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Com questões em aberto, série "The Acolyte" finaliza temporada no Disney+
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Com questões em aberto, série "The Acolyte" finaliza temporada no Disney+

"The Acolyte" acontece dentro do universo criado por George Lucas e roteiro espelha desafios das últimas produções da plataforma Disney+
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Osha (Amandla Stenberg) e Qimir (Manny Jacinto) ganharam o público (Foto: Lucasfilm Ltd./Divulgação)
Foto: Lucasfilm Ltd./Divulgação Osha (Amandla Stenberg) e Qimir (Manny Jacinto) ganharam o público

Para esta repórter, iniciar uma nova série que esteja fora de uma bolha de conforto pode ser um sacrifício. Às vezes, até um terreno já conhecido, se há tempos não explorado, pode carregar esse peso. É preciso haver, por mais simplória e rasa que seja, algum interesse ou conexão que incentive o dedo apertando o "play".

"The Acolyte", a mais recente produção da franquia Star Wars, se encaixava na segunda opção. Os filmes podem não ser desconhecidos, todos já foram assistidos, mas o universo criado por George Lucas em 1977, com o "Episódio IV - Uma Nova Esperança", não para de expandir: são livros, jogos e séries que criam cada vez mais camadas, adicionando sempre mais informações.

Como se encorajar a acompanhar algo que talvez não entenda completamente? Com a ajuda de inúmeros vídeos compartilhados nas redes sociais, a série criada por Leslye Headland conseguiu plantar essa semente do interesse. E não houve arrependimentos na decisão de assisti-lá, pois, de maneira bem sucinta, é um bom seriado, com uma ótima produção e um elenco imerso em seus personagens.

Para este capítulo da franquia, o período do universo escolhido acontece 100 anos antes do filme "Episódio I - A Ameaça Fantasma" (1999), em uma época que a Alta República estava próspera. Mais especificamente, é o retrato do que seria os últimos momentos dela, com a Ordem Jedi em seu auge, longe do que seria sua queda.

Osha Aniseya (Amandla Stenberg) é nossa protagonista, uma ex-padawan que está sendo acusada pelo assassinato de uma mestre Jedi, Indara (Carrie-Anne Moss). O mal-entendido a reúne com seu antigo mestre, Sol (Lee Jung-jae), que acredita em sua inocência e busca a real responsável pelos crimes: Mae, a irmã gêmea que ela acreditava estar morta.

Nos dois primeiros episódios, a trama vai criar a base para a temporada: o desejo da "gêmea do mal" por vingança a um quarteto de Jedis ligados a tragédia que a separou de sua irmã, sendo guiada por um misterioso mestre e com auxílio de Qimir (Manny Jacinto). A "gêmea do bem", por outro lado, precisa lidar com os sentimentos do reencontro e como isso a reconecta com o passado.

É impossível não elogiar Amandla Stenberg pela interpretação como as gêmeas, dando a cada personagem uma postura própria e detalhes de individualidade. Mae, por exemplo, carrega uma aura travessa, quase como um dia ensolarado pronto para se fechar com nuvens grossas e escuras. Já Osha é como um dia nublado de nuvens claras: não chove, é tranquilo e consegue iluminar o dia, mas ainda carrega água — no caso dela, sentimentos.

A partir deste pilar, a série precisaria apenas desenrolar o que tinha apresentado — e este é o primeiro ponto a ser destacado. Mesmo que o roteiro tenha uma boa história e carregue ganchos para o futuro, os curtos episódios (um padrão das séries do Disney+) parecem tornar as cenas aceleradas ou apenas jogar acontecimentos para um futuro.

Saindo de um ótimo terceiro episódio, com destaque para a visão de Osha sobre a tragédia que matou a família dela, temos um quarto episódio morno, focado em um grupo Jedis liderados por Sol para a missão de salvar o próximo na lista da morte, o mestre Kelnacca. Por outro lado, é mostrado Mae e Qimir no mesmo planeta. Entretanto, eles se unem para executar o plano e matar mais um Jedi.

É no quinto capítulo que as expectativas explodem novamente com a belíssima luta entre os Jedis e o mestre misterioso de Mae — que havia aparecido apenas à distância no último minuto do primeiro episódio, sendo mencionado nos seguintes de forma vaga e casual.

Esta é a vez de Manny Jacinto brilhar: quando Qimir é revelado como o grande vilão misterioso e elimina quase todo o grupo de heróis. O que antes se passava como um irrelevante e cômico ajudante do vilão, se apresenta como a grande ameaça da temporada. Além de adotar uma postura mais confiante, o ator parece irradiar pela tela um magnetismo poderoso.

Mas a curiosidade pelo estranho vilão, ou seu interesse em tornar Osha sua aprendiz — até mesmo a crescente tensão entre eles, resultado de uma ótima química entre os atores —, é ofuscada por um “banho de água fria”. Apesar do capítulo ser um dos melhores da temporada, joga o personagem e seus planos novamente para escanteio.

Tudo ficou, infelizmente, para o oitavo e último episódio da temporada, disponível às 22 horas desta terça-feira, 16, no Disney+. Qual o passado de Qimir? Este seria seu nome real? Como Osha reagiria quando descobrisse que os Jedis têm culpa na morte de sua família, sendo Sol, o ex-mestre que ela respeita, o assassino de sua mãe?

A diretora Leslye Headland tem a missão de responder muitas perguntas neste episódio. Algumas destas que ficarão para a 2ª temporada, caso seja renovada. Como desfechos, esperamos saber como Osha descobrirá e reagirá ao que realmente aconteceu na noite da tragédia de sua família. E como isso construiria a relação dela com Qimir. Para a trama de Mae, resta a curiosidade da conversa dela com Sol, e como impacta em seus planos, já que ela foi apresentada desde o início como a antagonista de sua irmã gêmea.

Para uma (possível) próxima temporada, o mais esperado é o desenvolvimento dos Sith e do grande vilão, algo que parece ter sido adiado por Leslye para um futuro da série, que ainda é incerto. Além disso, uma maior duração dos episódios se ergue como necessária para um roteiro mais produtivo e bem trabalhado, já que a trama de “The Acolyte” parece suplicar por isso.

"The Acolyte"

  • Onde: Disney+
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