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Peça recria obra de João Ubaldo Ribeiro no Cineteatro São Luiz
Vida & Arte

Peça recria obra de João Ubaldo Ribeiro no Cineteatro São Luiz

Com direção de André Paes Leme, espetáculo com músicas originais de Chico César é apresentado no Cineteatro São Luiz
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Musical
Foto: Annelize Tozetto/ Divulgação Musical "Viva o Povo Brasileiro" acontece no Cineteatro São Luiz

Adaptação de uma das obras mais conhecidas de João Ubaldo Ribeiro (1941- 2014), o musical "Viva o Povo Brasileiro - de Naê a Dafé" chega para curta temporada em Fortaleza. O espetáculo será apresentado no Cineteatro São Luiz nos dias 12 a 14 de julho. Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do equipamento cultural e na plataforma Sympla e os clientes do banco digital Nubank têm ingressos gratuitos e com desconto.

O livro do autor baiano completa, em 2024, 40 anos de lançamento. Com o musical, a obra lançada em 1984 recebe um novo olhar por André Paes Leme. "Criamos esse espetáculo, que pega um terço do livro", detalha o diretor do musical. A dramaturgia, garante o artista, mantém a essência da obra ligada à ancestralidade, espiritualidade, luta contra a escravidão e por justiça social.

A história é ambientada em Itaparica, na Bahia, e percorre 400 anos da história do Brasil, acompanhando uma alma que busca a identidade brasileira e encarna em personagens invisibilizados pela história. A construção dos abismos sociais é mostrada por meio das figuras de Caboclo Capiroba, o Alferes e Maria Dafé, que transformam suas dores em heroísmo e demonstram a força da ancestralidade que percorre a formação da nossa identidade.

Em "Viva o Povo Brasileiro", André Paes Leme busca um retrato da formação de uma nação repleta de violência, brutalidade e desigualdade. No entanto, é possível entender que o surgimento do que se entende por ser brasileiro também veio da "resistência e afeto dos povos minorizados".

O ator Jackson Costa, que interpreta o personagem Amileto, comenta que uma das belezas da peça é a história ser contada de forma "lúdica e encantadora, por mais duras que sejam as cenas".

"As histórias de povos indígenas e pretos são contadas nos livros por pessoas brancas, já na peça o depoimento é da pessoa preta que sofre na pele e dando seus próprios relatos", completa Jackson.

O ator completa: "O palco vai ser um espelho em que as pessoas vão poder se ver como belos sendo eles mesmos. Descartar o que somos para tentar ser como o outro é um erro".

A montagem do musical surgiu da "necessidade" de falar sobre o que seria o povo brasileiro a partir do olhar crítico e com humor do autor João Ubaldo Ribeiro. O tema provocou o nascimento da investigação de doutorado feita na Universidade de Lisboa pelo diretor.

Por se tratar de um musical, o trabalho sonoro é fundamental para a montagem da peça e o compositor Chico César trouxe 30 músicas originais para essa narrativa. As composições surgiram a partir do texto do André e do próprio livro que originou o musical.

Para esse projeto, Chico relata que trouxe muita bagagem da sua formação a respeito da música negra, brasileira e baiana. O responsável por encaixar e transformar essas composições foi João Meirelles, diretor musical e trilha original do espetáculo.

"Fiquei feliz quando soube que era o João Meirelles quem seria o diretor musical, porque o BaianaSystem é o grupo com maior expressão dessa contemporaneidade da música negra brasileira", conta Chico César a respeito da banda que João faz parte.

Já o diretor musical diz que o processo de criação da trilha sonora foi realizado em conjunto com a banda e, com a ajuda de todo o elenco, foram surgindo os arranjos. "Tivemos sorte de reunir tantas pessoas boas, isso ajudou muito todo o trabalho", relata João.

O projeto está em andamento há oito anos. O diretor do espetáculo já havia elaborado toda a estrutura da peça e já havia delimitado as partes que seriam contadas por meio das canções. O diretor musical explica que tem um processo de entendimento da narrativa geral do espetáculo para que o som e a música possam contribuir para a contação da trama.

Após longas temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo, a peça finalmente chega ao Nordeste. "Quando chegamos à Bahia, a vibração de todos os envolvidos na produção ficou ainda mais forte", relata Jackson.

De acordo com o diretor, a peça une muitos sotaques do País, assim como as canções fluem por diversos estilos. João Meirelles afirma que sempre foi o objetivo levar o musical para diversas regiões do país.

 

Espetáculo musical "Viva o Povo Brasileiro - de Naê a Dafé"

  • Quando: 12 a 14 de julho
  • Onde: Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500, Centro)
  • Quanto: a partir de R$ 19,50. À venda na bilheteria do Cineteatro e na plataforma Sympla;
  • Instagram: @musicalvivaopovo
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