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Luiz Gonzaga: o embaixador do sertão segue provocando releituras
Vida & Arte

Luiz Gonzaga: o embaixador do sertão segue provocando releituras

Após 35 anos da partida de Luiz Gonzaga, o legado do artista se mantém vivo entre fãs e músicos. Pesquisadores refletem sobre o amplo impacto do pernambucano nas artes nacionais
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Fotos que a Dominique Dreyfus enviou.  (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Fotos que a Dominique Dreyfus enviou.

O Dia da Cultura Nordestina é comemorado em 2 de agosto, data marcada pela morte de Luiz Gonzaga (1912-1989). Há 35 anos, o Brasil recebeu, com tristeza, a notícia da partida de um dos maiores ícones da música nacional.

Conhecido como o "Rei do Baião", "Gonzagão", "Lua" e "Embaixador do Sertão", Luiz Gonzaga do Nascimento foi o responsável por difundir País afora o baião, ritmo musical nordestino. Ele também potencializou o xote, o xaxado e o forró pé de serra. Seu legado abrange mais de 600 músicas gravadas, sendo 53 canções de sua autoria, 243 com parceria e 331 de outros compositores. Entre elas, sucessos como "Asa Branca", "Pagode Russo" e "Vem Morena".

Nascido em 13 de dezembro de 1912, na cidade de Exu, no Pernambuco, Gonzagão era filho de Januário José dos Santos e de Ana Batista de Jesus. Cresceu no sertão nordestino, vendo seu pai trabalhar na roça e consertar sanfonas e instrumentos musicais. A companhia de Seu Januário em diversas festas forrozeiras foi a principal fonte para tomar gosto pela música típica de seu povo.

Ao longo dos anos, extrapolou muitas fronteiras com sua arte. Não à toa, seu falecimento causou grande comoção popular naquele 2 de agosto de 1989, quando partiu aos 76 anos devido a uma parada cardiorrespiratória.

Desde então, seu legado vem sendo celebrado por diversos artistas de diferentes gerações. "O Gonzaga é uma metáfora do Nordeste, até quem não saiba cantar uma música dele conhece a sua história. Para além da música, sua figura se mantém viva nas memórias e na história dessa região", afirma Dominique Dreyfus, jornalista francesa e historiadora da música brasileira.

Autora da obra "Vida do viajante: a saga de Luiz Gonzaga", de 1996, Dominique foi a primeira biógrafa a contar a história do Rei do Baião. A presença do artista em sua vida começou aos três anos, quando ela e os seus pais estavam morando no Brasil, em Pernambuco. Dominique integra geração que cresceu escutando as composições do Gonzaga. "Eu o conheci em um dos poucos shows que ele fez fora do Brasil, aqui em Paris, foi lá que decidi escrever a sua história", relembra a pesquisadora.

Dominique conviveu com Luiz Gonzaga por dois meses em Exu. Lá, coletou todo o material necessário para a criação do seu livro. "Ele era um artista incrível, de muita gentileza e delicadeza, foram horas de entrevistas. O seu amor pela música acabou determinando minha profissão de pesquisadora e escritora, eu devo tudo isso a ele", reverencia.

Por mais que a trajetória de aproximação com a obra de Gonzaga seja distinta, para o pesquisador Paulo Vanderley, o sentimento é o mesmo. Com admiração que acompanha Paulo desde a infância, ele compartilha ampla pesquisa sobre o músico na obra "Luiz Gonzaga - 110 anos do Nascimento", de 2022. "Gonzaga influencia minha vida desde que me entendo por gente. Eu o considero o maior artista brasileiro, por ele criar e inovar vários gêneros musicais, sendo um dos pilares da nossa Música Popular Brasileira. Existe uma MPB antes e existe outra após o Gonzaga", afirma.

Para Wanderley, o legado gonzagueano se mantém vivo na nossa cultura."Acho que Gonzaga é o legado mais forte de toda a história da música brasileira. Ele passou a influenciar todas as gerações de compositores e cantores que vieram de lá até hoje".

Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

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