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Em turnê de reencontro, Forfun revisita carreira em Fortaleza
Vida & Arte

Em turnê de reencontro, Forfun revisita carreira em Fortaleza

Em entrevista ao V&A, Danilo Cutrim reflete sobre impacto geracional da banda Forfun; show de reencontro em Fortaleza terá setlist diversa e homenagem ao cantor Fagner
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Forfun faz show em Fortaleza neste sábado, 3 (Foto: Alex Woloch/divulgação)
Foto: Alex Woloch/divulgação Forfun faz show em Fortaleza neste sábado, 3

Já se foram 23 anos desde que Danilo Cutrim, Nicolas Fassano, Rodrigo Costa e Vitor Iseense decidiram embarcar no sonho da música. Eles, então adolescentes iniciantes, lançaram as primeiras faixas da banda Forfun em fórmula descrita como "faça você mesmo" - gravando as próprias músicas e editando os próprios vídeos em uma época que não existia redes sociais para divulgação. Duas décadas depois, o grupo soma quatro álbuns de estúdio - "Teoria Dinâmica Gastativa" (2005), "Polisenso" (2007), "Alegria Compartilhada" (2010) e "Nu" (2014) - e retorna a Fortaleza para relembrar a nostalgia da cena musical nacional dos anos 2000.

O show no Iguatemi Hall neste sábado, 3, marca um mês do reencontro após 9 anos do fim do grupo e integra agenda que passa por oito cidades brasileiras até novembro. “Agora está mágico, só a parte boa de ter uma banda, viajar, fazer show, uma delícia”, comenta Danilo, um dos vocalistas, em entrevista ao Vida&Arte por chamada de vídeo. O “clima maravilhoso” mencionado pelo artista faz alusão à convivência dos integrantes e, também, à presença da plateia que enche os locais dos eventos em um movimento similar ao que aconteceu com as turnês de “comeback” de bandas como Titãs e NX Zero.

“É um circuito parecido com um estilingue, quanto mais tempo você puxar o elástico, mais potente vai ser”, compara o cantor ao explicar sobre o interesse do público nos shows. É o que acontece com “bandas que marcaram uma geração”, complementa. O som pop rock do início era reproduzido em discos e MP3s, ampliados nas pistas de skate e de dança com letras que falavam sobre a complexidade de juventude: paixões da adolescência, primeiras experimentações e questionamentos da rebeldia.

“Polisenso” (2007) e “Alegria Compartilhada” (2010) fogem de uma continuidade sonora e mixam temáticas que abordam filosofia, espiritualidade e amor com sonoridades que brincam com referências do reggae, da eletrônica e da Música Popular Brasileira (MPB). Os cariocas abrem as perspectivas em “Nu” (2014), com composições com toques de rap e funk que adentravam mais na política brasileira.

“A gente nunca teve medo de arriscar. Colocamos questões existenciais, com muita espiritualidade. A gente fez questão de apresentar ao público (os temas) e debater, fidelizamos o público assim. Está muito emocionante os relatos que a gente escuta. Me arrisco a falar que a gente fundamentou e construiu o nosso caráter com as pessoas também, a gente formou uma geração", opina Danilo.

Este trabalho, acrescenta, também ganhou novos fãs. “Muitas pessoas estão descobrindo o Forfun. Já estou com esse papo de velho: 'o público renovou'", brinca. O repertório, portanto, tenta englobar diferentes fases com canções como “História de Verão”, “Morada”, “Alegria Compartilhada” e “Muitos Amigos”. “A gente alinhou músicas que a galera gosta muito, com músicas que a gente gosta também, para ser gostoso. Não é à toa o estouro que está. É uma banda que sempre foi muito sincera, que sempre falou muito a verdade, que sempre fez com muito amor”.

Com a atual turnê, intitulada "Nós", Danilo comemora que eles podem ter a estrutura que desejam há anos. "A gente nunca pensou em ter uma estrutura desse tamanho e conseguir propor não apenas um show, mas um espetáculo", reforça. O aspecto visual foi o "primeiro passo", com peças do multiartista Vagner DoNasc. "A gente resgatou um acervo de mais de 250 fitas. O show tenta contar a história da banda desde o primeiro ensaio, é muito bonito. Sem falsa modéstia, quem for assistir vai curtir o melhor show possível e, puxando a nossa sardinha, acho que o tempo passou e a gente está tocando e cantando bem melhor".

Outra novidade neste novo momento é uma seção com trechos dedicados ao estado no qual acontece cada apresentação. Na capital cearense, o músico garante uma homenagem ao cantor Fagner. "Não tem como, ele é demais. Amo as músicas dele, todos nós somos muito admiradores. A gente está vendo a diversidade brasileira, o quanto o brasileiro gosta do Brasil". 

Faixa por faixa

Para entrar no clima do show, Danilo Cutrim indica três músicas (de três fases diferentes) para quem deseja conhecer a discografia da banda:

"4 A.M", do disco "Teoria Dinâmica Gastativa" (2005)

"É uma música muito bonita, fala sobre amor, mas fala sobre resignar quando um relacionamento que acabou. É uma perspectiva de uma melhor fase".

"Aí Sim", do disco "Polisenso" (2007)

"Começa falando: 'eu não sei dançar, mas danço mesmo assim, danço para rir de mim, faço par comigo'. É uma música um pouco psicodélica, mas fala sobre esse lance da gente ser o nosso melhor companheiro. É muito possível que a gente abra portas para amizades bacanas e até mesmo para companheiros conjugais. Se relacionar bem com você é se relacionar bem com o mundo".

"Minha Joia", do disco "Alegria Compartilhada" (2010)

"Essa música é muito linda, sem falsa modéstia. É uma expressão que a gente pegou do Recife, a galera fala muito 'minha joia'. Fala sobre amor, essencialmente, muitas pessoas dedicam para os filhos e muita gente casou com ela. Eu tenho recebido, por semana, vídeos de casamento com essa música e sempre me emociono. Outras pessoas já gravaram e toco no meu show solo também, faço questão".

Turnê "Nós" em Fortaleza

  • Quando: sábado, 3, às 21 horas
  • Onde: Iguatemi Hall (av. Washington Soares, 85 - Edson Queiroz)
  • Quanto: a partir de R$ 90; ingressos no site Eventim
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