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Após 15 anos, Selvagens à Procura de Lei anunciam pausa na carreira
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Após 15 anos, Selvagens à Procura de Lei anunciam pausa na carreira

Após 15 anos, banda cearense Selvagens à Procura de Lei anuncia pausa por tempo indeterminado. Integrantes enfrentam discordâncias sobre continuidade do grupo
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Selvagens à Procura de Lei vivem impasse sobre futuro da banda  (Foto: Dário Matos / Divulgação)
Foto: Dário Matos / Divulgação Selvagens à Procura de Lei vivem impasse sobre futuro da banda

Quatro álbuns de estúdio, participações em festivais importantes como Rock in Rio (2019) e Lollapalooza (2018) e milhões de reproduções em plataformas digitais de música. Ao longo de 15 anos, a banda cearense de rock Selvagens à Procura de Lei (SAPDL) acumulou feitos de destaque, tornando-se um dos principais representantes de uma nova geração de bandas surgidas no Brasil a partir dos anos 2010.

Quinze anos após sua fundação, porém, o grupo encontra-se diante de uma cisão. O novo contexto foi evidenciado na última quinta-feira, 11, por Gabriel Aragão, um dos vocalistas. Dono da marca Selvagens à Procura de Lei, ele confirmou com exclusividade ao Vida&Arte que a banda passa por uma pausa de tempo indeterminado e indicou que a banda enfrentará reformulação no quadro de integrantes.

Único membro da formação original, Gabriel se mantém como vocalista, guitarrista e compositor. "A banda não vai parar por aqui, pelo contrário, ela continua e a gente vai passar por uma reestruturação e uma nova formação. Vão ter novidades, a gente vai seguir em frente, mas terá, de fato, essa pausa para poder entrar em uma nova fase", detalhou o artista.

A situação, porém, foi contestada pelos demais músicos, que publicaram uma nota conjunta na qual pontuam que a decisão pela pausa partiu unicamente de Aragão. Rafael Martins (vocal/guitarra), Caio Evangelista (baixo/vocal) e Nicholas Magalhães (bateria/vocal) afirmam que a decisão "não representa" suas vontades e foram "surpreendidos com uma mensagem de texto" na qual ele comunicou a pausa.

No comunicado, os três integrantes também ressaltam o "orgulho da trajetória" dos 15 anos de banda, período no qual "todos investiram tempo, dinheiro, criatividade e energia" e vivenciaram "muitas vitórias e desafios sempre encarados como um time".

Entretanto, dizem também que as redes sociais do grupo "foram sequestradas e derrubadas" (apesar de não informarem o responsável) e, por isso, quaisquer notas divulgadas nelas não representam seus interesses ou posicionamento. "Nós somos os Selvagens À Procura de Lei. Seguiremos em frente na defesa de nossos direitos e em breve estaremos em cima do palco mandando o nosso som", finalizam.

Após a repercussão da pausa e a divulgação da nota, Gabriel Aragão publicou um story em que afirmava "que seu coração estava triste com tudo que aconteceu" e que "tentou muito manter a parceria, mas as coisas infelizmente chegaram esse ponto".

Procurado pelo Vida&Arte, o músico Rafael Martins confirmou a pausa e disse que, como qualquer outra banda, os integrantes "têm conflitos que existem desde o começo", mas "coisa normal" de relacionamento. "Vivemos um período, de uns meses pra cá, de conflitos internos, de crise no âmbito empresarial da coisa. Porque nós somos uma empresa, temos um negócio, o SAPDL, há mais de 12 anos", ponderou.

"No momento, estamos procurando resolver as questões internas, existe vontade de continuar e existe vontade de não continuar. A questão é que a pausa agora foi dada pelas circunstâncias do não entendimento entre todos os integrantes. (...) Por envolver amizade, não é só um negócio, envolve decisões que são muito difíceis", acrescentou o guitarrista, destacando que gostaria que "tudo estivesse rolando e fosse resolvido".

A banda já dava indícios do fim das atividades musicais desde a última semana. Verificado na noite de quarta-feira, 10, o perfil do Instagram do grupo havia sido desativado. Individualmente, Gabriel Aragão não seguia mais os ex-parceiros de banda. Já Rafael, Caio e Nicholas ainda se seguem mutuamente.

Na última sexta-feira, 12, Gabriel publicou uma nota no Instagram detalhando os bastidores dos conflitos. Entre os principais pontos, citou o crescimento "das diferenças profissionais, artísticas, comerciais e até  de ordem ideológica e política". Pela dificuldade de continuar o grupo, sugeriu fazer uma turnê de despedida, mas os demais membros teriam discordado.

Na tentativa de uma mediação, uma advogada participou das tratativas. Entretanto, segundo Gabriel, os demais integrantes procuraram contratantes do Nordeste e do Sudeste para vender shows sem sua participação - e teriam marcado o show no Férias da PI sem ele.

Em 1º de julho, o grupo chegou a ser anunciado na programação do Férias na PI, evento gratuito realizado pela Prefeitura de Fortaleza, mas a participação dos artistas cearenses não havia sido informada para os próprios membros. Na oportunidade, Gabriel Aragão revelou ao Vida&Arte que "não era possível fazer show dos Selvagens no momento por questões internas".

Fundado em meados de 2009, o Selvagens à Procura de Lei se tornou um dos principais nomes do rock do Ceará. Durante a trajetória, o grupo de rock cearense lançou quatro álbuns de estúdio: "Aprendendo a mentir" (2010), "Selvagens à Procura de Lei" (2013), "Praieiro" (2015) e "Paraíso Portátil" (2019). Além disso, o SAPDL lançou o álbum ao vivo "Na Maloca Dragão". O último single foi lançado em setembro de 2023, sob o título de "Por Todo o Universo".

Ainda não há definições sobre os rumos dos Selvagens À Procura de Lei, mas fãs esperam que a resolução seja a menos danosa possível ao legado deixado pela banda. (Colaborou Lillian Santos)

Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

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