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Fora do Skank, Samuel Rosa lança primeiro álbum em carreira solo
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Fora do Skank, Samuel Rosa lança primeiro álbum em carreira solo

Samuel Rosa demarca caminho em carreira solo após saída do Skank com lançamento do álbum "Rosa"
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Samuel Rosa lança primeiro álbum de sua carreira solo; disco é intitulado
Foto: Lorena Dini/Divulgação Samuel Rosa lança primeiro álbum de sua carreira solo; disco é intitulado "Rosa"

Quando Samuel Rosa anuncia em "Segue o Jogo" os versos "Sei que até pode / Demorar um pouco / Mas a gente com certeza / Vai se acostumar / Você pra um lado, eu pro outro / Tá tudo certo, segue o jogo", é possível perceber o contexto de fim de um amor que durou bastante tempo.

O trecho, porém, também pode funcionar como uma metáfora à trajetória construída ao longo de três décadas com o Skank. Após 30 anos de sucessos, o grupo chegou ao fim em 2023. O vocalista, Samuel Rosa, decidiu continuar em carreira solo.

Assim, Skank "pra um lado" e Samuel Rosa "pro outro", foi lançado o álbum "Rosa", disco solo de estreia do cantor. O single "Segue o Jogo" se soma a outras nove canções inéditas que destacam elementos brasileiros e enfatizam seu legado como compositor. A obra está disponível nas plataformas digitais de música.

As letras do álbum trazem vivências de Samuel Rosa, caminham pelo universo do amor e versam sobre relações em suas diversas frentes. A produção reúne parcerias com nomes como Pedro Pelotas e Rodrigo Leão ("Ciranda Seca"), João Ferreira ("Flores da Rua") e Carlos Rennó ("Me Dê Você").

A arte da capa é de autoria do artista visual brasileiro Stephan Doitschinoff e reúne em sua tipografia referências às músicas do álbum .Os assuntos são "autorreferentes", abordando desde questões cotidianas e encontros amorosos ao amor parental.

Em uma entrevista realizada em 2023, Samuel Rosa comentou ter o costume de "sempre olhar para trás e olhar o legado". O contexto? A despedida do Skank e o ingresso em uma nova fase da carreira. Agora, com o lançamento do primeiro álbum solo, ele volta a se situar dentro de sua trajetória. Para o cantor, era hora de "seguir um caminho novo".

"Em 2019, comuniquei minha vontade de criar uma nova frente na carreira. Achava que o ciclo do Skank estava cumprido - e bem cumprido. Foram três décadas. Era hora de seguir um caminho novo. Essa decisão foi balizada pelo que eu acho que a banda já tinha realizado e pelo que eu tinha feito dentro do grupo. É isso que estou me propondo agora. Coloquei uma nova banda na estrada com o intuito de continuar trabalhando, nunca parar. Acho essencial estar na estrada e me destacar como artista do palco que sou. É instigante e me motiva", declara em entrevista coletiva.

Com a sintonia com a nova banda, veio a hora de criar. Para Samuel Rosa, a criação é o "braço mais nobre e difícil" na música, e por isso precisaria de uma "banda muito coesa", como no Skank, para transformar as composições em novas obras. A perspectiva, pois, é dar um "destino semelhante ao que conseguiu ao longo de 30 anos de carreira".

Diante dessa nova configuração, como foi produzir um álbum inteiramente seu e colocar mais de sua identidade? Samuel Rosa indica que "gosta muito de trabalhar em grupo", mas, diferentemente do que ocorria no Skank, em que "qualquer decisão passava pelo crivo dos integrantes", agora é capaz de realizar as próprias escolhas e responder por elas.

Os arranjos são divididos, mas as decisões finais sobre o processo de composição pertencem à Samuel Rosa. Há, pois, "muito mais" do cantor no disco nas músicas em que não há parceiros de composição.

"Estou me experimentando sozinho. Tenho essa vontade de agora, neste um quarto de vida que ainda me resta, ser dono de mim mesmo. Acho legítimo. Essa foi minha decisão e tem sido muito divertido. Eu compus mais. A saída do Skank me motivou muito. A banda já não vinha no seu auge de composição, fazia muito projeto, revisão de carreira, e agora, com essa banda nova, me vi muito motivado a criar", compartilha.

O álbum demarca o retorno de Samuel Rosa à composição de um disco inteiro de inéditas. Nos últimos anos, estava produzindo apenas projetos esporádicos. "A minha dúvida era saber se eu ainda conseguia fazer um álbum inteiro de músicas. Estava sem a prática e o traquejo. Mas foi ótimo, me impus uma espécie de regime bem disciplinado e consegui compor 20 músicas, das quais escolhemos dez", revela.

Em algumas canções, é possível lembrar da sonoridade empregada no Skank, como em "Segue o Jogo", que apresenta intercessão com "Balada do Amor Inabalável". Para o cantor, esse é um movimento natural devido à ligação com a banda e ao fato de ter sido o "compositor majoritário" ao longo desses anos, e não "perseguiu de forma obsessiva" o critério de "ser diferente do Skank" em seu processo criativo.

"Eu queria me exercitar como compositor. Essas diferenças, se é que eram para existir, que viessem nas nuances ou durante o processo de uma forma sutil. Não foi uma preocupação minha rechaçar todo e qualquer sinal de parentesco com alguma coisa do Skank. Longe disso", manifesta.

A prova desse movimento é que em seus shows Samuel Rosa segue a tocar músicas do Skank. Ele, aliás, retorna a Fortaleza para show solo em 20 de setembro, no Iguatemi Hall, com ingressos já à venda. No repertório, músicas como "Resposta" e "Dois Rios", além de canções de outros artistas, como "Tarde Vazia", do Ira!, e "Lourinha Bombril", d'Os Paralamas do Sucesso.

Na turnê, há um equilíbrio entre o passado de sucesso com a banda e o presente da nova fase da carreira. "Minha urgência era só virar a chave, fazer música nova. Estava ansioso para tocar composições novas, ainda mais nesse novo momento, apesar de adorar defender esse repertório histórico construído ao longo de 30 anos. Essa vai ser a tônica da turnê: vou juntar a nova gama de canções às do Skank que estou defendendo ainda no show e pretendo defender para sempre", pontua.

"Não quero mais estar dentro de uma banda. Tenho 57 anos. Passei boa parte da minha vida dentro de uma banda, dividindo tudo com mais quatro caras - que eu amo e me considero privilegiado por ter convivido. Teve um resultado muito acima do esperado e interessante, mas há um incômodo da repetição, daquela bolha que toda banda se torna com o passar dos anos. Você começa a enxergar o mundo segundo os valores daquele grupo. É uma ótica instituída. Todo grupo é desse jeito e você percebe quando sai. Dou sugestão para quem fica por muito tempo em uma banda que é legal fazer intervalos para ver o mundo de outro jeito. As possibilidades devem ser tentadas", avalia.

Faixas de "Rosa"

1. Me Dê Você

2. Ciranda Seca

3. Não Tenha Dó

4. Aquela Hora

5. Tudo Agora

6. Flores da Rua

7. Rio Dentro
do Mar

8. Segue o Jogo

9. Bela Amiga

10. Palma da Mão

Capa do álbum
Capa do álbum "Rosa", de Samuel Rosa

"Rosa"

Onde escutar: plataformas digitais de música

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