nosferatu. A principal diferença está no visual dos protagonistas.
Se Bram Stoker descrever Drácula como um home elegante, com um bigode chamativo, aparência de um verdadeiro nobre, o filme alemão transformou o Nosferatu em uma figura esguia, sombrancelhas grandes, dedos com unhas afiadas, um verdadeiro monstro horripilante. Mesmo quem nunca assistiu o filme já viu a imagem do longa de 1922.
O filme se passa no século XIX na Alemanha e acompanha o agente imobiliário Thomas indo fechar contrato com o conde Orlok, então passando por tramas sinistras que levam a um final surpreendente, que por motivos de spoiler não irei me aprofundar, mas que se diferencia bem de Drácula.
A produção é de mais de um século atrás, portanto, sem cores e também mudo. O fato da coloração ser preto e branco em si funciona bem e ajuda a transmitir mais medo e um clima sombrio, às vezes atrapalhado pela quebra de ritmo que um filme sem diálogo e bem diferente trás.
"Nosferatu" é inspirado, por isso é um marco. Cenas como a figura grotesca de Orlok em meio a corredores escuros, sombras que mostram a silhueta do vampiro e mais ajudaram a ser o clássico que foi.
Robert Eggers talvez seja o melhor cineasta atualmente para trazer novamente para as telonas um personagem que só de aparecer e não dizer nada já da arrepios na espinha de quem assiste. O trailer mostra uma ambientação perfeita para o tom que se pede, algo que o diretor trouxe brilhantemente em "A Bruxa" e "O Farol" por exemplo.
Estas obras da curta cinematrografia de Eggers mostram um perfil de diretor que aprecia cenários naturais escuros e um terror não convencional, indo mais no caminho do psicológico e ambiental, mas principalmente de muita tensão. Algo que bem aplicado no horror de conde Orlok, fortalece ainda mais o personagem em sua essência.
Bill Skarsgård de "It-A Coisa" (2017) é quem encarna Nosferatu, cujo visual ainda não foi revelado. Apenas traços puderam ser vistos em imagens de divulgação e quando o vampiro milenar aparece de costas no trailer.
O ator sueco definiu a sua caracterização do personagem como "nojento" e "sexualizado". Isso mesmo. A figura mais sensual de um vampiro pôde ser vista em várias adaptações de Drácula. Agora, com o horror típico de Eggers e atuações de Bill mais caricatas e grotescas, o nível de sombrio e aterrorizante pode ter novos patamares.
"Ele é nojento. Mas é muito sexualizado. É brincar com um fetiche sexual sobre o poder do monstro e o que esse apelo tem para você. Espero que você fique um pouco atraído por isso e enojado com sua atração ao mesmo tempo", disse o ator em entrevista.
O elenco da nova sinfonia do horror de Robert Egger ainda conta com Lily-Rose Depp, Nicholas Hoult, Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin, Ralph Ineson, Simon McBurney e Willem Dafoe.