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Odair José apresenta clássicos e inéditas em Fortaleza neste fim de semana
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Odair José apresenta clássicos e inéditas em Fortaleza neste fim de semana

Odair José revisita sucessos da carreira e novo disco em shows em Fortaleza neste fim de semana
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Odair José faz shows em Fortaleza neste fim de semana (Foto: Bernardo Guerreiro/Divulgação)
Foto: Bernardo Guerreiro/Divulgação Odair José faz shows em Fortaleza neste fim de semana

"Eu não me incomodo com os rótulos, ao mesmo tempo que não gosto deles. Acho que o rótulo não define nem esclarece o trabalho de ninguém", avisa o cantor e compositor Odair José. Associado principalmente à figura de uma referência da "música brega", ele prefere ser visto como um compositor popular. "Faço música para o povo", declara.

Hoje com 75 anos, ele tem legado marcado na história da música brasileira, com sucessos como "Vou Tirar Você Desse Lugar" e milhões de discos vendidos. Em 50 anos de carreira, ele se notabilizou pela inteligência de suas leituras sobre os tecidos sociais humanos e por levantar debates sobre temas considerados tabus, aproximando-se de prostitutas, empregadas domésticas e homossexuais.

Em junho, reafirmou sua capacidade de analisar a humanidade ao lançar o disco "Seres Humanos (e a Inteligência Artificial)". Para unir os dois mundos - o dos clássicos e o das novidades -, Odair José volta a se apresentar em Fortaleza neste fim de semana. O repertório dos shows passa principalmente por sucessos, mas também serão interpretadas músicas do álbum mais recente.

No sábado, 20, ele se apresenta no Anfiteatro do Dragão do Mar na chamada "Noite do Brega", que também conta com o cantor baiano Marcelo Reis (autor de "Placa de Venda"). No domingo, 21, o goiano faz show acústico no restaurante Cantinho do Frango com o músico Júnior Freitas a partir das 19 horas.

"Eu nunca parei, estou sempre fazendo canções", explica Odair José sobre o 39º disco da carreira. Nele, continua suas observações sobre os seres humanos "em suas virtudes, seus defeitos, erros e acertos".

Produzido por Júnior Freitas, a obra tem 13 faixas inéditas nas quais Odair José apresenta "um álbum contemporâneo, pop, com pegada rock'n'roll, riffs de guitarra e seu canto visceral". Entre os temas estão o caminho do desenvolvimento humano ("DNA") e liberdade sexual ("Desejo").

Costurando as músicas, porém, está a inteligência artificial. A ferramenta foi usada para a voz da narrativa de abertura do álbum, em dueto na faixa-bônus ("No Ponto") e nos instrumentos, como baixo acústico ("Submisso") e bateria ("Bipolar").

"Eu vejo a inteligência artificial como uma aliada. Evidentemente, tudo tem que ser feito com bom senso e com critérios, é preciso ser sensato para usar um elemento novo", explica.

Ele faz um paralelo com "Uma Vida Só (Pare De Tomar A Pílula)", música na qual abordou, na década de 1970, a chegada dos anticoncepcionais. "As pessoas ou ficaram com pé atrás, ou tentaram ignorar. Eu fiz uma canção para trazer a conversa de uma forma aberta, popular e descontraída, para conversar sobre um assunto que até então era tabu", relembra.

Sobre a IA, ele enfatiza: "Acho que a partir de agora vamos ter que andar lado a lado com ela, seja na música ou em outros segmentos".

A característica de "tocar em tabus" segue em sua forma de compor, assim como o desejo de fazer crônicas e "sujeiras ou assuntos que estão escondidos debaixo do tapete". "Procuro falar das coisas de uma forma que as pessoas aceitem ou se incomodem", introduz.

Ele prossegue: "Se você se incomoda, é porque existe o que seria um preconceito ou uma hipocrisia. Se não aceita, é por conservadorismo ou falso moralismo. Em meu trabalho como compositor, procuro ser relevante para as pessoas ao trazer essas leituras. Faço música de amor? Sim. Para as pessoas? Sim, porque toda música é feita para as pessoas. Mas procuro levar isso de uma forma mais relevante".

Tão relevante é que sua obra segue sendo revisitada por novas gerações. Em 2022, o hit "Vou Tirar Você Desse Lugar" completou 50 anos e sempre "é um dos momentos mais emocionantes de seu show", com a plateia cantando em peso.

O polêmico álbum "O Filho de José e Maria" (1977), que saiu da vertente romântica e apresentou um Jesus Cristo contemporâneo que se envolve com drogas e duvida de sua sexualidade, é visto como um "clássico cult".

É uma forma de ressignificar os tais rótulos a ele atribuídos. "Eu sou um compositor popular, faço música para o povo. Quero fazer músicas que sejam de um entendimento mais simples, não preciso ser 'o intelectual'. Sobre o 'brega' em si, acho que no passado nem existia esse rótulo, mas sei que em vários lugares, quando se fala no estilo brega, falam com carinho, a música que tem identificação com as pessoas mais simples", defende.

Ele acrescenta: "Por outro lado, existem segmentos que veem isso de uma forma pejorativa. Acho que, dentro da música, não pode haver essa polarização de estilos. Existem músicas bem feitas e mal feitas em qualquer segmento".

A trajetória do cantor goiano também é ressaltada em obras ainda a serem lançadas. Em setembro, será publicado o livro "O Evangelho Segundo Odair", de Leonardo Vinhas, que aborda o álbum "O Filho de José e Maria". Em 2025, será lançado um documentário de Dandara Ferreira com participação dele. "Vamos trabalhando e vendo as coisas se encaixarem. Enquanto eu tiver energia física, estarei aí", reforça. Para Fortaleza, espera que o público "se encante" com uma "noite feliz".

Noite do Brega

  • Quando: sábado, 20, às 19h30min
  • Onde: Anfiteatro Sérgio Motta, no Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
  • Quanto: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$25 1 kg de alimento não perecível, exceto sal (ingresso solidário)
  • Vendas: bilheteria e site Sympla

Odair José no Cantinho do Frango

  • Quando: domingo, 21, às 19 horas
  • Onde: Cantinho do Frango (rua Torres Câmara, 71 - Aldeota)
  • Quanto: R$ 60 (couvert); couvert antecipado pode ser adquirido na barbearia Cantinho Barba Café, anexa ao Cantinho do Frango

 

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