Conhecido no meio humorístico pelo personagem Caboré, o comediante Gil Soares defende que o cearense aprende a amar humor desde o berço. Para o comediante, a molecagem está "na veia" de um povo que ri e faz graça até das adversidades do dia a dia para tornar a vida mais leve.
Pensando em todas essas características e também na democratização do humor, Caboré decidiu criar o projeto "Humorsicando" com apresentações abertas ao público em quatro unidades da Rede Cuca, ao longo dos meses de agosto e setembro.
O critério de escolha dos espaços, explica o artista, inclui os percentuais de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos bairros. Gil detalha que o objetivo é alcançar também pessoas em situação de vulnerabilidade, que nem sempre dispõem de recursos financeiros para comprar ingresso para atividades culturais.
O humorista explica que, a priori, a ideia era que as apresentações acontecessem em praças públicas, mas fatores técnicos influenciaram para que os planos tomassem outros rumos.
"Foi aí que pensei em circular com esses projetos nos Cucas, por estarem localizados nas periferias, terem boa estrutura técnica de som, luz e palco, e técnicos especializados para o bom desenvolvimento do projeto, e por terem, também, boa estrutura que favoreça a acessibilidade das pessoas com deficiência física. Não queremos deixar ninguém de fora dessa farra humorística", conta o comediante.
O artista acrescenta ainda que o projeto possui quinze pessoas envolvidas e que a ideia é também poder ajudar, com os shows, o movimento do comércio ambulante no entorno dos equipamentos públicos.
Nascido e criado na periferia de Fortaleza, Gil Soares, é ator, comediante e produtor com mais de 20 anos dedicados ao humor. O artista afirma "saber bem como funciona" a árdua peleja de se comunicar e se desenvolver artisticamente quando se tem poucos recursos.
"Nosso público, o cearense que mora na periferia, ama humor, eles vivem isso no seu dia a dia. A cada esquina, temos sempre alguém contando piada, fazendo uma tirada irreverente. O que estou propondo com esse projeto é uma oportunidade para essa galera curtir de pertinho, aquilo que eles gostam", revela o intérprete de Caboré.
Para que o projeto alcançasse o público, um planejamento foi elaborando envolvendo artistas, fornecedores, produtores, fotógrafos, intérpretes de libras e designers.
"Fizemos ensaios, reuniões de equipe para planejar todo o cronograma. E, agora, estamos na reta final para a grande estreia", pontua, entusiasmado. O primeiro show vai acontecer no dia 23 de agosto, no Cuca Mondubim, às 15 horas.
Caboré ressalta a importância de oferecer para o público das regiões consideradas periféricas shows "bem produzidos e interativos", como o "Humorsicando". O cearense celebra a possibilidade de realizar apresentações "no mesmo padrão" que normalmente é apresentado nos grandes teatros, casas de shows temáticas e em eventos privados.
“Democratizar a comédia vai além da promoção do riso, como diriam os Titãs: 'A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte'. O povo quer comer, beber, se vestir, mas também se divertir, achar graça, mangar, quer sair da rotina e esquecer um pouco a vida real", expõe.
Na terra de Chico Anysio, Tom Cavalcante, Renato Aragão e tantos outros, Gil Soares também chama a atenção para a falta de espaços adequados para shows humorísticos em Fortaleza.
"Vejo que, atualmente, está um pouco pior o nosso cenário humorístico. Aumentou a quantidade de humoristas e diminuiu a quantidade de espaços cênicos. Isso é ruim para o público e para nós, profissionais do riso", reflete.
Para Gil, é necessário mais locais para shows, melhores cachês e possibilidade de divulgações.
"Antes, os nossos governos divulgavam mais humor cearense com campanha nacional, recepção no aeroporto, outdoor. Precisamos de capacitação, mais projetos que apoiem nossa classe, mais abertura nos teatros, enfim, a luta é grande", declara o intérprete do personagem Caboré.
Shows nos Cucas de Fortaleza
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