Em uma Hollywood ambientada em 1985, Maxine Minx, atriz de filmes pornográficos, está prestes a alcançar sua chance de sair do ramo de entretenimento de vídeos adultos. No entanto, um assassino em série começa a atacar diversas pessoas em Los Angeles, e essa trilha de vítimas ameaça a oportunidade de Maxine de alcançar o estrelato, além de poder revelar seu passado obscuro.
Após dois ótimos longas independentes, "X", de 2022, e "Pearl", de 2023, o diretor Ti West retorna com "Maxxxine", que seria o último filme de sua trilogia, já considerada por muitos um jovem clássico do gênero de terror slasher. Com direção, roteiro e edição de West, o longa se aproveita de fatos reais da época, como a ameaça do famoso assassino em série Night Stalker, para trazer um ambiente sombrio e tenso às ruas escuras de Los Angeles.
Com uma trama interessante, que se utiliza de um desconforto real da época, vindo de pessoas conservadoras em relação a conteúdos como filmes de terror que possuíam nudez ou violência "excessiva" em Hollywood, somando-se à ameaça de um serial killer, West tenta construir um clima de desconfiança e medo em seu longa, nos fazendo pensar quem seria o assassino por trás das mortes misteriosas e por que ele está obcecado por Maxine.
Apesar da ótima ideia, o diretor se perde e acaba por não aprofundar essas
questões, deixando-as quase totalmente de lado e voltando a utilizar o argumento conservador/religioso apenas no que seria o clímax do filme. Mas, como isso foi quase abandonado durante a trama, acaba por
perder a força que talvez teria se a questão fosse desenvolvida minimamente.
Assim como em seus dois longas anteriores, a estética e a fotografia de "Maxxxine" também são destaques. O investimento do estúdio nas mãos do diretor fez bastante diferença nesse quesito. Maquiagem, direção de arte, figurino, ambientação, tudo funciona de forma bastante convincente. O espectador se sente assistindo a um filme gravado na década de 1980, e, apesar de todos os artifícios utilizados para simular isso, o longa parece naturalmente saído daquela época.
Com diversas homenagens a famosos filmes do gênero, como o consagrado "Psicose", de 1961, o longa acaba por fazer isso, em alguns momentos, de uma maneira que soa artificial, quase como se aquele momento não devesse fazer parte da trama. Quando não, faz questão de mostrar que a referência em questão está na tela, para logo depois citá-la em seu texto, o que acaba incomodando o espectador em dado momento. Além disso, todo o longa é uma "auto-homenagem" do diretor para seus dois longas anteriores, o que não seria um problema se não fosse o fato de o roteiro apresentar isso sempre de forma forçada ou jogada demais.
Apesar desses problemas, Mia Goth consegue nos prender do início ao fim. Mais uma vez, a atuação da atriz, neta da brasileira Maria Gladys, se destaca. Apesar de ter que dividir o holofote com grandes nomes do cinema, como Kevin Bacon e Giancarlo Esposito, Mia prende a atenção do espectador desde a primeira cena do longa, onde apresenta um monólogo impactante. E se "Maxxxine" é uma caricatura do terror construída por West, Mia faz o oposto com sua personagem, nos fazendo acreditar no desejo voraz dela por agarrar aquela oportunidade, não importando o que tenha que fazer para alcançar o seu desejado sucesso, e nem as consequências disso.
Embora apresente problemas, principalmente se comparado a seus antecessores, "Maxxxine" traz um desfecho justo para sua história e sem dúvidas vai agradar, não só os fãs mais fervorosos da franquia, como um público mais abrangente. Marcando mais uma vez através das cenas de gore, apesar de serem poucas, atuações excelentes e, acima de tudo, com sua estética marcante e única que com certeza já virou a marca registrada de Ti West.