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Fabien Toulmé lança olhar sobre histórias reais em nova HQ
Vida & Arte

Fabien Toulmé lança olhar sobre histórias reais em nova HQ

Quadrinista Fabien Toulmé conta sobre suas obras e trajetória como artista para o Vida&Arte
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Retratros da HQ
Foto: Editora Nemo/divulgação Retratros da HQ "Inesquecíveis"

Em “Inesquecíveis”, novo livro do quadrinista francês Fabien Toulmé, são retratadas histórias de pessoas reais por meio dos quadrinhos. Os relatos variam entre casos curiosos, como um padre que decidiu largar o trabalho com a religião para se casar com o amor de sua vida, e histórias de superação, como a de um rapaz que deu a volta por cima após ser preso diversas vezes.

“Gosto muito de contar histórias de pessoas”, explica durante entrevista no evento de lançamento da obra, realizado no último sábado, 10, na Reboot Comic Store. Além do autor, o momento contou com a presença do quadrinista cearense Miguel Felício, que trabalhou em parceria com Fabien nas cores de sua nova HQ, e do ilustrador e professor de desenho Daniel Brandão, também quadrinista do Vida&Arte.

O autor destaca, inclusive, que retomou seu caminho como quadrinista quando morou em Fortaleza por dez anos. “Depois de um tempo no Ceará, eu queria voltar a ser quadrinista”, relembra o artista em seu português quase perfeito. Conhecido por produções como "Não Era Você Que Eu Esperava” (2017) e “A Odisseia de Hakim” (2020), Fabien varia entre o real e ficcional. Em “Inesquecíveis”, o autor continua utilizando as histórias como “matéria-prima”.

O POVO – Tendo em vista que a história do seu primeiro quadrinho, "Não Era Você Que Eu Esperava", tem início no Brasil, como é voltar mais uma vez ao País com um novo trabalho?
Fabien Toulmé – Bom, agora faz um “bocado” de tempo desde que comecei minha carreira e, nesse meio tempo, já vim várias vezes ao Brasil. É sempre um momento muito massa. Lembro que quando comecei a fazer esse quadrinho, a primeira coisa que eu pensei foi que eu gostaria muito que fosse traduzido para o português. Para que as pessoas que conheço daqui pudessem ler, para que eu tivesse a oportunidade de vir para cá fazer sessão de autógrafos e encontrar leitores brasileiros. Existe uma conexão particular, não sei se por conta da minha personalidade, pela minha história, mas vejo que, entre os países que estão sendo lançados os meus quadrinhos, o Brasil é onde o público se conecta mais.

OP – De que maneira o Brasil e o Nordeste influenciam no seu trabalho?
Fabien – Essa pergunta é difícil. Na minha evolução como pessoa, provavelmente o Brasil me ensinou a abertura, o diálogo. Eu era muito tímido, acho que o fato do pessoal aqui ser mais aberto, mais alegre, de uma certa forma me abriu mais ao outro.

OP – Qual a importância do quadrinista Daniel Brandão na sua carreira? Como é a relação de vocês?
Fabien – Quando eu morava em Fortaleza, eu trabalhava como engenheiro. Não estava satisfeito de jeito nenhum. Comecei a raciocinar essa questão, que eu gostaria de me tornar quadrinista, de desenhar, de deixar essa área. Fui procurar lugares onde eu poderia praticar essa arte e encontrei essa aula do Daniel Brandão, então fui para lá. Ele foi importante no sentido de me ajudar a ver que, talvez, poderia existir um caminho que era nessa área de quadrinhos. Me ajudou a retomar a posse do meu desenho, porque eu desenhava quando criança e depois parei. Ele me ajudou muito nesse sentido de me colocar na estrada rumo a uma carreira de quadrinista. Me reencontrar.

OP – No seu trabalho existem obras ficcionais, obras que contam histórias reais de outras pessoas e obras biográficas. Como é trazer as lutas pessoais e coletivas para dentro das suas obras?
Fabien – Gosto muito de contar histórias de pessoas. Antes de ter a ver com a HQ, tem a ver com a minha personalidade. Gosto muito quando encontro e vou perguntando muitas coisas. De onde vem, para onde vai, o que foi que fez. É natural, quando penso numa história, trazer o que faz a minha personalidade como pessoa para a arte. Existe uma comunicação entre a arte e quem eu sou. É minha personalidade de artista, eu gosto de pessoas e eu quero contar essas histórias. É assim que vejo as minhas criações.

OP – Em “Não Era Você Que Eu Esperava”, você fala abertamente sobre o medo de ser pai de uma criança portadora da Síndrome de Down. Como foi tratar o assunto de forma tão aberta e, depois, transformar esse medo em uma história de amor tão bonita?
Fabien – Eu queria contar meio que de dentro, o que um pai sente numa situação dessas. Eu poderia contar de uma forma muito, como posso dizer, simplificada, talvez apagando alguns aspectos negativos. Mas eu achava que, para se tornar uma história mais verdadeira, mais fiel ao que tinha acontecido, eu tinha que contar tudo. Fui sem medo de contar o que eu queria, de expor o que tinha que ser exposto, sem refletir muito no resultado. Só queria contar essa história da forma mais transparente e sincera possível.

OP – Em "Inesquecíveis", assim como no seu trabalho "Na Luta" (2023), você volta com as antologias. Como foi o processo criativo desse novo trabalho?
Fabien – Na época de "A Odisseia de Hakim", trabalhei a partir de uma entrevista que fiz. Gostei muito desse processo de criação. Vou passando um tempo com uma pessoa, a entrevistando e, a partir dessa matéria-prima, vou criando uma história em quadrinhos. Eu já sabia que queria ir nessa direção. Então, postei nas minhas redes sociais um anúncio, um pedido de histórias. Fui nessa lista de e-mails que recebi para criar o conceito de “Inesquecíveis”. São histórias de vidas curtas. Cada pessoa que entrevistei me contou um momento importante da vida dela.

"Inesquecíveis"

  • Onde adquirir: Reboot Comics Stores, localizada no primeiro piso do Shopping Benfica (rua Carapinima, 2200 - Benfica) e rebootcomics.com.br
  • Quanto: R$ 74,80
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