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Caixa Cultural estreia espetáculo inspirado na Lei Maria da Penha
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Caixa Cultural estreia espetáculo inspirado na Lei Maria da Penha

Instituição cultural estreia temporada de espetáculo inspirado na Lei Maria da Penha; apresentações acontecem entre 2 e 4 de agosto
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Foto: Juan Porto/Divulgação "Penha - um ensaio sobre violência doméstica" estará em exibição na Caixa Cultural Fortaleza

"Penha - Um Ensaio Sobre Violência Doméstica" estará em exibição na Caixa Cultural Fortaleza entre os dias 2 e 4 de agosto. Em cena, cinco intérpretes-bailarinos do Coletivo Flores apresentam a temática da violência contra a mulher. A montagem traz, por meio de coreografias, o diálogo do público com a obra em uma abordagem que vai além da apresentação.

Com a utilização da dança experimental - que une a técnica e as vivências dos dançarinos com a dança de rua, principalmente o breakdance - o espetáculo aborda tema delicado que pode gerar gatilhos a pessoas que já vivenciaram algum tipo de violência.

Taís Vieira, diretora da montagem, fala que a intenção da obra é sensibilizar as pessoas e acolher quem já passou por experiências semelhantes. A produção também chama atenção para o debate e prova que a violência doméstica pode, e deve, ser combatida.

Ela diz que o desenvolvimento do espetáculo, inspirado na Lei Maria da Penha, é como “fazer cinema”, pois tem início, meio e fim. Porém, por ser da linguagem da dança, não tem uma narrativa totalmente linear. "Foi feito para ser entendido por qualquer pessoa, não apenas para quem faz dança. A dança é feita para chegar a todas as pessoas, tanto a pessoa com letramento, quanto a pessoa que não é alfabetizada ou não tem a cultura de ir ao teatro", afirma.

A concepção do roteiro surgiu em 2016 a partir da pesquisa da artista sobre relações abusivas e as consequências delas na vida das mulheres. "Com toda a pesquisa, a gente pensou em uma forma de representar a vivência para trazer conscientização", relata. "A ideia de transformar em peça veio para dar voz a essas vítimas".

Ao todo foram sete anos de pequisa que se concretizou com o trabalho realizado pelo Coletivo Flores, idealizado a partir de outro grupo formado durante um intercâmbio feito por Taís na França. Inicialmente, era um coletivo apenas de dançarinas mulheres de diversas nacionalidades, mas, ao voltar ao Brasil, a diretora decidiu trazer o grupo para Macaé, no interior do Rio de Janeiro.

Em terras brasileiras, o coletivo se formou por mulheres e homens dançarinos. A turma tem um trabalho voltado a pautas sociais que possam causar diferenças na sociedade. Eles abordam temas, por exemplo, que tenham relação a traumas na infância e vida adulta, com a intenção de causar reflexão ao público.

Formação de público

Com a intenção de aproximar os espectadores do espetáculo, debates com participação do elenco e da produção são realizados após cada apresentação. Taís explica que esses momentos são “conversas coreográficas” e que, por ter formação em Ciências Humanas, sentia a necessidade de falar sobre o tema do seu trabalho com quem estava assistindo.

"Às vezes, só o espetáculo não é suficiente porque as pessoas assistem, vão embora e a mensagem transmitida passa. Já quando abrimos para uma conversa, temos a aproximação com as pessoas sobre aquilo que estamos transmitindo", explica.

Ela também acredita que esses momentos são fundamentais para a continuidade da obra, já que "escutar e dialogar com quem está recebendo a mensagem" faz com que o Coletivo Flores perceba onde está acertando e onde pode melhorar.

O grupo também oferece oficinas, como a de Preparação Física com Dança, ministrada pelo bailarino Rafael de Souza. O dançarino explica que o propósito é levar às pessoas um pouco da linguagem do Coletivo. "A linguagem do grupo é de movimento e resistência. Eu tento colocar nas oficinas o desenvolvimento das qualidades físicas que usamos dentro da apresentação".

Para além das sessões realizadas em teatros, o Flores faz apresentações de "Maria", corte de 12 minutos de "Penha - Um Ensaio Sobre Violência Doméstica", na rua. Nesses casos, o intuito é levar a mensagem a mais pessoas e surpreendê-las em locais públicos, levando a reflexão sobre violência doméstico.

O bailarino Rafael de Souza considera a temática inspirada na Lei Maria da Penha importante por trazer visibilidade a conscientização de que a violência contra a mulher nunca será o correto. Ele explica que, por também ser professor de Educação Física em escolas, observa quão fundamental é falar sobre esse assunto para que meninas e mulheres consigam perceber relacionamentos violentos.

"Já percebi várias alunas comentem de namorados controladores e ciumentos", ele fala sobre sua preocupação com as jovens. Rafael finaliza afirmando que o modo do Coletivo fazer a diferença na vida de vítimas de violência é por meio da arte. "A arte salva e resiste a violência. Queremos transmitir isso ao público", diz.

Penha - um ensaio sobre violência doméstica

  • Quando: 2 a 4 de agosto de 2024
  • Onde: Caixa Cultural Fortaleza (av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
  • Quanto: a partir de R$15 (vendas na bilheteria da Caixa Cultural)
  • Clientes Caixa: gratuidade para ingressos da primeira sessão
  • Mais informações: (85) 3453.2770
  • Site: www.caixacultural.gov.br
  • Instagram: @caixaculturalfortaleza

Oficina de Consciência Corporal com Renato Mota e debate com Dilma Negreiros

  • Quando: 3 de agosto de 2024
  • Onde: Espaço Gente Arteira da Caixa Cultural Fortaleza (av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
  • Inscrições: www.caixacultural.gov.br
  • Capacidade: 20 vagas

Oficina de Preparação Física com Dança e debate

  • Quando: domingo, 4 de agosto
  • Onde: Espaço Gente Arteira da Caixa Cultural Fortaleza (av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
  • Inscrições: site da Caixa Cultural
  • Capacidade: 20 vagas
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