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Visagismo e colorimetria: entenda significados por trás das técnicas
Vida & Arte

Visagismo e colorimetria: entenda significados por trás das técnicas

Visagismo e a colorimetria despontam como métodos que auxiliam a conquista de autoestima e confiança na própria imagem pessoal
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Rafaella Nunes é consultora de estilo pessoal (Foto: Rafael Sales/Divulgação)
Foto: Rafael Sales/Divulgação Rafaella Nunes é consultora de estilo pessoal

"Pintei o meu cabelo, me valorizei": é o que diz o verso da música "Novo Namorado", popularizado no Ceará pelos grupos Aviões do Forró e Calcinha Preta, mas gravado originalmente no brega-pop pernambucano pela banda Mistura do Calypso.

Parece simples e até boba a ideia de mudar o visual para representar uma mudança na vida pessoal, mas esse é um dos recursos do visagismo, a arte que ajuda a imprimir na imagem pessoal a expressão da personalidade.

"O visagismo é o estudo das proporções do nosso rosto. Partindo do princípio de que a gente se reconhece pelo nosso rosto, é ele que detém um conjunto imagético que representa algo para as outras pessoas. Isso é codificado no nosso cérebro inconsciente, está nas primeiras impressões, quando, por exemplo, a gente olha para uma pessoa e acha que ela tem cara de brava, simpática, séria e você não sabe explicar por quê. Isso tem a ver com as linhas que a pessoa tem no próprio rosto dela. Então, a gente entende que podemos trabalhar para mostrar para o mundo aquilo que a pessoa é e sente que deveria mostrar", define Luana Muriell, cabeleireira, visagista e fundadora do salão de beleza Flozô.

Ela explica que são analisados e explorados no visagismo o cabelo, as sobrancelhas, maquiagem e roupas. "Muitos atendimentos que faço são para pessoas que estão na busca pela autoestima, mas, principalmente, que estão querendo autoconhecimento. Porque a gente não tem como estimar e amar aquilo que a gente não conhece. A maioria dos que buscam pelo visagismo realmente querem entender quais escolhas elas estão fazendo com relação a elas mesmas e, às vezes, isso reflete em outras áreas. Tem muitas mulheres e homens que vêm aqui no momento em que estão numa nova fase da carreira, por exemplo", detalha.

 A estudante de Publicidade e Propaganda Ana Beatriz Mota, de 25 anos, fez uma consulta de coloração pessoal em dezembro de 2021, após sua mãe ter feito e a presenteado com uma sessão. A jovem conta que mudou todo o seu guarda-roupa e até sua aparência após a experiência: "Depois que fiz coloração pessoal, descobri que eu ficava melhor de cores mais claras e suaves. A partir disso, minhas compras foram ficando cada vez mais assertivas. Hoje eu uso todo o meu guarda-roupa, economizo bastante e me sinto bem com o que tenho. Antes, eu comprava e não usava. Eu já tinha tido um cabelo ruivo 'acaju', de várias outras cores e não entendia o que tinha de errado. Depois da coloração pessoal, eu decidi pintar meu cabelo de ruivo num tom que descobri que me favorecia e não enjoo mais".

"Eu diminuí minhas compras e consegui repassar as roupas que ficavam muito tempo paradas. Eu consegui entender que não faz mais sentido eu ficar com um monte de roupa parada no meu guarda-roupa tem, tendo muita gente que precisa e que vai fazer um uso muito melhor do que eu. Consegui fazer compras mais assertivas, parei de ficar comprando um monte de camiseta, hoje só uso as que me favorecem. Consigo fazer essa moda mais circular, botar a roupa para girar e não ficar parado no guarda-roupa", destaca Beatriz sobre a sustentabilidade, uma das características que mais percebeu após a consulta de coloração pessoal.

 

Lorena Moaes é especialista em colorimetria pessoal em peles pretas
Lorena Moaes é especialista em colorimetria pessoal em peles pretas

Estilo de Preta

A consultora de imagem afro-referenciada Lorena Moraes, pioneira em coloração pessoal de pele preta no Brasil, define que a colorimetria é "um instrumento dentro do processo de consultoria de imagem, que proporciona o autoconhecimento". Ela afirma: "O atendimento de coloração pessoal faz com que o cliente atendido esteja um passo à frente de outras pessoas porque ele aprende a usar as melhores cores em relação à harmonia, essência, intenção, roupa, maquiagem e acessórios".

"A coloração pessoal é um trunfo de autoconhecimento, uma ferramenta que potencializa uma pessoa em relação à sua imagem perfeita e o visagismo tem a ver com isso. O próprio Philip Hallawell, a pessoa que idealizou os conceitos de visagismo, faz um estudo de temperamentos para entender o que você de fato comunica, para trazer elementos que suavizam ou enfatizam determinada característica, a fim de não haver ruído de comunicação da sua imagem conforme as suas características", define Lorena.

Conhecida pelo seu trabalho com o atendimento "Estilo da Preta", Lorena conta que passou a estudar sobre o assunto quando buscou entender sobre sua colorimetria pessoal, mas não se viu representada pelos padrões europeus de análise, que estudam as cartelas de cores em peles brancas. Com cursos de formação, estudos e sua própria vivência enquanto mulher preta, ela se tornou referência em atendimento para pessoas de pele escura.

Ela destaca o empoderamento que seus clientes ganham após a consultoria de imagem, momento em que eles identificam as expressões subjetivas de identidade e identificam o que querem mudar em sua aparência. Para muitas pessoas pretas, a conquista da confiança e autoestima com aparência é um processo novo e há bastante satisfação de Lorena em ajudá-los a encontrar esse potencial.

"O conhecimento da imagem pessoal vai além da estética, porque ela fala muito com a estima das pessoas. Embora eu não seja profissional de saúde mental, entendo que não é terapia, mas é terapêutico. Muitas vezes eu recebo relatos bem fortes de pessoas que me impactam também, é um momento de abrir o coração. Então, a construção de imagem, tem um impacto muito além do que a gente pode mencionar com palavras. Também tem a questão subjetiva e emocional envolvida", diz.

 

Malévola é a vilã da Bela Adormecida, que ganhou filme próprio da Disney com Angelie Jolie como protagonista
Malévola é a vilã da Bela Adormecida, que ganhou filme próprio da Disney com Angelie Jolie como protagonista

Visagismo e arquétipos

Para além da conquista de autoestima e confiança, o visagismo é uma técnica de manipulação usada em diversas linguagens artísticas, como no cinema e no teatro. A caracterização dos personagens leva em consideração estereótipos físicos que as pessoas foram acostumadas a consumir ao longo do tempo.

A consultora de estilo Rafaella Nunes trabalhou com a indústria cinematográfica no Ceará e destaca que existem qualidades rapidamente associadas a "vilões" e "mocinhos" no cinema: "Se pensarmos em uma vilã da Disney, mesmo isso esteja mudando um pouco, o que a gente tem? O vilão tem um contraste super alto, são aquelas pessoas muito brancas, com cabelos escuros, olhos escuros, as roupas estão escuras, os batons são fortes… Para caracterizar um vilão, a gente trabalha os tons roxo, vinho, preto, azuis-escuros. Eu lembro só da Malévola, com aquele verde meio esquisito".

"Quando a gente está pensando em princesa, são cores claras, delicadas, com leveza nos tecidos. Então, sim, existe esse estereótipo, que pode ser trabalhado de várias maneiras. Se a gente está querendo cair bem no clichê, a gente vai pegar cores claras e delicadas para a para mocinha e cores escuras, cores fortes e impactantes para os vilões. Em termos de visagismo, trabalhar linhas mais fluidas, mais arredondadas que trazem essa sensação de aconchego também para as heroínas e as coisas duras, angulosas, muito retas para os vilões", qualifica Rafaella.

A especialista dá ainda exemplos práticos e do cotidiano, como, quando em casos criminais, o réu veste roupas claras e usa cabelo natural para demonstrar fragilidade e se encaixar no papel de vítima. "O que é comum, quando você quer se retratar, é usar cores claras, apaziguadoras, cores que passam tranquilidade. O cabelo vai estar, nem necessariamente liso, mas vai ser mais natural, menos trabalhado. É uma figura que quer passar 'Meu Deus, eu estou aqui despida de tudo para vir falar com vocês', sabe?"

"No tribunal, quando você está sendo julgado por algo, a última coisa que você vai se vestir é itens que retratam um jeito duro, esnobe, frio e inacessível. Tem que estar sempre mostrando ser aquela pessoa muito aberta, muito receptiva, arrependida. Então, é pouca maquiagem. Tem que ser 'Meu Deus, eu sou tão humilde'", detalha Rafaella.

Outro destaque na fala da consultora de imagem é em relação aos artistas que trabalham comercialmente com seu visual, que, para ela, são pessoas que têm que usar recursos para que sua figura se adapte a cada novo projeto, como discos e clipes.

"O artista trabalha sua imagem de uma forma que, talvez, tenha um disco mais introspectivo. Ele visualmente também que trazer essa introspecção com roupas com menos elementos, e às vezes, com cores que podem estar ligadas à coloração pessoal daquela pessoa. Em outros casos, a proposta do trabalho é o oposto, é a alegria. Então, se você não quer que exista dissonância na sua imagem pessoal, é preciso trabalhar uma imagem que esteja conforme as suas mensagens pessoais e com as mensagens que você quer passar", explica.

Ela opina: "Não tem nada pior do que um artista que quer passar as mensagens positivas para o público dele, mas, no visual, o que ele está comunicando é o oposto, aquilo não vai bater. A gente tem aquela sensação de: 'Será que fulano é isso mesmo?'".

Por fim, Rafaella discute acerca de tendências de moda e padrões de beleza que costumam influenciar em massa consumos estéticos: "Eu só lembro do caso do batom 'snob' (numa coloração mais roxa), que era um batom da moda, mas, quando você colocava, você fica horrorosa com aquilo. A gente é ensinado a pensar: 'O que tem de errado comigo que esse batom não fica bom em mim?', mas não tem nada a ver com a gente. É um tipo de cor que fica bom em um número muito restrito de pessoas. Quando a gente entende mais sobre a nossa própria beleza, sobre nossas mensagens pessoais, fica muito mais fácil não sentir essa necessidade quase obrigatória de estar seguindo um padrão estético. Se tal cor está na moda, se tal cabelo é na moda, mas você sabe da sua coloração pessoal, é muito mais fácil você dizer: 'Isso não funciona pra mim'".

Onde fazer

Gabriella Driessen

Instagram: @gabidriessen

Whatsapp: (85) 9956-7364

Atendimento presencial em Fortaleza

Luana Muriell

Instagram: @lu.muriell/@flozo

Whatsapp: (85) 99606-8093

Atendimento presencial em Fortaleza

Katariny Mendes

Instagram: @katarinymendes

Whatsapp: (85) 99657-3224

Atendimento presencial em Fortaleza

Rafaella Nunes

Instagram: @rafaellanunes

Site: www.rafaellanunes.com

Atendimento remoto ou presencial no município de São Paulo

Lorena Moraes

Instagram:
@estilodapretaconsultoria

Site: estilodapretaconsultoria.com.br/

Whatsapp: (61) 98169-8439

Atendimento remoto ou presencial em Brasília

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