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Feira reúne mais de 5 mil artesãos do Brasil em Olinda
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Feira reúne mais de 5 mil artesãos do Brasil em Olinda

Acontece, nesta semana, a 24ª Fenearte que reúne, em Pernambuco, mais de 5 mil artesãos, expositores e empreendedores da região e de todo o Brasil
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Foto: Cristina Dias/Fenearte/Divulgação Com o tema "Sons do Criar — Artesanato que Toca a Gente", 24ª Fenearte segue até dia 14 de julho

Acontece neste mês de julho, até o dia 14, a Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), em Olinda, Pernambuco, considerada a maior feira de artesanato da América Latina. A julgar pelo nome e fachada, pode-se acreditar que é apenas um evento de finalidade comercial, mas a feira é uma das principais artérias artísticas do Brasil.

Quem entra no Pernambuco Centro de Convenções pela primeira vez para conhecer a Fenearte se dá conta que está diante se uma imensidão de pessoas que não estão à toa no espaço. São mais de 5 mil artesãos da Terra do Frevo e de outros 25 estados do Brasil divididos em 700 stands, com exposições de seus trabalhos manuais que, em muitos casos, foram preparados o ano inteiro para o momento da feira.

Eliabe Lima, artesão que produz com madeira reciclada e polida, está há 11 expondo suas obras na Fenearte destaca que é lá onde ele consegue vender toda sua produção de quatro meses de trabalho. “Depois que passa o Carnaval, que é quando começa o ano no Brasil, eu começo a trabalhar nas minhas esculturas e intensifico meu trabalho. Principalmente nos 40 dias antes da feira, que aí eu começo a me dedicar muito nos polimentos”, conta.

O artista, que tinha um stand em uma das esquinas da feira, fazia todos os visitantes pararem em frente à sua exposição por minutos devido, principalmente, a uma peça específica: uma bailarina de quase dois metros com formatos curvilíneos feita com o polimento mais fino de Eliabe. Esta obra, no entanto, não estava à venda: “Só o desenho dela durou um ano, eu me inspirei após assistir uma patinadora solo na Olimpíada de Oslo, na Noruega. Demorei 12 anos para fazer essa peça completa e é uma obra que eu tento expressar a minha arte”.

Seguindo em frente pela Fenearte, é possível encontrar várias pessoas com fones de ouvido tocando nas esculturas e sendo guiadas por alguém com um microfone, esse movimento faz parte de uma das ações de acessibilidade da feira. Pessoas portadoras de qualquer tipo de deficiência podem se inscrever no hall de entrada para ter direito a uma visita guiada pelo espaço, com direito a equipamentos especiais e guias.

No caso de deficiências visuais, como o Vida&Arte observou, é feito um acompanhamento guiado, que acontece de hora em hora com um grupo de 10 pessoas. Todos recebem fones de ouvido para ouvir plenamente a descrição das obras de cada um dos stands, enquanto eles fazem o toque das obras. Os próprios artesãos ajudam os grupos com a descrição de seus trabalhos, narrando cada processo da obra.

Além do artesanato, a Fenearte se destaca pela programação de música, moda e gastronomia. Um dos destaques logo que o visitante chega à feira é a Pizzaria Chef Down, que tem os atendentes mais animados de toda a feira. A chef pizzaiola Erilene Monteiro explica que a lanchonete alí montada faz parte de um projeto que ela criou de formação de pizzaiolos com Trissomia do cromossomo 21.

“Há cinco anos atrás, eu tive a ideia de dar o curso de pizzaiolo grátis para meu sobrinho com Síndrome de Down, o Mateus. Depois disso, mais gente entrou no projeto e surgiu a ideia de botar um buffet para eles. A gente está dando o primeiro pontapé aqui na Feneart para a gente abrir entre agosto e setembro a primeira pizzaria down do mundo”, conta Erilene.

O projeto Pizzaria Down ganhou por cinco anos consecutivos, desde a sua inscrição, o prêmio de Melhor Projeto Social do Brasil. “Eu já estou há 25 anos na área como chef pizzaiolo e sou a única mulher que tem a certificação internacional no Brasil. E também coloquei esse lado como uma diversão. A gente começou com 10 pessoas e agora são 40. Temos 40 pessoas certificadas no projeto”, destaca a chef.

Ceará está presente na 24ª Fenearte com o stand da CeArt, que reúne trabalho de X artistas do Estado
Ceará está presente na 24ª Fenearte com o stand da CeArt, que reúne trabalho de X artistas do Estado

Ceará na feira

Localizado na rua 8 da Fenearte, está o stand do Ceará, que reúne obras de mais de 600 artistas artesãos do Estado, entre esculturas de cerâmicas, argilas, madeira, coco, palha de carnaúba, couro, palha de bananeira, palha de milho, redes, rendas, fuxicos e outros.

A coordenadora de desenvolvimento da Central de Artesanato do Ceará (CeArt), Germana Mourão, destaca que o estado cearense está presente desde a primeira edição da feira e que ela é um evento importante para divulgar a cultura do Estado para fora, além de levar renda para nossos artesãos.

“A CeArt trabalha beneficiando 184 municípios do Ceará, em todas as suas regiões. Isso aqui (Fenearte) gera renda e divulga o Estado culturalmente. É muito bom”, conta Germana.

A coordenadora destaca que Pernambuco tem uma relação de dar muito valor ao artesanato, tanto em consumo quanto em produção. E isso afetou a região do Cariri cearense, que é onde se produz mais artesanato no Ceará: “Antigamente, o pessoal de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha estudava em Recife, não em Fortaleza. Tem uma proximidade muito grande”.

O stand do Ceará, de fato, tem muita identidade regional. Logo na entrada, é possível ver esculturas do reisado sob um banco de couro do Mestre Espedito Seleiro, ao lado, claro, do Padre Cícero. Adentrando no espaço, bastante renda e símbolos de pescadores, chinelas de couro, mais esculturas de caretas e dezenas de padres cíceros. Apoiando tudo isso, os tradicionais sousplats de palha e muito mais Espedito Seleiro, em bancos, roupas, bolsas e bancos. É o puro suco do Ceará.

Oficina Fenearte
Oficina Fenearte

Mãos que ensinam

Em convênio com o Sebrae-PE, acontecem ainda no espaço da Fenearte sete oficinas de artesanato disponíveis para o público da feira. As aulas, que variam conforme os dias de programação, envolvem artesanato, moda, papelaria e outras linguagens que estão baseadas na sustentabilidade. As oficinas seguem na programação da feira e acontecem simultaneamente até domingo, 14, das 14h30min às 17h30min e das 18h às 21h.

A oficina que mais chamava a atenção de quem passava pelo corredor das oficinas nos primeiros dias de Fenearte era a de Aldo Sales, que ministrou, dos dias 3 a 6 de julho, a “Minha Primeira Escultura”. O artista reunia em seu curso desde crianças pequenas até idosos mais velhos, todos com materiais de trabalho ultracoloridos.

“Eu acho que a minha oficina é a mais escolhida justamente por ter muita informação, cores, técnicas e também porque eu trouxe o apelo da nossa cultura popular, trazendo a La Ursa como alegoria e aí dando esse norte. Para os participantes, para eles aprenderem como trabalham com a massa de biscuit. E é uma massa muito fácil de trabalhar”, explica Aldo.

O artesão defende ainda que seu repasse de conhecimento seja sempre para todas as idades: “Não tem idade para começar a fazer (artesanato). As criancinhas já começam a ter o contato com a textura da massa, a coordenação motora das crianças é bem mais desenvolvida. Inclusive na terceira idade, na boa idade, que é para voltar a ter vitalidade na mão, também se trabalha a criatividade. Você vai pensar antes de agir e você vai decidir como vai ficar sua peça através dos conhecimentos passados”.

24ª Fenearte - Feira Nacional de Negócios do Artesanato

  • Quando: até domingo, 14, das 14 às 22 horas (segunda a sexta) e 10 às 22 horas (sábado e domingo)
  • Onde: Pernambuco Centro de Convenções (Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n - Salgadinho, Olinda)
  • Mais informações: www.evenyx.com/24a-fenearte
  • Instagram: @fenearte

 

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