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Elenco da série 'Cidade de Deus' aborda diferenças entre novo revival e filme
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Elenco da série 'Cidade de Deus' aborda diferenças entre novo revival e filme

Elenco de "Cidade de Deus: A luta não para" destaca diferenças entre revival e filme dirigido por Fernando Meireles e Kátia Lund
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Barbantinho (Edson Oliveira) e Buscapé (Alexandre Rodrigues), personagens de
Foto: Max/Reprodução Barbantinho (Edson Oliveira) e Buscapé (Alexandre Rodrigues), personagens de "Cidade de Deus"

“Era só mais uma Silva que a estrela não brilha/Ele era funkeiro, mas era pai de família” é o que canta MC Bob Room na música “Rap do Silva”, clássico do funk brasileiro que embalou bailes funk nos anos 1990. Não à toa a canção é usada de referência por Roberta Rodrigues para falar sobre “Cidade de Deus - A luta não para”, série revival do filme de mesmo nome onde Roberta interpreta Berenice, que chega a Max em 25 de agosto.

Com direção de Aly Muritiba ("Deserto Particular") a trama viaja 20 anos após o filme para acompanhar o cotidiano da comunidade com as novas configurações impostas devido a formação de facções e milícias.”O nosso foco quando estamos em sequências de ação, está muito mais na consequência dessa ação do que na ação em si”, explica Muritiba sobre o que diferencia a série do longa.

“Então, por exemplo, me interessa muito mais o luto de uma mãe que perde o filho do que o corpo do filho morto no asfalto. É porque eu acho que existe uma força narrativa muito forte nas consequências da violência e no que você faz, no que você pode transformar a partir de um determinado acontecimento violento do que a violência em si”, ilustra Aly. 

Barbantinho (Edson Oliveira), personagem de "Cidade de Deus: A luta Não Para"(Foto: Max/Divulgação )
Foto: Max/Divulgação Barbantinho (Edson Oliveira), personagem de "Cidade de Deus: A luta Não Para"

Um dos recursos usados pelo diretor para fugir das imagens de controle presentes no longa de Fernando Meirelles e Kátia Lund, é trazer menos violência gráfica nas cenas que envolvem conflitos armados. “Tinha um compromisso meu também, assim eu obviamente não sou uma pessoa preta, mas e até por isso eu não estava muito a fim de ficar mais uma vez reiterando essa imagem dos corpos pretos morto, que é algo que foi banalizado e não deveria ter sido”, salienta Muritiba.

“Você vai ver já nos primeiros episódios que trazemos o ponto de vista do morador dentro de casa e com medo de uma bala perdida ou eu dou o mesmo tempo de tela para uma troca de tiro e para a cena de um homem na manhã seguinte varrendo as balas deflagradas e a vidraça quebrada de seu estabelecimento comercial”, destaca. Para construir essas diferentes perspectivas, a série contou com roteiro de Sérgio Machado; Armando Praça; Renata Di Carmo; Estevão Ribeiro e Rodrigo Felha.

Já Alexandre Rodrigues estava receoso em voltar para o papel de Buscapé, personagem que busca nessa nova fase sair da carreira de fotógrafo policial e ir para a editoria de Esportes. “Fiquei receoso de voltar para o Buscapé, porém, consegui reencontrá-lo de novo nas preparações com a Fátima, em conjunto com os colegas. E a construção do personagem, gosto de fazer em coletivo”.

“Voltar para ele nesse formato de série, poder contar a história de ‘Cidade de Deus’ por esse prisma novo que é o da comunidade, das pessoas que lidam com todo aquele desequilíbrio é o que mais me impulsiona a voltar para esse universo. Se fosse de outra forma não seria legal, nãome apeteceria fazer”, completa Rodrigues, que na história está enfadado de atuar como fotógrafo policial, captando as tragédias que acontecem na comunidade.

“Estamos voltando com uma história muito potente com toda a qualidade possível, com uma uma trama muito bem elaborada, o que vai emocionar que vai trazer também é uma oportunidade das pessoas se verem agora também muito melhor representadas”, destaca Alexandre, que também está na série “Justiça 2”, como Diuzinho.

Buscapé (Alexandre Rodrigues), protagonista de "Cidade de Deus: A luta Não Para"(Foto: Max/Divulgação )
Foto: Max/Divulgação Buscapé (Alexandre Rodrigues), protagonista de "Cidade de Deus: A luta Não Para"

Para Roberta Rodrigues, reencontrar a personagem Berenice é um momento de ressignificação também. “O ressignificar é muito importante na vida de uma sociedade. Agora estamos falando desse lugar do afeto e dentro dele temos vários sentimentos, é o lugar de você acolher um amigo, de abraçar um filho, se sensibilizar por até mesmo por essa guerra, de que pela guerra que tá ali acontecendo, como você lida e como isso é como isso move você”.

“Vinte anos depois a Berenice tem dores que foram marcando esse corpo dela, essa vida dela, a história dela. Acredito que o público jovem que não assistiu o filme na época ou que ainda não assistiu e que for assistir à série “vai conseguir identificar dentro de cada personagem que são marcados de de consequências que os levaram até ali”, pontua Roberta, que também esteve no elenco de “Ponto Final”(2024), da Netflix.

A atriz salienta que o revival é um modo de trazer um ponto de vista mais tento a respeito da história das comunidades periféricas do Brasil. “É como se fosse um grande choque para a gente entender e botar uma lupa ali e falar: "Isso aqui tá acontecendo aqui, mas também isso aqui são pessoas, sabe? A gente não pode mais ficar só como uma notícia de jornal. As pessoas que vivem na comunidade não podem ser só mais um Silva, como o próprio funk diz”.

As pessoas da comunidade são a engrenagem, eles fazem mover o País e são a base desse movimento”, finaliza a intérprete de Berenice.

"Cidade de Deus: A Luta Não Para"

  • Quando: a partir de domingo, 25, às 21 horas
  • Onde: Max

 

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