Sob a essência vibrante de Fortaleza e o contraste sócio-econômico nasce uma nova revolução sonora. Lançado em 10 de julho, o EP "SaLVE" marca a estreia do poeta e arte educador José Antônio, o Baticum Proletário, no cenário musical.
Nascido em Caucaia e moldado pelas experiências e vivências das periferias fortalezenses, Baticum nos apresenta um manifesto poético-musical. A produção traz poesias musicadas sobre as lutas diárias da capital alencarina.
Com seis faixas, o álbum de estreia é composto pelos títulos "Salve", "Rimas Brabas", "Boto Fé", "Boto Fé", "Aqui Tem Sinal de Vida" e "Papoco de Ideias". O autor comenta que o álbum desempenha um caráter de extensão dos projetos que lidera no bairro Antônio Bezerra.
"Essa novidade surgiu há bastante tempo, que eu já venho tentando produzir alguma música. Nesse EP busquei passar a mensagem que construímos há algum tempo, o contato com a associação de moradores e com o movimento da juventude nas praças, das ruas. É sobre esperança e, ao mesmo tempo, de coletividade", explica o artista.
A produção sonora, pensada nas duas décadas de envolvimento cultural de José, reúne funk carioca, rap, reggae e maracatu cearense. Atribuindo uma poética, ele contempla a proposta de vida urbana e da arte em movimento.
O desejo pela produção musical surgiu ainda na infância quando presenciou o costume da vizinhança de escutar rádio nas calçadas no fim do dia. Esse contato com a música fica mais notável durante a adolescência, quando os desfiles das escolas de samba e o teatro entram na vida dele, que também é bacharel em Direito.
"Guardei um dinheiro para realmente efetivar esse sonho que eu tinha. Como guia deste projeto, trago o conceito da poesia que é feita dentro dos ônibus pelos poetas. Justamente essa poesia que está mais à margem desses grandes artistas mais conhecidos", destaca ele.
Além da espera para concretizar o sonho, Baticum Proletário passou por desafios que guiaram o rumo da produção. Mesmo com a perda de entes queridos, o nascimento da filha e os trabalhos paralelos, ele optou por seguir com o EP. "Surgiram muitos desafios pessoais, financeiros, políticos também. Por que, como a gente tá engajado na luta também política, tivemos que esperar por muito tempo para obter passe livre e realizar o projeto. Mas jamais iria desistir desse sonho", relata.
Outro ponto destacado pelo artista cearense é que alguns dias após o lançamento, devido o amplo alcance, o álbum foi acusado de usar robôs para reprodução. Entretanto, a divulgação da coletânea foi realizada pelo idealizador que entrou em contato com amigos e conhecidos para conferirem a novidade.
"As primeiras recepções foram ótimas. Eu passei sete dias divulgando o EP de forma orgânica mesmo. Fui no Instagram de cada um dos seguidores convidando para ouvir as músicas. O outro desafio acaba sendo porque, como artista independente, a gente não tem um empresário nem uma gravadora", comenta.
Em busca da democratização cultural de Fortaleza, Baticum Proletário, além de destacar a realidade das periferias, também investe em projetos voltados à juventude da Cidade. "A gente sabe como Fortaleza se organiza. Não podemos perder as oportunidades que aparecem, tentamos aproveitar e tornar nossos trabalhos acessíveis para outras pessoas que também que estão atrás de oportunidades", destaca.
Baticum é o responsável por liderar diversos trabalhos sociais no bairro em que vive. No início dos anos 2000, foi o organizador do "Zoada Rock", evento que reuniu bandas de rock compostas por jovens da periferia de Fortaleza. Atualmente ele dirige a "Biblioteca Comunitária Okupação", o "Sarau Okupação", o "É Sal Festival" e o "Circuito Cultural Periferia Vive".
"O 'Sarau Okupação' fazemos desde 2016 e serve para dar oportunidade aos artistas de periferia de serem vistos, reconhecidos e valorizados. O 'É Sal Festival' vem para dar vazão a essa arte e cultura das periferias de Fortaleza", conta Baticum.
Em busca levar sua voz e sua mensagem a uma ampla audiência, Baticum Proletário, desde os festivais de rock, saraus até o reconhecimento nacional com um poema no Enem, mantém uma jornada que destaca o caráter transformador da arte.
SaLVE EP - Baticum Proletário
Onde ouvir: Spotify, Deezer, YouTube