João Pedro de Carvalho Neto, o conhecido Mestre João Pedro do Juazeiro, integra com seus álbuns e xilogravuras avulsas, em tacos e estampas, o acervo do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará desde o final da década de 1990.
Neste ano festivo de 2024, a UFC completa seus 70 anos de atividades, Gilmar de Carvalho (in memoriam) chega aos seus 75 anos e João Pedro nos brinda com os seus 60 anos de vida! Nascido num mês junino e das festas tradicionais, leva o nome de 2 santos muito festejados no Brasil profundo e traz em si as marcas da cultura tradicional popular. Inquieto e nômade, leva e traz o Cariri na sua mala-banca a tiracolo recheada de xilogravuras, contos, cordéis, livros, lápis e oratória cada vez que aporta no Mauc.
João Pedro adentra na UFC e no Mauc. Aqui faz morada com seus mais de 30 álbuns de xilogravuras pelas mãos de Gilmar de Carvalho, a quem dedicamos esta mostra, e pelo acolhimento do então diretor do Museu de Arte, professor Pedro Eymar. Ambos acolhem João Pedro, cada um ao seu modo e ambos sabiam, desde o primeiro momento, do valor dos traços, das madeiras, dos sulcos, das gravações e das impressões, assim como da coragem e da persistência de desbravar horizontes e abrir portas sem medos e com a sua boa conversa.
Como estar em casa ou no seu ateliê, encontramos João Pedro na exposição, na Reserva Técnica, na Biblioteca e no Arquivo deste museu, assim como de tempos em tempos, com a sua mala-banca montada por aqui. Em nosso acervo, encontramos Iracemas, Pau da Bandeira, Patativa do Assaré, Padre Cícero, Meninos de Rua, José Bernardo da Silva, Maracatu do Ceará, Os 7 Sacramentos, Sete Fazendas, Jesus Cristo, Dragão do Mar, Floro Bartolomeu, Amalia Xavier de Oliveira, Beata Maria de Araújo, Passos do Milagre, entre tantos outros álbuns. Seguindo os ensinamentos de Gilmar, a cada livro lançado, João Pedro deposita um exemplar em nossa biblioteca e a sua memória escrita também vai sendo salvaguardada, preservada e aberta à pesquisa.
Mestre João Pedro é um gravador e escritor de mundos reais e imaginários, histórias e estórias. Sua primeira exposição individual no Mauc, conta a curadoria coletiva de Izabel Gurgel, Nícia Bormann e Túlio Paracampos nos convida a despertar de sonhos e um abrir de olhos sobre o lugar dos Mestres / Tesouros Vivos na nossa sociedade contemporânea e sua importância para nossa transformação humana.
Viva Mestre João Pedro de Juazeiro!
Graciele Siqueira, museóloga e diretora do Museu de Arte da UFC
Ver com você
Como se faz xilogravura? Wallyson Carvalho demonstra a técnica de gravar na madeira e imprimir o desenho, sábado, 13, no Museu de Arte da UFC. Das 9 às 13 horas, ele mostra a impressão manual sobre papel, usando uma colher de pau. Parece brincadeira, jogo sério ao qual as crianças sabem se dedicar e, através do interesse pelo que não conhecem e o estado de abertura em que vivem, meninas e meninos se tornam guias para gente grande apreciar o mundo. A atividade faz parte da exposição "Gravar os sonhos do mundo". É para todas as idades.
Nós da curadoria vamos mediar uma visita à mostra, em diálogo com quem tem menos de 8 a mais de 80 anos. Na abertura da mostra, Davi, 5, sentou à mesa e folheou um dos livros expostos, página por página. Contou até 100. Ramona, 4, de lupa à mão, olhou cada detalhe da matriz "Triste Partida", feita por João Pedro do Juazeiro a partir do poema de Patativa do Assaré, que a maioria de nós conhece na voz de Luiz Gonzaga.
Gosta de contar e ouvir história? A mostra tem 20 dos 34 álbuns do artista no acervo do Mauc. Ele fez mais de 50. É uma joia pública a série de matrizes, as menores em exposição, de um dos três álbuns feitos a partir do mote Iracema. São de 2005, quando dos 145 anos do livro de José de Alencar. Cabem na palma da mão, fechadinha, e nos remetem a letras e outros sinais usados desde antes da invenção, em metal, dos tipos móveis. Abridores de caminho para ser possível hoje ler em tela digital.
Da cozinha de casa, o ateliê tão comum para quem tem casa, ao chão de uma casa de farinha, campo explícito da compreensão do trabalho como engrenagem coletiva, em rede, e não necessariamente desigual, a exposição se realiza com a atenção aplicada, o repertório, o tempo de cada visitante. Um golpe de vista na sala e vamos da prensa manual vinda da Oficina de Gravura do Mauc à prensa em uso na farinhada. Bora ver sábado com a gente. (Izabel Gurgel, curadora da mostra com Nícia Bormann e Túlio Paracampos)
60 Anos do mestre da xilogravura João Pedro do Juazeiro
Gravar os sonhos do mundo: exposição de matrizes e xilos, avulsas e em álbuns, e xilotipias. Tem livros e cordéis. Horário de funcionamento: segunda à sexta, 8 às 12h e 13 às 17h. Onde: Museu de Arte da UFC - Mauc (Av. da Universidade, 2854, Benfica, esquina com 13 de Maio). Gratuito. Livre para todas as idades.
Sábado no Mauc: museu aberto dia 13, das 9h às 13h. João Pedro do Juazeiro entrega a xilo "71 Gilmar" para o acervo da casa. Curadoria guia visita à exposição. Wallyson Carvalho mostra como se faz xilo.
Live no YouTube do Cineteatro São Luiz: sábado, 13, 16 às 17h30min. Com João Pedro do Juazeiro, Graciele Siqueira (museóloga e diretora do Museu de Arte da UFC), Saulo Moreno (museólogo do Mauc) e a curadoria da mostra (jornalista Izabel Gurgel, artistas Nícia Bormann, arquiteta e paisagista, e Túlio Paracampos, designer).