Virou obra de arte. Peça de Museu. Retratos, paisagens e momentos da vida de Gilmar de Carvalho foram eternizados pelas mãos de um dos seus grandes amigos, o Mestre João Pedro do Juazeiro, que transformou o seu encantamento em xilogravura. Antes de estar lá como obra, estava lá como pessoa, como professor, como pesquisador, como referência. Assim, conheci Gilmar, dentro dos museus, tramando exposições. E lá se foram mais de duas décadas.
Quando, enfim, após leituras do "Madeira Matriz", referência de nossa formação como educadores do então Memorial da Cultura Cearense, encontrei-me com Gilmar de Carvalho, em um sábado. Na ocasião, pude compreender que estar com Gilmar era isso: viajar, ir a lugares ainda não visitados, encontrar novas pessoas, aprender sobre outros saberes e compreender seus tantos significados.
O Gilmar dos museus, antes de ser um objeto de memória e de arte, era o curador que, após garimpar o que havia de mais valioso em nossa cultura popular, compartilhava a riqueza recolhida com a sociedade.
Deste modo, ele fez a clássica exposição "Com as cordas do coração: xilogravura e cordel", que mereceu dele a atenção, não apenas em trabalhar a arte e os artistas, mas também em contribuir com todo o processo educativo destes sujeitos. Gilmar dialogou com os educadores, palestrou no projeto, mediou visitas e escreveu para o catálogo. Sua atuação deu base para o primeiro material educativo das exposições do centro cultural.
Anos depois, as exposições possibilitariam um novo encontro aproximado com Gilmar. No Sobrado Dr. José Lourenço, ele organizou uma exposição-homenagem aos 90 anos de Estrigas. Seguiu-se a ação de curadoria técnica e afetiva.
Hoje, na exposição que celebra os 60 anos do Mestre João Pedro, no Mauc, Gilmar retorna, está exposto, é objeto de contemplação. E, não por educação, mas pela Educação, lembramos seu trabalho também como um homem de museus. (Aterlane Martins, professor e educador de museus/Especial para O POVO)
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